Page 32 - Revista da Armada
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ELEiÇÕES
NA ACADEMIA DE MARINHA
No dia 28 de Novembro findo . na bi-
blioteca do Museu de Marinha, realizou-
-~ uma scs~iio p1cmlria da Academia de
Marinha para eleição dos Corpos Gcren-
tes para o biénio de 1985/86.
Com a presença de muitos acadé mi-
cos, c depois de uma longa troca de im-
pressões sobre o assunto, foi resolvido,
por aclamação. manter em exercício os
actuais dirigentes, eleitos cm 24 de No-
vembro de 1983: presidente. prof. eng,O
Aranlese Oliveira; vice-presidente e pre-
sidente da Secção de Ciências, Artes e
Letras, contra-almirante ECN Rogério
de Oliveira; vice-presidente e presidente
da Secção de História Marftima, prof. dr.
Luís de Albuquerque; secretário-geral ,
capitão-tenente Gabriel Fialho; vice-se-
cretário-geral c secretário da mesma Sec-
ção, dr. Teodoro de Matos (eleito para
substituir o dr. Pimentcl Batata, recente-
mente falecido) , e vice-sccretário da Sec-
ção de Ciência. Artes e Letras. capitão-
-de-fragata António Cardoso.
Alguns membros da Academia, que
não puderam estar presentes. enviaram Prof. eng." Aranles e Oliveira. presidente da
cartas a delegar noutroso seu voto, Academia de Marinha.
o Hino
da Maria da Fonte
Verdadeiro slmbolo de elevação patriótica como cân- A rainha D. Maria II. senhora de carácter muito enér-
tico heróico popular, o hino da Maria da Fonte apareceu gico, viu nesta revolta uma afronta ao poder régio, eCos-
logo após a queda do governo despótico de Costa Ca- ta Cabral aproveitou para fazer uma repressão à sua
bral, em 1846, inspirado nos desentendimentos caseiros moda. Enviou uma força militar para repãr a ordem na
dessa época, nomeadamente na revolução conhecida Fonle da Arcada, mas as aguerridas mulheres do local
pelo mesmo nome, deflagrada em Abril do mesmo ano. armaram grande tumulto, gritando frases contra .. a ingle·
Começou por um motim de mulheres do termo de sa .. , como era apelidada a rainha, e dando morras a Cos-
Vieira do Minho, chefiadas por uma moça conhecida pela ta Cabral. Houve grossa pancadaria, ficando a tropa con-
Maria da Fonte (Maria Lulsa Balado), por ser natural da fundida por não haver homens na contenda. Estes fica-
freguesia da Fonle da Arcada. ram à porta das suas casas ou a espreitar pelos posti-
O motivo foram as chamadas leis da saúde, que mui- gos ... Em suma, a soldadesca não queria bater em mu-
to acertadamente proibiam que se enterrassem os mor- lheres, e o meirinho foi empurrado de encontro a uma
tos nas igrejas, como era costume. Talvez incitadas por nora e teria caído ao poço se não se tivesse agarrado aos
alguém que não via a medida com bons olhos, as mulhe- alcatruzes. Apesar do pároco aconselhar calma e que
res minhotas da aldeia de Santo André dos Frades, no serenassem os ânimos. as mulheres levaram os solda·
dia 19 de Março, armadas de chuças, foices. ancinhos dos na sua frente até fora da aldeia, caminhando à frente
e gadanhas, obrigaram o pároco a sepultar na igreja local a mais aguerrida delas todas, a Maria da Fonte, de pista-
uma mulher falecida na véspera. O caso repeliu-se, o lasàcinta.
que levou o adminislrador da Póvoa de Lanhoso a man- Este incidente levantado pelas mulheres do Minho
dar prender três mulheres que, aliás, foram soltas no ca- depressa foi ultrapassado, surgindo a muito esperadare-
minho por outras, pondo em fuga os agentes da ordem. volta contra Costa Cabral em todo o país. O Cabralismo
Em Vieira, as mulheres assaltaram a Administração, dei- acabou, finalmente, dando a vez ao chamado periodo da
tando fogo aos arquivos. A rebelião alastrou a lodo o Mi- Regeneração.
nho e a Trás-as-Montes. Como era de esperar. a revolta teve logo música mar·
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