Page 401 - Revista da Armada
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I  Nota de Abertura







            o MIS11RIO DO NAVIO DE MOGNO



                        Quem descobriu





                                  a Austrália?






                   nosso  colaborador  e  amigo  capitão-   dade,  e  que,  a  ser localizado e  identificado,
                   -de-fragata Leiria Pinto é  um apaixo-   poderá esclarecer o  que se conhece sobre a
            O  nado radioamador e, como tal, tem vá-        controversa descoberta da Austrália. Actual-
            rios  conhecimentos com confrades espalha-      mente um grupo de técnicos do serviço de le-
            dos pelos cinco continentes. Foi assim que,     vantamentos  topográficos  do  Exército  aus-
            um dia. lhe apareceu uma vaz vinda dos antí-    traliano, tenta descobrir o casco do navio, ser-
            podas, mais exactamente da Austrália. Trata-    vindo-se de aparelhagem sofisticada.
            ·se de Bob Eckersley. filho de pai inglês, nas-     Num livro de Kenneth McIntyre- ((Portu-
            cido no Porto, que na adolescência foi para o   guese  Venture  200  Years  Before  Captain
            Brasil, depois para Inglaterra, onde se alistou   Cookll -, o  autor, 'depois de aturados estu-
            na Royal Air Force como piloto de helicóptero.   dos, põe a hipótese de, em 1522, uma armada
            Esteve na Malásia, aquando da guerrilha con-    de três caravelas portuguesas, sob o coman-
            tra a soberania britânica, e mais tarde na Tan-  do de Cristóvão de Mendonça, ter feito o le-
            zânia, servindo em bases aéreas do seu país.    vantamento de uma parte da costa E da Aus-
            Finalmente. já na reserva, radicou-se na Aus-   trália, que abandonou por ter dado à costa um
            trália,  continuando  a  pilotar  helicópteros,   dos navios, perto do local onde é hoje a cidade
            agora no serviço de prevenção de incêndios.     de WarmambooL
            Tem família em Portugal. Tudo isto conta ele        O secretário do já referido Committee, MI.
            numa carta que escreveu ao comandante Lei-      Peter  Ronald,  afirma  haver forte  evidência
            ria Pinto, à qual juntou um exemplar do jornal   Illstórica de existirem por ali restos de um na-
            «Daily  Telegraphll,  de  21-9-85,  que  insere   vio  naufragado,  baseando-se nos  seguintes
            uma reportagem de Mi.k.e Safe, que tem muito    indícios:
            interesse para nós, portugueses.                    •  Ter sido  visto  um  casco muito  velho
               Ali se afirma existir na Austrália uma as-          pelo explorador Hovell, em 1844, e  por
            sociação de cerca de 60 pessoas - Wannam-             várias pessoas mais, depois, inclusiva-
            bool Mahqgany 5hip Committee -       que vai           mente o  governador de Vitória,  Char-
            reunir em simpósio, pela segunda vez, sob a           les Joseph La Trobe, quando explorava
            presidência do ministro Federal da Ciência,           a  região a  cavalo. Admite-se que, com
            Barry  Jones,  na  cidade  satélite  de  Vitória,     a vinda de gado da Europa este tenha
            Warmambool, para continuar os estudos so-             comido  toda a  vegetação rasteira da
            bre o misterioso navio de mogno (Mahogany             zona e o casco tenha sido coberto pelas
            Ship).  Entre este simpósio e  o  primeiro,  em       areias deslocadas pelo vento.
            1980, vários especialistas- arqueólogos, his-       •  Outro factor importante a considerar é
            toriadores maritimos, geólogos, matemáticos           a  existência do mapa Dauphin (1536),
            e botânicos - estiveram envolvidos em estu-           de parte da costa E da Austrália, edita-
            dos sobre esse navio, que se presume estar            do pela Escola de Cartografia de Diep-
            enterrado na areia, a  15 metros de profundi-                                  (Continua napâg. 4)


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