Page 402 - Revista da Armada
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NOTA DE ABERTURA (continuação)
Quem descobriu a Austrália?
pe, que, segundo Alexander Dalrym-
pIe, pode ter sido baseado numa carta
portuguesa, afirmaJ;ldo ainda ser pro-
vável que James Cook a conhecesse e
a tenha utilizado na sua descoberta da
Austrália.
Mas há mais. La Trobe, antes de ser gover-
nador, interessado em negócios de cimentos,
chegou um dia a Geelong, grande produtora
desse material e soube que, durante traba-
lhos de escavações, remoção de lodo e areias,
tinham sido encontradas cinco chaves. enter-
radas ali há vários séculos, que pareciam ter
pertencido a qualquer navio português, pois
eram do tipo que eles usavam. Todas elas de- OCCANCI 1N/l/cO
sapareceram, mas o facto de terem sido acha-
das não é sequer posto em dúvida, sabendo- Mapa da Austl"ália. Assinalados os locais referidos neSH~
artigo_
-se até o destino que teve cada uma delas.
Podemos ainda citar que, por informação
do radioamador Eckersley, em 1629 dois na-
vios da Companhia das Índias Orientais, de
N. R. - Pelo «Livro das Armadas" verificámos que Cristó-
passagem para Batávia (Jacarta) naufraga- vão de Mendonça partiu de Lisboa para a india, comandando
ram nuns recifes que têm o nome de Abro- a nau «Graça", em 23deAbrilde 1519, integrado numa armada
lhos. Ora sendo abrolhos uma palavra portu- de 14 valas, daque era capitão-mor Jorgede Albuquerque. Em
1527, partiu outra armada de 5 naus, levando como capitão-
guesa, pergunta-se: quem lhe teria posto o -mor Manuel de Lacerda, sendoeJecomandanta da nau "S. Tia-
nome? Situam-se a 60 quilómetros da costa go •. Entre estas duas datas nada conseguimos apurar sobre as
ocidental, a norte de Perth, perto da cidade de actividades náuticas daste navegador. Segundo McIntyre, te-
ria comandado, em 1521, uma expediçâo de 3 caravelas que,
Geraldton. de Lisboa teriam viajado para E chegando ao mar da Arafura
O que é preciso agora para clarificar a si- e dobrado ocabo Yorh, rumando para sul, ao longo da costa da
tuação, diz Peter Ronald, é encontrar uma Austrália.
- Em 1981 esteva na «Revista da Armada" Victor Mar-
peça de madeira para, estudada e averiguada ques, ex-marinheiro, emigrsnte na Austrália, presidente da
a sua idade e a sua origem, se poder afirmar Associação Portuguesa de Vitória, que nos falou deste assun-
to, deixando-nos fotografias de uma romagem histórica da co-
ou negar que o casco do navio de mogno, en-
munidada portuguesa a Warmambool, am Janeiro desse ano,
terrado na areia, é ou não de uma caravela de jornada que teva grande (/Jeito e foi coberta pela televisâo aus-
Cristóvão de Mendonça. traliana. Realizou-se por ocasião, eapropásito, da inauguração
A confirmar-se o facto, a honra da desco- nessa cidade de um monum8n to - uma inscrição numa grande
pedra -quemarca o achado das chaves de Gselong, da inicia-
berta dessa grande ilha-continente, até agora tiva do Rotary Clube de Warrnambool,
atribuída ao holandês Willem Janz que, em - De acordo com a «História dos Descobrimentos., da Da-
mião Pares, a possibilidade das cartas da Escola de Dieppa te-
1606, fez um levantamento de 300 quilóme-
rem sido copiadas de cartas portuguesas não identificadas,
tros da costa, aliás convencido de que se tra- deve-se, segundo GagoCoutinhoe Armando Cortesão, à politi-
tava da Nova Guiné, passará a ser dos portu- ca de sigilo para não revelar à Espanha as descobertas dos por-
gueses. Aguardemos os resultados do segun- tugueses,
A descoberta da Austrália é atribulda aos portugueses,
do simpósio do Committee._. ou a continuação não só pelos dois referidos historiadores portuguases (Gago
das investigações_ Coutinho atribuía-a a Gomes de Sequeira e Armando Corta são
a Cristóvão de Mendonça). mas também por estrangeiros,
como o geógrafo francês Barbié du Bocage. Sobre o assunto
houve dilatada controvérsia entre aqueles dois historiadores.
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