Page 348 - Revista da Armada
P. 348
municações (SIC), semelhante ao já CONCLUSÕES pectos o natural desejo de perfeccio-
instalado na fragata «Comandante nismo (neste âmbito traduzido pela
Roberto Ivens» com excelentes re- Pelo que ficou dito poder-se-á ter última palavra) não se tenha podido
sultados. uma ideia dos navios que vamos ter. alcançar.
Da Noruega espera-se obter ma- Será todavia de salientar que Mas não se esqueça também
terial de apresto e embarcações, no com a entrada em serviço das novas que o salto tecnológico entre os equi-
montante estabelecido como contri- fragatas elas serão os navios de pamentos das «Comandante Joâo
buição daquele país aliado. combate de maior tonelagem que até Belo» eos desta classe é muito signi-
O sistema propulsor será consti- agora a Marinha teve. Serão, além ficativo, o que irá exigir a todos quan-
tuído por turbinas a gás General disso, os primeiros a dispor de heli- tos servem na Marinha um tremendo
Electric, de origem americana, e por cópteros embarcados. esforço de preparação e uma deter-
motores Diesel MTU, de origem ale- São navios de concepção moder- minação muito grande, a fazer em
mã. na obedecendo ao conceito de tempo útil.
Deve-se ainda mencionar a Grã- modularidade ou contentorização, Com a aquisição destas fragatas
-Bretanha e o Luxemburgo como como se prevê que terá a fragata o nosso dissuasor no mar terá o míni-
países contribuintes do programa. NATO dos anos 90. Tal permitirá a mo de credibilidade aceitável, o que •
Quanto ao primeiro, prevê-se que a fácil modernização de equipamen- torna o projecto importante sob o
oferta seja utilizada na compra de tos, armas e sensores. ponto de vista nacional. O facto de
helicópteros de origem britãnica; em Não se poderá esquecer que os muitas nações aliadas contribuírem
relação àquele último, é um caso nossos navios tiveram uma gestação para o projecto, sem minimizar o
de excepção de contribuição em di- morosa e acidentada, em conformi- grande esforço que cabe a Portugal,
nheiro. dade com as contribuições dos paí- constitui um salutar exemplo para a
Nota-se que conjuntamente com ses da NATO, o que tem alguns in- NATO pois constitui um dos raros
os equipamento~ são fornecidos os cbnvenientes. projectos envolvendo tantos países.
sobressalentes de bordo e de terra, Assim os navios que vamos ter O sistema modular muito ajudou o
os cursos para o pessoal de opera- não são os que teriam sido estuda- êxito deste empreendimento de de·
ções e manutenção, os serviços de dos pelos departamentos técnicos lesacomum.
assistência ao estaleiro na instala- da Marinha, mas sim aqueles que as
ção e no caso das armas algumas contribuições dos aliados permitiram H. Serpa de Vasconcelos,
mumções. que tivessemos; daí que nalguns as- vla/m .
••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Retrospectiva 9
em hoje a palavra, nes/a secção, o comarldallle Mi- bro de 1889, e com ela o nome que os aspirantes escolhe-
randa Gomes q14!<!, de lUIS papéis que pertellceram ram para dar ao navio. Seria «Viriato», por significar a
T ao almirante Rodrigues Bas/os. avô de SI/a mulher, origem da nossa nacionalidade.
redigiu o ;,lIereuanle apOlllamel/lQ que .~e segue. Em 22 de Dezembro do mesmo ano, reuniu-se na
Sociedade de Geografia de Lisboa o grupo de Sacavém ,
presidido pelo aspirante Avelino da Silva Monteiro.
Dessa sessão saiu a Comissão Inicial e que ficou assim
Talvez você não saiba que foi um grupo de aspirantes constituída: aspirantes Avelino Augusto da Silva Montei- •
ro, FI,ívio Moreira da Fonseca, Oliveira Leone, Filipe
de marinha da Escola Naval, dos que terminaram o curso I
em 1890, que promoveu a abertura de uma subscriçtio na- ! Carlos Dias de Carvalho , João de Freitas Ribeiro, Luís
donal destinada a angariar fundos para comprar um navio António de Magalhães Corrêa e Alfredo Pedreira Caça- ,
para a Armada Nacional. A ideia surgiu em Dezembro de , dor. A esta comissão ficou a presidira secretário da Socie-
1889, durante um exercício de remos, que realizaram , em dade de Geografia, Luciano Cordeiro.
ar de passeio, a Sacavém, e foi acolhida com entusiasmo' Toda a imprensa de então, como «O Século», «Diário
por todos os aspirantes e guardas-marinhas, especialmen- I de Notícias», «Jornal da Noite», «Repórter», etc., se
te pelos do mesmo curso. Guardas-marinhas e aspirantes. ' referiu, com muita simpatia. à ideia dos aspirantes de
todos se comprometeram a concorrer com um mês dos , marinha. incentivando-os a levar a sua ideia por diante.
seus vencimentos o que , para alguns, representava um O UllimG/um(*), que se vivia com fervor patriótico.
sacrifício.
O primeiro passo, depois da ida a Sacavém. foi dirigi- (-) Sabre o VlIi/,m/um dt' 1890. I,id" artigo sob eIll' /íwlo. da IlIIloria
o
doelllJ. ·m.· . SQUJ'/1 (If(·mh:s. ,1/) II." 156/S"I. 84 dI/nossa Rel·islIl.
rem-se aos jornais «O Século» c ,d omai da Noite», que Como é .wbillo. /I Ultima/um (1/-/-/890) foi procedido. l'lII '8 dl'
publicaram a notícia nos seus números de 20 de Dezem- Dt';.'mhro II .. /889. dr "m/ll/um ,'111 flll" o GOI·t'fIIO bri/âllico declllflll'll
22