Page 141 - Revista da Armada
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Depois.. Bom , para mim a história do lendário
patrão termina aqui . Funerais de grande pompa - em
que intervieram altas personalidades, navios e forças da
Armada e muito povo - levaram-no para jazigo cedido
por famíl ia amiga, no cemitério dos Prazeres. Mais tarde
foram os seus restos mortais trasladados para o cemitério
de Oeiras, onde repousam num mausoléu ornamentado
com motivos náuticos.
Quantas vidas salvou o patrão Joaquim Lopes, nos 64
anos de lutas com o mar? Segundo disse um dia, até 3()()
ainda contei, mas âepois não fiz caso da contagem.' E
quantos navios socorreu? Segundo apurou alguém, só no
período de dezassete anos compreendidos entre 1858 e
1875 foram mais de50!
De realçar que o patrão Lopes foi a «boa cepa» de uma
descendência digna dele. Dos sete fi lhos que teve, três se-
guiram-lhe as pisadas como tripulantes da fal ua do Bugio
e do salva-vidas, salientando-se o Quirino AntÓnio Lopes
que foi palrão de ambas e foi continuador da obra do pai,
conquistando, além do colar da Torre e Espada, muitas
medalhas de ouro e prata, nacionais e estrangeiras, como
recompensa de actos de heroísmo que praticou no salva-
mento de náufragos. Quando morreu .. o patrão Lopes ti-
nha a rodeá-lo 5 filhos, 30 netos e 35 bisnetos. Destes, al-
guns foram também remadores e patrões do salva-vidas
da barra do Tejo.
Muito haveria ainda a dizer deste «homem que venceu III1:EIIlIT
o mar». Imaginem-no os leitores, nadando em mar altero- PAIlMAlqmJI LOnS
so, numa batalha desigual com a fúria das vagas, um au- E 1111'4.
têntico gigante e "herói do mar». Que grande filme se fa-
ria sobre esta abnegada figura de lobo-da-mar! UIlIIlEIIIlO
Existem dois monumentos em sua memória: um em IIIDIIIIIIIIIII
Paço d'Arcos, onde se celebrizou, oulro em Olhão, sua l1li10111 DI 'EIIII
terra natal. -
O primeiro consiste num busto de bronze sobre um
pedestal de pedra, contendo as seguintes inscrições, na
parte da frente , de cima para baixo:
Ganhou (que os lraz ao peito) hábitos e medalhas !
! Nunca matando irmãos, mas a rasgar mortalhas. Tho-
nlllZ Ribeiro.
Ao benemérito ! Patrão Joaquim Lopes I e aos que com
abnegação / o acompanharam !lIas horas de perigo.
Este monumento foi colocado no seu local definitivo
pela Junta de Freguesia de Paço de Arcos em /964.
Na retaguarda , lê-se:
Os seus admiradores e amigos I por subscrição pública. o monrmremo ao patrãoloaqrlim Lopes. em Paçod'Arcos. (FOIo «RA »
/927. - Rui Sal/a).
O segundo, é um conjunlo arquitectónico enquadran-
do o mesmo busto, sobre peanha de pedra , de forma de
cone invertido, tendo na parede, que lhe serve de fundo ,
as legendas:
Patrão I Joaquim Lopes! Filho de Olhão I G16ria de
Portugal I Benemérito da Humanidade I Homenagem do
Povo de Olhão / Outubro de /967.
Ganhou (que os Iraz ao peilo) hábitos e medalhas I
NUllca m(l/alldo irmãos, mas fi rasgar mortalhas. TllOmaz
Ribeiro.
M. do Vale, Bibliografia: ,,0 Homem que Venceu o Mar~ . de An/ero Nobff'. t'
c/alm. " Mol16logo tlo PamioJoaquim Lopes~ . de Oliva da Ma/a Ar/ur .
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