Page 228 - Revista da Armada
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que é o verdadeiro produtor da radiação. A energia Ao incidir nos tecidos provoca a libertação de ca-
necessária para excitar este meio activo chama-se lor; este pode ser tão intenso que leve à destruição
campo indutor (é geralmente a energia elêctrica ou dos tecidos doentes, ou ser suficientemente suave
a óptica). Nas extremidades do cilindro que contém para produzir apenas um processo inflamatório; aoci-
o meio activo há dois espelhos, um de reflexão total catmarem as lesões levarão à produção de zonas de
e outro de reflexão parcial; chama-se sistema de res- fibrose, que fixarão e farão aderir os tecidos entre si
sonância. impedindo a sua separação (é o caso da aplicação do
A excitação progressiva do meio activo pelo cam- laser nas rasgaduras da retina impedindo que se ca-
po indutor vai levar à produção por aquele, e também minhe para a separação, para o deslocamento da reti-
de forma progressiva, de radiação laser, radiação na).
essa que se vai reflectindo sucessivamente nos dois De acordo com a luz emitida assim esta será ab-
espelhos e aumentando de intensidade a cada per- sorvida e detida preferencialmente por um ou outro
curso, pois que ela própria vai estimulando a emissão tecido; a luz azul-verde do laser de árgon, o mais di-
de mais luz a cada passagem pelo meio activo. Quan- vulgado, é absorvida sobretudo pela hemoglobina do
do a intensidade luminosa no interior do cilindro onde sangue e por um pigmento a que se chama melanina,
se encontra o meio activo ultrapassa a barreira do es- além de outras estrutuIas. Assim é muito boa para
pelho semi-reflector, a que se chama óptica de saída, tratar tecidos com muitos vasos sanguineos ou muito
este permite a passagem do impulso de radiação pigmentados. Mas se quisermos actuar em tecidos
sob a forma de luz laser, com as características atrás muito pigmentados e muito vascularizados e não le-
descritas. sar os vasos sanguíneos, já o azul-verde não servirá.
Há lasers de impulso como o que acabámos de Teremos que seleccionar outra COI, mais para o tom
descrever, e lasers continuos, em que a produção lu- do vermelho.
minosa é continua. E há luz laser de várias cores, de Neste sentido têm vindo a ser desenvolvidos la-
acordo com o meio activo que dá orígem à emissão lu- sers produtores de luz de várias cores recorrendo a di-
minosa. ferentes meios activos; assim, para cada cor a utilizar
A radiação laser tem actualmente as mais varia- será necessário um laser com um meio activo diferen-
te, evidentemente que com as dificuldades inerentes
das utilizações, e que estão sempre a aumentar: são
as aplicações industriais (soldaduras, por exemplo), à aquisição, conservação e manutenção de vários
aparelhos de luz laser.
as telecomunicações, a fotografia em relevo (hologra-
O laser existente agora no Hospital da Marinha é
fia), os discos compactos e os videodiscos, as aplica-
ções nas forças armadas e a utilização médica; é aqui, um laser mais recente, que recorre à utilização de um
sobretudo as aplicações oftalmológicas, que agora corante (dye), para a obtenção de vários comprimen-
nos interesse particularmente. tos de onda, e em que o meio de indução é a própria
Em oftalmologia o laser é usado para tratamentos luz do laser de árgon. Consegue-se assim obter uma
que anteriormente não era possivel fazer, e também, variação contínua de COI da luz laser entre o amarelo
e o vermelho, além do azul-verde habituais, alargan-
em muitos casos, em substituição da cirurgia clássi-
do muito as pOSSibilidades terapêuticas e com a con-
ca. Sendo o laser uma radiação luminosa, atravessa-
rá, sem as lesar, as estruturas transparentes, permi- servação e manutenção de apenas um aparelho.
tindo assim chegar facilmente aos tecidos mais pro- Carlos Trincão,
fundos do globo ocular. cap.·f~ag. MN
Dia da Unidade no G1EA
Grupo n.o 1 de Escolas da Armada (G1EA) que, um contingente de marinheiros; recepção na Câmara
como é sabido, está sediado em Vila Franca Municipal; inauguraçâo do quartel da Base Naval, insta-
de
O Xira, escolheu para Dia da Unidade o 10 de lado na Quinta das Torres; concerto pela Banda de
Maio. E porquê? Marinheiros, na Avenida 11 de Maio; serão nos Paços
A Marinha, com bem ponderadas razões, resolveu, do Concelho em honra da oficialidade çja esquadrilha.
no já longfnquo ano de 1924, instalar uma flotilha de toro Aqui nasceram as relações de amizade entre a Mari·
pedeiros em plena lezlria ribatejana, numa quinta situa- nha e as gentes de Vila Franca, amizade que os tempos
da na margem norte do Tejo, em Vila Franca de Xira. têm cimentado e que se pode traduzir na maneira familiar
Desta fase, é curioso registar para a posteridade que como se designam mutuamente: para os vilafranquen-
o programa de recepção aos navios, no dia 28 de Setem- ses, o Grupo é apenas a Marinha; para o Grupo, Vila
bro de 1925, inclula: visita da Câmara Municipal e autori- Franca de Xira é apenas Vila Franca.
dades a bordo do cruzador «Carvalho Araújo» que devia Com o rodar dos anos e pela necessidade de adaptar
conduzir o Presidente da República; desembarque de o pessoal da Armada às novas técnicas que os navios
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