Page 233 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (v)




         MARSELHA/NICE  (Dezembro de  1451 )                 combate que terminou pela derrota completa dos atacan-
                                                             tes.  Uma das suas naus foi  incendiada, outra afundad ..  e
               o Outono de  1451, ordenou el-rei D . Afonso  V  a   a  lerceim capturada , ao  mesmo te mpo que  as duas galés
               organização duma imponente armada destinada a   se punham em fuga.
         Nconduzir a  Itália  sua irmã, a  princesa D .  Leonor   Entrando vitoriosa em Marselha, a armada portugue-
         que havia casado com o imperador da Alemanha Frederi-  sa  foi  muito  bem  recebida  pelas autoridades locais que
         co III.                                             não poderiam ter deixado de ficar satisfeitas com a dcrro-
            Compunha-se a armada de duas grandes naus de guer-  ta sofrida pelos piratas.
         ra,  cinco  mais pequenas e duas caravelas, além de duas   A  12 dc  Dezembro. dcpois de reabastecidos de agua-
         naus de carga que fizeram  a viagem separadamente. As   da e frescos, os navios portuguescs fizeram-se de novo ao
         guarnições dos  navios  da  armada  totalizavam  cerca  de   mar.
         três  mil  homens. entre  soldados e  marinheiros, além de   Scgundo os «Annaes da Marinha Portugueza» do al-
         numerosos  fidalgos da  mais alta linhagem.  Para coman-  mir .. nte Costa Quintela, que nos serviram de basc para a
         dante da  frota  foi escolhido o  marquês  de  Valença  com   elaboração deste  relato, o  marquês de  Valença teria sido
         o título de capitão-general-de-mar-c-terra.         avisado em Marselha dc que, num pequeno porto próxi-
            Saiu  a  armada  do  Tejo  a  12  de  Novembro,  depois   mo de Nice, o utros piratas se estavam  preparando  para
         duma sumptuosa despedida. chegando a Ceuta a 22, o nde   atacar a sua armada e quc, para prevenir esse ataque, tc-
         se  deteve  durante uma semana  para  que os passageiros   ria tomado a decisão de os ir combater.
         pudessem recuperar dos incómodos do enjoo. A 29, saiu   Esta versão parece-nos, no entanto. pouco verosímil,
         de Ceuta, prosseguindo a sua viagem. Depois de ter pas-  uma vez que, dada a sua força , a a rmada portuguesa nada
         sado o  golfo de  Leão,  ventos contrários obrigaram-na a   teria a recear dum ataque dos piratas, não se justificando,
         arribara Marselha.                                  consequentemente,  qualquer  acção  preventiva  contra
            Já "'IS  proximidades dcstc porto, encontrando-se os   eles o que, aliás, obrigaria  a desviar um  pouco a <:rmada
         navios bastante afastados  uns  dos outros,  foi  a  armada   do seu caminho. O que se nos afigura mais provável é que
         atacada por três  naus e  duas galés de piratas, provave l-  as autoridades de Marselha , em  face do poder da  nossa
         mente desconhecedores da sua força.                 armada  e  da  vitória  que  alcançara,  tivessem  pct:ido  ao
            O marquês de Valença mandou imediatamente içar os   marquês de Valença  para ir destruir um ninho dos mcs-
         sinais convenientes para reunir os seus navios e, quando   mos piratas que vencera , ou de outros, que sabiam existir
         os piratas chegaram à distância de tiro de canhão, já tinha   num pequeno porto próximo de Nice e  que o  marquês.
         a sua armada toda junta. Seguiu-se um curto mas violento   por uma questão de prestígio do seu rei tivesse acedido.


                        COMBATES DE MARSELHA E  NICE - 1451

                                                                                    otNOVA
                                                                             .. ~. ~,
                                                                          ,
                                                                NICE    •                       >


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                               GOLFO DE LEÃO       \.
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                                                                              !  CÓRSF.:GA ~          •
                                                     \      VCnIOlo «HIlri..-
                                                      ,,';. P  obnllm urmada
                                                            alrrib<or a .l.brscll1a



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                                                                               SARDENHA            m,"


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