Page 116 - Revista da Armada
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Ciências
Artes e Letras
Artur Botelho - poeta 1883/1940
Pelo ex-mar. TA . F. Silva Vaz
"Por isso creio qUi! a literatura I/ossa
cOII/emparaMo poJe feficifOr-se por
confOr. 1/0 seu OIlClOr, com 11m auspicioso
ta/~nto a "lOis, de quem legilimamt'nle
ha a ~sperar 14111 [~cwl(lo e meritorio [I/turo ...
Porto. /3-/1-914
losl Pereira de Sampaio (Brllno)
rtur Pereira BOIclho de Araújo nBS- mas el. que abre com uln hino à p:1trin, fre-
ceu cm 1883. na aldeia de Alvitcs. mente do desejo de ver Portugal sempre a
A freguesia de Mouços (I), concelho de ocupar. 1\0 conjunlO das nações. o lugar que
Vila Real, filho de António Botelho e de lhe compete devido 110 papel que desempe-
Maria Adelaide Pereira de Araújo. nhou nos Descobrimenlos ...
Foi sua mãe que lhe ensioou as primeiras Foi com a publicaçiio do seu magnifico
letras c como se socorreu de Camões. incutiu drama heróico "O Mar Tenebroso_ (5) que
no filho uma tão grande admiração pelo épico Artur Botelho teve: II primeira polémica lite-
e. simultaneamente, pela Pátria, que o dei- rária: com o juri que nem sequer uma sim-
xou profundamente marcado para toda a vida. ples menção honrosa lhe conferiu.
Na dedicatória do seu drama heróico,
Camões (2). ele deixa bem vincado o quanto «Magooflo com o desprê.so a que o juri
foi influenciado pela progenitora. qU:lndO o \'OIou, rulo lhe [mendo o mais ligtiro
afinna: referincia, lembrou-se de tirar um des-
forço. oponralUlo os erros que ennoJoam
-Deslt:-me um dia, Ó mde. sI/a epopeia as páginas dos famosos dramas 'O Du-
o fHHIU Anur Bolel/rQ f/()IO dQ Sen'ifo de que de Viseu '. de flel/rique Lopes fie
flinda Docum~lIIuçdo do .Dldrio d .. N(}Ildas .. ).
Que me l'eio inundar de cândido pra;,er, Mendonça. ~ '0 '''fome de Sagres'. fie
Eu era fHquMino t' soletram ainda Desde descarregador de barcaças 1\0 pono de laime Cortesdo. fazeI/do o mesmo (I
Lisboa. sargento 1\0 Exército. mineiro no alguns "enos que conheço de Actlcio d~
Mas de ramo a olhar "da aprendi a ler.
Depois que" decorei Iml 2.ftastS dil'ilros, Alentejo. carregador na CP e chefe de SCl,:- Pah'U, por ser~m os úllicos poetas q/lt
E que pude selllír-lhe os eSlos de beleza. çiio dos Serviços de Exploração na mesma fizeram parte do juri. O poeta que ~fts
empresa. no Porto, ele de tudo fez (l). t/ltdo cOI/denoram \'{li também cOlldefUl-
A milr/Ia I'OZ ergueu e murmurou seus
{lrinos Mas se o seu cérebro comandava as mãos, -los agora .•
o seu coração comandava os punhos. pondo-
Como oroç()es ideais a fOila Q natureza."
-os em actividade, bem sentida por quantos Foi com estas palavras que Anur Botelho
lhe faltavam ao respeito. Passou à história, praticamente iniciou a crítica que incluiu em
t:: difícil relatar todos os passos da sua entre os seus amigos. um SOCO seu dado a um -O Mar Tenebroso_ e que não cabe aqui.
vida. impregnada de muitas aventuras. contemporâneo que lhe fez uma malandrice neste momento. trlllar como deveria ser. De
qualquer e fugiu ... Quando cerca de cinco qualquer forma ela fica registada pois con$-
estudo, trabalho e. principalmente. de
idealismo. anos depois se eruzou eom ele na Rua 31 de (') -Alma Lusiltll/{' •• 'lipogmfiu COSIU CUrte-
Quase formado pelo Instituto Superior de Janeiro, foi cair desemparado no pas&eio do golo Pono.
Comércio (faltou-lhe II cadeira de Matemá- lado oposto ... (') 1918. Umuiu Católicu Pon" .. ns~. Origi_
tica). ele desempenhou muitas profissões. Data de 1914 o seu primeiro livro de poe- nodo peJo ~t'W quefoi uMno mr /921 (7 d~
NQI't!mbro). nQ Teotro Nuciflrlul d .. Almâdu Gar-
(J) Dtue lempo I\U CP res/a um docwrMnlO re«. ~ aprtciudo por umjüri qu .. ~ro COttStiluldo
fi) 14 d/lJdu ~m cJocum~'''Qs do skwlo XIII. "'1{JQ/101r1~. m. pI..na ~nlrru/a /lU .. naçdo d~ S. lkn- por .. /I~nriqu" ÚJjHs ti .. M"ruJmlça. Juim~ Con~
{~m unl(J ~Ia rom/mica (N. a S." d~ Guadal"p~) lO: II ho", .. nllgem dos/uro"drim fi grarule tll'e/I - soo. Bt/t$ d~ Atldruile. Etluanfo FruzlJo. rnlll-
~ U Uf('O lum"lor do Abat/~ r~m(lo d~ Br;{Q. fim- /rim d~ Gllgo COUII/lho t Sacadura Cabral. MI dSCf/ dQS SaM/OS T(IIy,,~s. AuglUlO de Melo ~
dador da igr~ja mmri: (süu/o XV). /922. Sd() dd~ os duas Oilm'tlS heróicas primor/}- Ac6âo dt Puil'tl. EdU{If(Jo 8ffl<Ao. diriol/l(Jis l(mJ~
(l) 19/9. Limmu ChurdrrHl. d~ uI/o & Slll"~nle escrilas ~ gral'(/t/as numa an(slicu plucu /I Anur fJt)/~/1w qu .. ObCllldoMflra o júri pcr dÚ'er.
IrmiJI). Pono. d~ bron:~. glMâus com os se..s rol~gus.
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