Page 119 - Revista da Armada
P. 119
aproxima-se, chega, os croques já prol/-
lOS a arpoar o corpo do desgraçado que
todo.f I'êem, que prestes estão a lal/Ç(lr
a mão, gritaI/do: -Ânimo, ânimo, aqui
estamos.' - quando o rubart'1o surge
ail/da mnis I'eloz. aboca o llesgraçado
por lima perna e some-se lias profunde-
zas do mar, deixando à superficie um
sulco de sangue, e para não mais se I'er.
- Oh! desespero!
NIlo há frases, lião há palavras que
exprimllm bem a dor. o sentimento lriste,
a saudade desses bons ill/répidos que
correram em socorro do seu camarada,
I'endo-o tragado pela fera.
Regressou o escaler a bordo: pega-
-se lias /allws; iça-se, mas del'llgar, que
o desalento quebra as forças; lançal/do-
-se ainda um derradeiro olhar para sobre
o mar, crelldo ainda num milagre.
- Pega IIOS braços de sotavento!
Caça à proa! Leme de cncolltro! Ala
braços! Obras de I'ela grallde! Amura!
Caça!
E o pano mareou-se, como ames: e
o nal'io contilluOl~ a seguir lia SilO der-
rO/a, 11(10 ficando 1/0 mar vest(gio algum
desta triSle ceI/a.
Durall1e o reslO do dia pairou sobre
aquela guamiçdo lima IIUl'em de m·steza;
a marinhagem mostrou-se pesarosa e
calada; acudia as fainas de bordo, mas
I/OS rostos expremia-se li saudade pelo
compal/heiro, levado pelo mOl/stro
I'oraz.
Por isto é sempre com interesse que debate-se com ímpelo, mas logo, logo. asas, e mergulha com a sua )I(#ma,
o marinheiro procede a todos os artifi- /111m laçada engenhosa de cabo o em'OII'e sugando-lhe o sangue.
cias I/a caça do seu terrível inimigo, O pela cabeça, e socada o prende, de tal Simplesmente terríl'e/!
tubarão. maneira, que o animal é içado à borda Oh! sane do IImrinheim! Quem pode
Este bicho do mar tem talllo l/e voraz e metido dellfro do IIm·io por uns poucos contar com o dia de 1lIl1lmhil?
como de estúpido. Corpulento. vigoroso, de camaradas, no meio de muita risada,
grande boca amlada de agudos delltes: bons dilOS, e morro a paulada com
é impeli/aSo 110 ataque e teimoso 1/0 per- espeques, alm'ancas, e o que se apanha
seguiçt1o. à mão, porfiando todos em concorrerem
O marillheiro conhece-lhe os predi- para a desrntiçdo deste sej~ inimigo.
cados: prepara-lhe a isca com UIll Mas que vida se lhe IlOla! Jáfora de
pedaço de toucinho, em grande e forte água, abeno o I'ellfre. ainda sacode com
al/lol, habilmente disfarçai/o, anmrrado lal força que eslremece o navio; e o
em comprido cabo, o qual atira à água. coraçt1o, depois de retallllldo, ainda
por ocasião de calma, que é quando pupula lias I'ários bocados, como se es-
estes bichinhos se aproximam do 1IU1'io. tivesse imeiro.
O tubarão surge, avança, com a bar- Há mais feras 1/0 mar. O mero. a
batana dorsal, a galha, fora de água; jamama, são também terrfveis inimigos.
parece que o olfacto e li l'isra silo nele O mero, mais curro mas mais \'olumoso,
muito aperfeiçoados; dá uma sapatada costuma encobrir-se com o casco do
na isca, gira em tomo de/a duas ou três 1I000io, junto à quilha, e esperar aí. muiro
vezes, afasta-se. tania de nOl'O, volta-se tempo. que alguém caia ao mar. É a
de ventre para cima: chegaI/O per/o, emboscada.
aboca-a e pILW-a para o flmdo; o mari- A jamanta, do feitio da arraia, mas
nheiro espreila-lhe os mOl'imemos, cede de grandes dimensões, segue lias águas (ln _Rel'Olufdl) d~ St!lPmbro_,
um pouco a linha, qua1ldo o animal do navio, e lança-se sobre o homem que por Carlos úopoldo dos $antos Di"is)
aboca o anlol, dá um forre estict10 e o cai ao mar. envoll'e,,,/o-Q completamente
anzol eram-se na boca; o tubarão com as enonnes barbatanas emfonlla de **********
9