Page 122 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (XIII)
CANANQR (17/19 de Março de lSOó) golfo de Cambaia e o cabo Comorim que ria, que estavam ao serviço do Samorim.
o vice-rei deu a seu filho D. Lourenço Por seu intermédio, soube D. Lourenço
epois de lerem panido para Por· de Almeida, apesar de ser ainda um que em Calicute se estava aprontando,
lugal sete naus carregadas com jovem de vinte e poucos anos. no maior segredo. uma grande annada.
Despeciarias, de que ia por capi- A armada que lhe foi entregue e cujas de mais de duzentos navios. para o ir
lão-mor Fernão Soares. levantou-se o tarefas principais eram bloquear Ca]j- combater. Enviou logo a galé a Cochim
problema do que fazer, durante a "mon- cute, dar caça às «naus de Meca .. e pro- com o italiano. não s6 para que este
ção_ seguinte, às naus de Vasco Gomes teger os navios de Cochim e Cananor pudesse negociar directamente com o
de Abreu e de João da Nova, ambos bem como. em caso de necessidade. vice-rei o regresso dos fundidores de
nomeados capitães-mores das duas socorrer as nossas fonalezas e feitorias. anilharia, como também para o infonnar
armadas que, segundo o regimento de compunha-se de três naus pequenas, de viva voz dos preparativos do
D. Francisco de Almeida, deviam sef cinco caravelas e uma galé. já que a Samorim.
organizadas na india. Por um lado. segunda galé ainda se encontrava em Em relação a estes, as únicas coisas
tratava-se de n8US muito grandes, de qua- Cochim a completar o seu armamento. que D. Francisco de Almeida pôde fazer
trocentos tonéis cada uma, cujo calado Desta arnlada, duas caravelas eram, foi concluir o annamento da galé que
não lhes permitia franquear a barra de nonnalmenle. mantidas diante de Cali- estava em Cochim e enviá-Ia o mais
Cochim; por oUlro lado. ao ler conheci- cute para impedir que ao seu pono che- depressa possível a D. Lourenço com a
mento do que acorUeccra com a armada gassem ou do seu porto panissem knllUS recomendação de que fosse combater
de António de Saldanha, D. Francisco de Meca ... Os outrOS navios andavam com a armada de Calicute logo que ela
terá chegado à conclusào de que não V3- geralmente juntos. comboiando as naus saísse para o mar e que não se esqueces-
lia a pena organizar uma armada para de Cananor e de Cochim e dando caça se do que lhe cumpria fazer como cris-
operar em permanência na boca do mar às «naus de Meca .. quando elas apa- tão, como ponuguês e como seu filho!
Vennelho antes de dispor ali duma base. reciam. Indo a dita galé ao largo de Calicute.
Por tudo isso, resolveu mandar Em fins de Fevereiro, estando acomeceu que nesse preciso momento
regressar as duas naus em questão a D. Lourenço de Almeida em Cananor. começou a fazer-se ao mar a armada do
Lisboa, carregadas com especiarias. foi procurado por um italiano. que vivia Samorim composta por mais de sessenta
dando a escolher aos seus capitães irem em Calicule fazendo-se passar por naus e para cima duma centena de paraus
nelas ou ficarem na fndia noutros navios. .. mouro ... e que vinha sondar os Ponu- e de zambucos. umas e outros muito bem
Optando ambos pelo regresso a Ponu- gueses sobre a possibilidade de anilhados e guarnecidos com muita gente
gal, ficou vago o cargo de capitão-mor perdoarem e !Ornarem a receber os dois de annas.
da annada destinada a operar entre o compatriotas seus, fundidores de anilha- Convirá dizer, em abono da verdade .
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