Page 123 - Revista da Armada
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que a grande maioria das naus que cons-
tituíam aquela armada eram pertença de
mercadores .. mouros .. que, se bem que CANANOR
estivessem interessados na destruição dos 1506
POrtugueses. estavam ainda mais interes-
sados em que as suas naus. repletas de
mercadorias preciosas, alcançassem em
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segurança os portos do Norte.
Logo que a nossa galé foi avistada, ,I " o T."" ., ." "
os paraus de Calicute deram-lhe caça. " ' ~ ., I
Ann.da de
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Mas ela. fazendo força de remos e apro- , I __ --"- _.
veitando bem o venlO, conseguiu
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escapar-lhes. Já pertO de Cananor, I I v~1IIO Naus de \.
encontrou as duas caravelas encarrega- " -- L-=c.J=~='=, _J' \
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das do bloqueio de Calicute que tinham
ido àquela cidade fazer aguada. E na '-.r-_r
companhia delas apressou-se a continuar
para norte a fim de avisar D. Lourenço
de Almeida da aproximação da armada
do $amorim.
Vinha este de Angediva. trazendo
consigo o bergantim destinado ao serviço
daquela fortaleza. quando se encontrou
com a galé e as duas caravelas. Posto ao
corrente dos movimentos da armnda de
Cnlicute, D. Lourenço reuniu imediata-
mente conselho no qual ficou assente
que. dada a esmagadora superioridade
numérica do inimigo. os navios portu- Q ,,, .... "' .. "
gueses se deveriam esforçar por evitar
as abordagens e limitar o combate a um
duelo de artilharia em que todas as
vantagens estavam do seu lado.
Na tarde do dia 17 de Março. nave-
gando a nossa armada ao largo de Cana-
nor. foi avistada a armada de Calicute
que avançava majestosamente. numa
massa compacta de velas, a certn distán-
cin da cOsta. Depois de invocado o
auxílio divino e de dada a absolvição
geral pelo capelão. os navios portugue-
ses, com as guarnições nos seus poStOS ,
de combate, avançaram contra o ,
inimigo.
Orçando o mais que pôde. D. Lou- "h
renço de Almeida colocou-se a barlaven-
to da annada de Calicute e, no momemo
oportuno, arribou sobre ela ao mesmo sendo mais visadas pela nossa artilharia naus. já muito avariadas e fazendo água,
tempo que. muito provavelmente. virava começaram a ter bastantes mortos e acabaram por encalhar. As restantes
em roda. por fonna a poder seguir ao feridos e a sofrer muitas avarias. tanto foram fundear mllis adiante. numa bafa,
mesmo rumo e à distância mais conve- no casco. como na mastreação. onde se amarraram todas umas às outras
niente para O tiro de artilharia. E. para fugir ao castigo que estavam para melhor se defenderem em caso de
Começando os canhões a trour de sofrendo. essas naus começaram pouco abordagem. Mas esta não teve lugar,
parte a parte, depressa se manifestou a a pouco a arribar pura aumentar a dis- Com o aproximar da noite. o vento caiu
superioridade dos Portugueses. neste tipo tãncia aos portugueses, o que as fazia completamente e a armada portuguesa
de combate. em relaçâo aos Malabares aproximar perigosamente da costa. foi obrigada também a fundear .
e -Mouros-. Além de terem navios muito Obviamente. as outras naus que estavam Durante esta primeira fase da bata-
mais resistentes e canhões mais poten- por estibordo delas ou que vinham na sua lha, os paraus e zambucos de Calicute
tes. tinham ainda, neste caso. o vemo a esteira eram também obrigadas a arribar. nâo cessaram de lançar sucessivos
seu favor o que reduzia o alcance dos O resultado disso, foi que toda a annada ataques contra os navios portugueses
pelouros e das flechas lançadas em abun- do Samorim. ao mesmo tempo que era sem. no entanto. conseguirem vencer a
dância pelo adversário. fust igada pelo fogo da nossa artilharia, barreira constitufda pelo fogo da nossa
As naus de Calicute que estavam ia sendo empurrada para a costa. Doze artilharia. Alguns foram afundados e
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