Page 157 - Revista da Armada
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De  . CABO  DA  BOA               a sorte ao Mar, em cimo de lima proncllll,   Meu  T~jo, que eu já 11110  w'a
         ESPERANÇA.  (1949)                somellle porque as  Indim  com'idal"Om!   l'Oi pra Id  de uma semana,
                                                                              com luas barcos d  I~/O,
                                                                              lUas  margens com  leus pr/dios
                     LARGADA
                                             HOJE NÃO CANTAS, MAR!            batidos de  Sol em  gl6ria,
         Ai a  riJo  rara. fugitiva.                                          rel'er-te foi ellCOlllfar-me,
         c~nn.tJ de  w'1lcu! ...           Hoje  lula  camas,  Mar!  nem  gritas:   como se andara  perdido
         NIJo melolem de E.qHranço! Qul'rQ é esta       /murmuras docemellle.   por becos de olmo estrangeiros,
         decislJo  nas palm'ras t! nos passos.   Quase,  de  tllo  bo.i.xinha  o  lUa  1'aZ,  "do
                                                                    ffalas.   Ai os Saiu/ades  qlle  ell  linha
         Navios.  I'udes  de  limos  11115  amarras.   Que bem le emendo,  Mar!   de  quamo és paro  mim,
                               larrancai                                      ribeiro de  Bemondim,
         do  cais de  meus uruidos!        (Oure:  p'ra cd da praia,  que soluços.   águas somas de  Camões,l,
         Em  mim  não haja agora nem  /1/11  gUfO   que chagas amiqulssimas,  que precn,   Nem  as saudades me cabem
         que nllo seja  ba/Illeira desfraldolltJ   que coraçlJes  l'OradOS  por espadas! ...   na  linha  /orta  do  I'USO.
         ou  velo de no\';o.                                                  PUI/esses vi-Ias I/OS  olhos,
                                           Ah.',  sempre,  sempre,  sempre,  como h4   meu  Tejo!,  com  que  It I'ejo ...
         Meus  mais longlnquos pensamentos.         /I'infe  mil anos  este Mundo
         meus sentimellto$  /lU/is  receosos,   a  gemer sobre mil leito de misérias! . . )   Pudésseis,  ágllas!,  notar
         sollem-st ao cloro Sol desta certeza.                                o lindo amor que  I'OS  tenho,
         Vinquem de Acçdo e Vida o or do Noiu.   Mar I'elhol,                 que IllJo lindo,  que I  lamanho
                                           que  hoje  apenas  murmuras  doce ...   porque jd nele 011(/0  Mar,
         Ao  Ml,,!. 00 Mar!,                                  fl/ocemente."  ,
         com  um 1HSO de ferro (/fado  aos pls.   qtte  maneiras  as  tllas,  1110  boas  e  tlJo
         o caddl'u j6 podre                                      /próprias,    CABO DA  BOA  ESPERANÇA
         de meus desónimos  ing16rios!     de  estar d  cabeceiro de  UIII  doellle!
                                                                              A  I'ela  rosgou·se  em fita.r,
         E  fll,  \'erdodeiro.  surja.                                        E  quallfO  00 mais, desde o casco
         sorrirulo o todo o  1'l20 desaire.                                   ati a poma dos mastros,
         Rasguem  I'elus.  os mastros t!Stilhacem.   NAUFRÁGIO                o fund()  do Mar  qu~ o  diga.
         quantos \'enlOS  ~·itrem.
                                           NlJo  era por mal..
         Verdadeiro por fim.  cd  I'OU.                                       Cd  por mim,  passei o  MOO,
                                           A  O/u/a  que  villha
         Nem  UI/I  mamemo só,                                                Cheg/tei aonde o Desti/lo
         forgo dos miJos  meu  leme de cu/na.   ",70  I'inllll  por mal,      desde sempre me cham(n"O.
                                                                              Se estou sem pinga de sOl/gue
                                           Mas "eio,  mas I'eio ...
         ~ Ah!,  conquistado  a  golpes  dI!                                  deJJQis  de lantos naufrdgios.
                                           E logo a  barquinho
                              (coragem!,                                      se arribei siJo  ou d<Jt!nle,
                                           partiu pelo meio,
         aM, ganho como prémio o que é bem meu                                se  fel/ho  os ossos partidos,
         por direitos  leg{timos de Moço!                                     é melhor nl10  pergumd-Io,
                                           Nem homens, nem velas,
                                           -: Quanto a  bordo ia,
                                                                              BasIO saber que cheguei
                                           com fi abalara,
             CARA VELA PERDIDA                                                e qlle i  de  fd  qlle  I'OS falo,
                                           morreu já sem  elll
         Nilo  sabe jd.  ~rdida caravela.
         ndo sabe a minha voz  o  que demO/um.   Mas,  se a ando  I~io,
                                           ndo  I'eio  por moi:               De  . 0  SEGREDO É AMAR.
         (Sud toh't'l.  seu  mmo alldar perdida ... )
                                           era iro'" llaquela
         Ainda bem. que assim IIlJO  chego mmca:
         a  virgem  ansiedade da partida   que chegou  d praia,                         ~PEIXE-RE'"
                                           que embala  barquinhos
         lhe ollimo a toda o hom o  1,,!lO  pando.
                                           de menillOS pobres,                  LtJ da  Mlle  lembrol'tl-s~ t'le sempre,  qut'
                                                                              era elo mumo a única amarra que linha em
         Chegar? P 'ra quê, se em descer (IS  w!las
                                           Os  meninos bri,rcam,              terra, o único lenço q/le lhe oce/lal'a (lo cais,
         e  era  baixar o ferro,  era porar? ..
        Antu errar,  inciente de que lodo   Nm'egom  em  b:Jrcos              QUOltdo  ()  .. sal'eiro,. de.scia  ati d  .. bilol', Id
        ficam  agora  as dguas ~rcorridas   feitos de cortiço,                eSIOI'O ela sempre o dar-lhe os carinhos que
         e  de que lado o  Mar por "o~'egor.   feitos  de jornal.             os camaradas, bons mas secos, nllo sabiam
                                           Quase d  mesma  hora,              dar-lhe,  Verdade seja que também lhes 11110
                                           IO/Ige,  os pais naufragam         seluio a falia: tinha o Mar,  O Mar I  que era
         Cora~~/a perdida,  minha  1'02:,
         eia!,  retumbo.  o ar de teus aeemos.'   sem  nenhuma ajuda.         a S/lO  Vida  e o seu Pai,  7inham·lhe nascido
         Pinto  com tuo  cor todos os  \~ntos!                               osdnltes num recanto do barco, os seus olhos
                                           Mas  Ilda  i  por mal..,           tinham-se-Ihe  f~ito  ~'f!rdes  de  olhar  as
         Rompe!.  vibra!, estrf'mece! - Ah minha
                                                                             ondas .. , Para os outros, aquelafoilla ingrata,
                                  11'Oz!,
         f'  MO  quebres o  ritmo,  e  ruJo  ;"tel/tn                        sem mulher e sem COnto de lareira a dar·lhe
        ~rguntor por que califas, porque COlllas.   De . ITINERÁRiO PARALELO.   seu  conforto  doce,  era  uma praga  que se
                                                                             cwnprio,  Por vezes,  blasfemamm da sorte
                                           (/967)                            que lhes dera D~us, aquele Deus que para
                                                                             eles cabia todo na medalhinha do peilO,  Mos
           ESTE CHElRO 00 l'o1AR ...
                                                  CANÇÃO DO  TEJO            "Peixe-Rei,.  ndo,  Amaw./  o  Mar como a  si
         Btt' cht'iro do Mar I  UIII  com'ite, ..                            pr6prio e arilhe dava dr I'ezes  IYJnlade  de
                                           Q/um não tem sOluJaues  t/IOS     pedir penifJo se t!TItemn-a o rt!17ltJlJa mais rijo.
         Pobrn Vascos  da  Gama,  que  df'ítal'am   ntlo i  homem nem é  nada!   Os outros que domlbsem estirados na areia,
                                                                                                           11
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