Page 165 - Revista da Armada
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                                                                              timo de Greenwich, lnglaremi.




        A  pedra  maQ11l1tica  referida  no  reno.  taJ
        como se anconU8 no Gabinete de Física da                             que  nos  dizem  dois  documentos,
         UniV6l'Sidade d9 C<limbnJ.                                          datados  um  de  1676  e  outro  de
                                                                             1706. Neste último, D.  Pedro n con·
        de pedra magnética com o peso de                                     cede a  este cartógrafo uma mercê
        quase  15 quilogramas  que servia                                    pelo facto de ter ensinado a sua ar·
        para  demonstração  e  estudo  do                                    te a dois indivíduos e onde se afu-
        magnetismo.  Referimo-nos  a  esta                                   ma que ele é  o "único sogeito que
        pedra porque, como as de cevar, se   Museu  Whipple  de  História  da   neste Reyno havia digo sabia fazer
        encontra montada num dispositivo   Ciência.                          Cartas de Marear e  mais Instrumen-
        próprio que faz dela uma das mais     De facto,  neste museu, que se   tos  para navegaçãoll (').
         belas peças do Gabinete mandado   situa  em  Cambridge,  Inglaterra,    Pobre país. Depois de termos ti-
         adquirir  pelo  marquês de Pombal   existe uma agulha que pertenceu à   do  excepcionais  cartógrafos  que
         para o Colégio dos Nobres, que foi   colecção particular do R.S. Whipple,   deixaram uma das mais valiosas be-
         fundado em Lisboa. A colecção que  e  que apresenta a  seguinte grava-  ranças do tempo das Descobertas,
         transitou, com este colégio, para a   ção: 44Joseph da Costa Miranda afez   no limiar dos anos 700 não existia
         Universidade de  Coimbra,  encon·  em Lisboa  Anno  171h. A  agulha   em Portugal mais do que um mes-
         tra-se à espera de um dia poder ser  está metida num  morteiro de ma-  tre  nesta  prestigiosa  actividade.
         condignamente exposta ao público,   deira  de  secçAo  quadrada (')  que   Foi para colmatar esta situação,
         constituindo assim  um  admirável  dispõe de duas janelas com retícu·   que se prolongou  por todo o  sécu·
         museu  que  os  portugueses  um  los  destinados  a  efectuar  marca·   lo, que em 1798 se constituiu a So-
         dia  visitarão  com  desmedido  ções. A  rosa colorida de 32 rumos   ciedade Real Marítima destinada a
         orgulho (I).                      tem  no  Norte  uma  flor-de-tis  e  é   reactivar no nosso país a produção
                                           decorada  no  ponto cardeal Leste.   de cartas e instrumentos náuticos,
                                              José da Costa Miranda, que foi   mas que teve vida efémera devido
         AGULHAS  DE MAREAR                cartógrafo, deixou-nos algumas car-  às invasões francesas e  à  transfe-
         PORTUGUESAS                       tas e, algumas delas encontram-se   rência do rei e  do  Governo para o
                                           nas colecções do Museu de  Mari-  Brasil.  Só no último quartel do sé-
            E, no que respeita a agulhas de  nha e da Biblioteca Central da Ma-  culo XIX,  depOis de terem surgido
         marear,  qual  é  a  mais antiga que  rinha. Como acontecia na época, os   a Comissão Permanente de Geogra·
         existe de fabrico português? Julgo  cartógrafos eram  normalmente fa-  fia e  a  Sociedade de Geografia,  se
         ser. a  menos que algum dos leito-  bricantes  de  instrumentos  náuti-  constitui em  1883  a  Comissão de
         res nos dê a  grande satisfação de  cos, Além das cartas reproduzidas   Cartografia, que foi a  perctusora da
         nos contrariar, a que se encontra no  na uPortugallae Monumenta Carto-  cartografia moderna no nosso país.
                                           graphicéUI  e  da  agulha  que  atrás          A.  Estácio dos ReJs,
            (')  Consu/re-se  R6mu/o  de  CarvJl/ho,   mencionámos, nada se conhece da                cap.·m.-g .
         .;Iisr6na do Gabmete de Fisica ds  Umver·   vida de Costa Miranda a  nAo  ser o
         sidBde de ColtnblBll, edi~o da BiblJor6C8 Ge-
         rai da UnlversidBde de CoImbra,  1978, uma                              (')  Reprodu:tido por Fredo de VIISCOIl'
         ve/Josa e Jmprescmdfvel obra para eswc'io-                           C'I!II108,  otAponUltnentos Sobr" José dtI Costll
         S06  dos  msuutnentos  cienrlficoB  em   M O  morteiro  rem  as  dimens6es  de   Muandv. m..Bo1etun Geral do Ultramano, Ju·
         Ponuge1                           228"228,, 100 mm                   lho/Agosto  de  1975,  pp  265  e  seguintes.
                                                                                                           19
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