Page 168 - Revista da Armada
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Batalhas e combates da Marinha portuguesa (XIV)



            OABUL  Gnvem o  de  1507)

                  a guerra, especialmente na guerra
                                                                               DAB UL - 1507
                  naval.  acontece.  por  vezes.
            N ganharem-se  ou  perderem-se
            batalhas sem se chegar a comooter. É um                          .
            desses  casos  que  passamos  a  relatar.
               Após  o  começo  da  .. monção..  de                          \
            1506. o Sabaio de Goa tinha posto cerco
            ~ fortaleza de Angediva durante quatro
            dias. Conseguiram os ponugueses repe-
            lir todos os assaJlos  mas  nâo  puderam
            evitar que  fossem  queimadas  três naus
            da armada de Pero de Anaia (que havia                                .
            largado de Lisboa depois da de D. Fran-
            cisco de Almeida) que rui estavam inver-
                                                                                   ..
            nando. provavelmente varadas na praia,                                 "  ...
            bem como o bcrgantim ao serviço da for-                                h'::,
            taleza.
               Sabedor  disto,  D.  Francisco  de
             Almeida  pôs em conselho a queslâo se                             CltAUL
             seria ou não de continuar a manter a for-
                                                                              \   OADU!.
             taleza de Angediva.  A opinião geral  foi
             que não.  uma  vez que s6  dava despesa                           V
             e  não  servia praticamente para  nada.  a
             panir do momento em que a amizade do                                  OOA                     (
             rei  de  Cochim  permitira  ao  vice-rei                              AI'óQEDtVA
             estabelecer-se  com  toda  a  segurança
             nesta  cidade.
               D.  Francisco  de  Almeida  ordenou
             então  a  seu  filho  que  fosse  com  a  sua
             armada  a  Angediva  e  desmantelasse  a
             fonaleza e que, ao mesmo tempo, desse                                       CANANOR
             protecção a algumas naus de Cochim que
             iam  para  Chaúl.
                Assim fez  D. Lourenço de Almeida.
             aproveitando  também  para.  durante  a
             viagem. ir dando caça às .naus de Meca-
             e de Calicute que encontrava pelo cami-
             nho.  Concluído  o  desmantelamenlo  da
             fortaleza  de  Angediva.  conlinuou  para
             none com as naus de Cochim que levava
             li.  sua  guarda.
                Ceno dia,  ao  fim  da tarde,  estando
             a armada de D. Lourenço fundenda perto
             de Oabul, vieram ter com ele uns "mou-
             ros. que  lhe disseram que estando den-
             tro do pono daquela cidade muitaS naus
             de Cochim e de Cananor. tinha ali  apa-  a opinião do conselho de capitães con-  conheciam a barra; que era imprudente
             recido uma armada de naus de Calícule.   fonne estipulava o regimento que seu pai   travar batalha no interior dum rio. donde
             ricamente  carregada.  cujo  capitão  se   lhe dera.  E.  na  manhã scguinle. reuniu   não seria fácil sair se alguma coisa cor-
             preparava para  as  tomar.  Por  isso  lhe  o  referido conselho.   resse mal; que o pedido de auxnio podia
             pediam encarecidamente que fosse des-  Regra geral,  as opiniões dos conse-  não passar dum embuste;  que a missão
             truir a armada de Calicule pois que, de  lhos  inclinam-se mais para a prudência   de que estavam  incumbidos era  de  dar
             outro modo. as naus de Cocllim c Cana-  do que para a ousodia.  Foi  o que acon-  protecção às naus que  iam em suo com-
             nor eSUlvam  perdidas.            teceu  neste caso.  Seis dos dez capitães   panhia e não às que estavam em Oabul:
                D.  Lourenço  de  Almeida  decidiu  foram de opinião COnlrária à de D.  lou-  etc., etc.
             togo ir dar combate às naus do Samorim  renço,  argumentando:  que  Dabul  era   Colocado  numa  posição  diffcit.
             mas não o quis fazer sem ouvir primeiro  uma  cidade  muito  fone;  que  nào   devido  à  sua  pouca  idade  e  ao lcor do

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