Page 81 - Revista da Armada
P. 81

o p~ü~ com o s~u bico comprido ~ comia-o   que, depois, dUTOme  o 1'00,  te I'mha o ape-  qualqu~r coisa paru  lel'Or  ao dellte.  Aq/lí,
       em  dois  t~mpas.                  Ilu e  me del'Ores pura te aguenlares.  Nilo.   pelo contrán'o,  nl10  tinhu  senOo  d~ estur à
          Ora, um dja &1 Leia abeirou-se da Sl/pU-  Eu irei a pj e lU,  110 ar,  1'()(Jlldo sobre mim,   superficie, bambolealldo-se sobre as olldas,
       fieir da  água.  Qurria agorrar uma libélula   Imlt'car-me-Ils  o  cC/millllo.   com  a  boca  uberlll,  para  que  II/lIhaes  (/e
       que fH!rseguia  111110  mosca,  a  qual, por SIUl   Para compret!/Uler este discurso,  estranho   oeqllellos peixes  se  enjio.sum 110  sua  boca
       I'a, procuram apan/lar um  mosqlli1O.   num /ffixe, é necessário sC/ber que nesse I~m­  ellorme. que eles tOlnal'OIll por uma cal'eroa
          Ce  Ganha desCl'u  como um relâmpago,   po lodos 05 pei'f~s rinll(JJf/ pés.  Tomblm Ba   man'lIlIa, atra~'is da q.wl iam parar directa-
       agarrou com o bico &  Leia ~ lel"(Ju-Q até ao   uia tinha dois pn;illltos prelOs, como os dos   //Ien/e  ao seu  eSI(j"liIgo.
       5l'U ninho. lá em ciltlO,  para COlllercom  1'(1-  IlUIrrecos,  ligados aos fluncos,  de  11m  latia   &  Leia,  àfulta (/e  l'S1(mulos, jll 11110  s~
       gar.  Uma  I'ez  110  /linho,  porém,  llisse:   e  de  OlllrO.  80  Leia  sen'ia-se  desles  pés   mOl'ia, deital'a-se trullsponar fH!las correll'
          - Agora \'OU  comer-te,  I/WS  ames disso   (quOlldo mIo tinha mula de  melhor pam fa-  les marillhas,  e,  COII/O  comia muito,  linha a
       diz-me  quem  és,  como  u  chamas  ~ O qu~  zer)  para passear sobr~ chllo finlle.   i/igesliJ.O  dijfcil.  Estal'a !it!mpre 11//1/1  esmdo
       fazes.  Doutro modo,  qll~ gosto  huw!ria em   CombifU/do.  Os dois p6t!m-se a caminho.   d~ torpor e de SOllolille/O.  Ellgordava.  A gor-
       COmU U/M coisa que 11110 se sabe o que ~? ..   Agi/, I'eloz,  infatigáv~/, Ba uia caminlra por   dura rel'l'stia-lhe lodo o corpo e COfIUIIlrol'Q-
                                          bosques, prados, campos, barreiras e mies.   -u sobretudo 110  cabeça,  que se tomara d~
                       •                  Ce Ganho, regulando no céu o s~u \'00 pelo   {acto num l'fOrdalleiro e al/tinrico depósito de
                                          passo de Ba uia, indica-/lle o iNTeIlNO.  Cu-  bolllla.  Esta gordllra pellelral'Q-lhe ao clre-
                                          III/Ilhando e \'OOIWO,  l'OOndo t!  camillhundo.   bro: &  Leia ti/llw cOlllimuuwmell/1' llor~s de
          Ba  Leia  respondeu  com  a  l'ioléncia  do
                                          Ce  Gallho e lJa  Leiu ch~garalll jinalll1eme a   cabeçu.  Emre o SOI/Q  f' a digestl10 ,,110 1'0111-
       desespuo!
                                          um promolltório I'Imlejame, que se esttmdit,   preelldia jd mula.
          -  Chall/O-III~ na Leia.  Profissilo: mona
                                          IIU/no  superftcie  infil/da  de  água  azul:  o   Por fim,  assustaila,  lJa Leia rellllill para
       de fome.  Quem sou? O fH!i.xe  mais desgra-
                                          oceano.                           consulta quOlro famosos dOll/ores: EII Guia,
       çado do mllndo.
                                            0501 resplal/decia sobre eSI~ mar calmo   La GaSta,  Peixe-POmbo e  Tanu  Ruga.
          Ce  Ganha  inquiriu:
                                          ~ deslumbrame.  MilhMS de oru/inhas capri-  Ap6s 11m  aprofimdado exame, os douto-
          - E parque és o peixe mais desgraçado
                                          chosas cilltilOl'Om sob o sol.  Ce  Gollhil,  1'11-  res ell/ill'ram o segl/ime diagll6stico: .. 8o Leia
       110  mUlldo?
                                          tifo,  pousou  sobre  I/ma  án'Ore  e  disse:   sofre de obesidade.  Toma-se nl'Cessllria ImUI
          lJa  Leia  respallf/eu:
                                            -  Chegámos.  Esu  é  o  lago  chill1wilQ   cura de e/MgrecimeIllQ, dllS IIUlis enügicas.
          - Porque nosci ~ cresci nesu mesquinho
                                          lnor.  Mergulha  ~ qll~ le faça bom prO\·t!;IO.   Acollselhamos, por isso,  Bo.  Leiu a comu o
       lugozito,  neste lumeiro.  Nilo I·i a ml/lldo,fi-
                                          Eu passarei,  em  1'00, i/UUS  I'l'l.es cada milt-  II/ais que pudt!r-. Algl/ém se ill/errogard co-
       quei umtillada  fH!lu  pequellez..  E agoro  III
                                          nio, sobre esu promontório. Se ti\'l'Tes algl/-  rno j  que os dOUlor~s se cOlltradi:Jam desla
       comes·OU',  ebomprtJl~i/o. Quem é mais du-
       graçado do que ~u?                 ma coisa paro dizer, coloca'le aqui. lia IIUlr,   fonna.  Pois bem, sOo coisas que aCOrl/l'Cem.
                                          ~ eu  recollhecer-u-ei imediatamente.  E fa-  Ba  uiu. por fim,  começou a  I~r SUllda·
          Ce Gallhaficou impressiollada com a sill-
       ceriflm/e  ila  dor  da  Ba  Leia.  E  disse:   lar~mos.             des  do  lago ollde h(lda lIascido  ~ crese/flo,
                                            na  Leia disse:                 cheia de I'ida,  mexilla, melleame, reb/zeme.
          - Mas se eu le (/drasse \'il'er, que faril/s?
                                            - Como poderás r~conhecer-lIIe? Sou 11/0   Como se eSlal'O bem qlltllldo se estalV/  /lia/!
          lJa  Leil/:
                                          peqllella ..                      &/  Leia pensou: ..Agara  I'OU  ao promolll6-
          - Faria tudo para me tOnlar grande e \"0-
                                            E  Ce  Ganha:                   rio,  ~spero que posse a C, Gollha e depois.
       lumosa.
                                            - Ndo tenhas metlo.  Ver-Ie·ei porql4l' te   a pé, como da outra I"ez,faço o cam",ha de
          -  Grmwe como'!  O dobro daquilo  que
       is agora?                          tornards IDo grond~ que s~rds lisfl'el mesmo   regresso, até ao meu querido hJgo.  Para lago
                                          de longe.  De qualquer modo, rf'corda-Ie que   /ffqllel/o peixe pequeno. Nilo \'ejo afonM de
          - Mais,  mais.  Cem  mil I'aes mais.
          - Mas porqui '!                 tel/s dois pés:  no diu  em  que o  mar deixar   chegar a  hora  de  /IIi' libertar de  wda' nllJ
                                          de  le agradar, só lel/s (/e subir para urra e   bllllha!,.
          - Porque sim.
                                          l'OIUlr a pé até castl, quero dizer, Olé 00 IIOSSO
          Diall/e desta resposta,  Ce  Gal/Ira  coçou                                      •
                                          lugo.
       a  cabeça  com  fH!rpluidade.  E disse:
                                            na Leia.  imprudeme  respondeu:
          -  T~lIho a  impressOo de  que  és assim                            Ba uia nodou até tiO promontório e pds-
                                            -  E  quem  10nla  o  ir  paro  aquele
       pequella porqu~ I/ascest~ e  cresceste  lIute                        -se de g.wrda, d  espua de Ce Ganha.  Nilo
                                          lamaçal?
       lugo iNqueflfssimo.  Para lago pequeI/O, /ffi-                       esperou muilO, lIIilis ou mellos cillco séculos.
                                            Promo.  Ce Ganha lel'OIIIOII 1'00, Ba uia
       Xl' l1l'qllello.  Mas.  nos millllus l'iageflS,  I'i 111/1           De repeli/e. aparect! no céu um poli/O escu·
                                          Imlçoll-se ao mar e, só pela satisfaçDo dI' se
       lago el/Onlle, a qlu chamam lllOr.  Pois bem,                        ro que,  pouco a pouco, foi  crescellf/O elo-
                                          ellCOlI/rar jinalmellte IIum ambieme tOO  1'05-
       se  //I  fosses  capaz  Ile  chegar a  este  lago                    mando (lfQnI.a de lima Ol'~ com bico i' pa/Us
       chi/mUi/o lnor, podes ler a cene:,a de que I~   10, sell/iu que jd cr~scera o dobro.  C01ltellll'   compridos.  Era  Ce  Gallha,  que,  mal  rill  o
                                          ~fl'fiz, com.eçou a Il(1llllr,  O mar ero realmt!fl-
       tornarias  grallde,  mui/o  grallde,  ellonl/e,                      dorso ellorme de Ba ula u aflorar d tOlla di/
                                          le illfillilo.  Qrlallto mais 8a Leia nad(lIfl mi/is
       uactamellle porqlle o  lago chamado IMr j                            água  como  lIma  ilha  de  no\'Q  origem,
                                          crese/u.  Em SUIIUl,  ilepois de aiNnas um mi-
       no realidade  mlli/O  gnllld~.                                       diminuiu de alturo  e  ~.xc/amou:
                                          Ihl10 de 0I10S,  Ba Leia transfonnora-se IIUnl
          -  Gralld~ como'!  Duas  \'fOUS  o  nosso                           -  Ciao.  Ba,  M  algum  pmbl~11I(I_?
                                          peixe ellomle,  muit(ssimo grallde,  colossal.
       lago'!                                                                 &1  Leia  respondeu:
                                          Pesal'U qlw/quer roi.m como uma cemella de
          - Duas I'e<;ts? Mas I'.mfs a brillcar! Cem                          - O meu prOblema é que o IMr IIno me
                                          101leladas,  mec/ia  pelo mellos  cem  melros,
       mil  I'ezes.                                                        ugrada e "Do me agrai/il  também ser g,a,,·
                                          IlIIlria-se de peixillhos pequellOS,  III/iii tOlle-
          na Leia.  entOo,  disse:                                         (Ie.  Por isso,  quero tomar ao lago e  1'Oltar
                                          ladu de cada  I'l'(;.
          - Vil,  agora came-me.  Alé porque 1/1111-                       u ser JJ('queno CtmIO uma mlgar sanguessuga.
       cu  chegarei  u  I'er  o  lugo  chamado  nwr.   As coisas correram bem durome dllun-  Ce  Ganha  respondeu:
       Come-me  e  acabemos com  isto.    tos ou lT?UtlfOS milhOa de anos. Depois, ben.   - Nada  IIli1is  fácil.  Sobe  paro  terra  e
          Mas  C~ Galllla  respondeu:     \'istlls as coisas,  ro",~ara/ll a surgir os in-  camillha atrás de /IIilll,  com os 1~llS boll$ pés
          - NlJo.  És 11m peixillho tDo origifU/1 que   COIII'el/;enles do lago challlUl/o IlliIr.  O prin-  d~ marreco.  E/I  indicar-te-ei  o  ca/llinho.
       relll/lldo a  comer-Ie.  Vou laur-u a  1'011111-  cipul,  embora pt/reÇa impossfl'el,  era qlle a   como da oU/ta  I'el.  Diga-se aqui para II/JS:
       d~: ugora, pego em li com o  bica e  lel'o-rt!   comida era ilef/l(lSiado fáe/I, demasiado alnlll-  acho que terrs razDo.  Muis I'u/e ser-se ~sper­
       fim  1'00 Olé  esse  lago dwmado moro   dant~ e à miJo de u/IIear.  No seu lagoz.ito no-  to  e  imeligellte  num  lago do  que gralllle  e
          E  na uia:                      tai, Ba Leia tinha de eS/ffrar paro coflSeguir  estúpido num mar.
          - NlJo.  Com o bICO lliJo.  Pode aCOlllecer   alimerl/o,  passal'O dias ill/~iros a procurar   Ra  Leiu,  toda  CO/llt!nte,  aproxilll6-U  a
                                                                                                          7
   76   77   78   79   80   81   82   83   84   85   86