Page 151 - Revista da Armada
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NorA Df A8fRrURA .
o culto da tradição vélica
ão são muitos os navios que, foi o então capitão-te-
depois de terem naveg,ldo mui- nenle Henrique Afonso
N tos milhares de milhas por todos da Sih'a Horta"
os oceanos, de terem suportado tempes- No dia 20 de Outubro
tades e muitas outras contrariedades, isto de 1961. depois de uma
é, terem feito história, tenham chegado curta ,"j.lgem ao Algar\'e
atê aos nossos dias como memórias vivas e a Cádis, O nado entrou
de uma Qutra era de navegações. pela última vez no AI-
feite, No ano seguinte, em
o \'eleiro '"Rickllll'f Rickmt'rs" é um des- que a Marinha recebeu a
ses poucos navios e, tal como o famoso "lIo.m5agres", o navio que
"Culty Sl1rk", também navegou sob ban- a Marinha começou a
deira portuguesa. conhecer por "<'e/lia 5a-
Chama\'a-se, então, "Sngrl's" e foi com gres" foi classificado em
esse nome que muitos de nós o conhece- navio-depósito e b.'ptiza"
mos. do com o nome de "5allloAndré"" distinção conferida ao VALM Sil\'a Horta
Construído em Geestmuende e inscrito Em 1975, já com 79 anos de idade e é um acontecimento marcante na sua
no porto de Bremerha\'en, o navio entrou ostentando o cobiçado e lendário título vida de marinheiro, durante a qual foi o
ao serviço da marinha de comércio alemã de "cap-hornier", o navio foi abatido ao último comandante da ~pt'lllD $;1grt'S~ c o
no dia 12 de Agosto de 1896. tendo efec- efectivo dos navios da Armada e, pouco primeiro comandante da ~J/o"t1 Sagrrs H ,
tuado nUI'fIerosas \'iagens entre portos da tempo depois, porque escassearam 0:- pelo que ii Revista da Armada nào pode-
Europa, Asia e América do Norte e do recursos ou a vontade par., ii sua recu- ria deixar de lhe dar o de\"ido e justo des-
Sul, transportando canrão, arroz, óleos, peração, foi adquirido pela Fundação taque, Seguramente que aqueles que
nitratos, salitres e outras cargas, incluin- Rickmers Rickmer, que o rebocou para Oi"'egaram e se instruiram naquele
do petróleo, Hamburgo, o restaurou e fez dele um imponente e belo na\<io entre 1927 e 1%1,
museu-memória da na,'egação à \"ela, e muitos são ainda, felizmente, se sentem
honr.ldos igualmente com esta distinção,
•
•
No âmbito das suas iniciativas de preser-
\'ação das oo.1S memórias da navegação ii No próximo ano o uRickmcrs Ricklllt7", ou
N
vela, a Fundação Rickmers Rickmer deci- o "Mnx , ou o "Flores" ou a velha "Sagrl'S"
diu criar o título honorífico de "Co- completa uma existência de um século,
Em 21 de Março de 1912 foi vendido à mandante Honorário" para atribuir a um Nesta oportunidade concretizar-se·à,
firma alemã C. Krabbennhoft, de restrito número de personalidades, Depois finalmente, uma cláusula aceite pela
Hamburgo, tendo sido registado com o de ter atribuído esse tiruto a dois cidadãos Fundação, por ocasião da cedência do
nome de "Max", alemães cuja acção foi decish'a para a rt>(U. navio, que consiste na existência de um
Durante a I Guerra Mundial foi apresa- peração do navio, a Fundaç30 decidiu dis- espaço permanente relath'o à memória da
do pelo Covemo Português, no dia 1 de tinguir o VALM Silva Horta, o último sua actividade durante os anos em que
Março de 1916, quando se encontrava no comandante que o na\;o te\'e no mar, Para na"egou sob Bandeira Portuguesa"
porlo da Horla, Passou a chamar-se o efeito, os dirigentes da Fundação desloca- Para além desta exposição, cuja organiza-
"FIam". Sob bandeira portugues..1 foi fre- ram·se propositadamente a Portugal c, ção foi cometida ao Museu de ~Iarinha, ii
tado ao Con,-mo Inglês, mas no dia 13 de numa solene e significati\"a cerimónia reali- presença portuguesa no centenário do
Abril de 1920 foi enlregue a Portugal e zada no Museu de Marinha, no dia 27 de "Rickmer Rickmers" incluirá, aindil, um
inlegrado na frota dos Transportes Abril, a que presidiu o Vice·Chefe do ciclo de conferencias a realizar em
Marítimos do Estado, Estado-~'Iaior da Armada, em representa- Hamburgo, a cargo da Academia de Ma-
No dia 14 de Maio de 1924, após ter ção do Almirante CEMA, entregaram ao rinha, e a participação na Grande E.xposição
feito di,'ersas viagens comerciais no VALM Sih'a Horta o diploma, a sobrecasa- no Centro de Congressos de Hamburgo. .t
Atlântico, o "Flores" foi entregue ao ca, o boné, a chávena do comandante e os
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Ministério da Marinha, lendo sido classi- cartões de \isita que, dora"'lOte, o distin- cm
ficado como navio-escola e recebido o guem como o "1' Comandante Honorário
nome de "Sagri.'S"" do Rickmers Rickmer",
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Adaptado para as suas novas funções e O culto das tradições "élicas e dos
ao ser\"Íço da Marinha de Guerra, ,"eleiros não tem em Portugal. nem a
começou a na'"egar em 1927 e, duranle importância nem o prestígio que lhe é
3-l anos, percorreu cerca de duas cente- conferido noutros países, onde muitas
nas de milhar de milhas, sob as ordens \'ezes faz parte do seu imaginário mais
de 10 comandantes, o último dos quais profundo, Por isso, a singularidade da
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