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                             •  OS Fu.II.lros






                velho  Egipto  Faraónico,  era  uma
                dávida  do  Nilo,  impondo-se  ao
          O deserto que, durante  milénios,  foi
          devorando todo o norte de África,  e enxo-
          tando as  populações  para  o sul ou  para a
          proximidade  dos  poucos pontos de  água
          que  permitiam  ti  sobrevivência  de  seres
          humanos. Vindo  do coração  da  África
          Oriental,  o lazarento  Nilo  espraia-se  pelo
          território do  Egipto,  permitindo que  as
          populações possam  regar as culturas e fer-
          tilizar as  terras como  o aluvião  arrancado
          às  montanhas e transportado  pelas  enxur-
          radas do rio.  Foi este processo da  natureza
          que  produziu  a fulgurante  milenar  das
          pirâmides.
            O Ribatejo e as  lezírias  são uma  dávida
          do Tejo. O rio terno e morno do estio, ser-
          penteando  por  entre os  areais largos  de
          Santarém,  Golegã,  Barquinha  e  Praia  do
          Ribatejo, pode crescer durante  o Inverno,
          alagando  povoações,  ameaçando gados,
          destruindo culturas.  Também  deixa  o alu-
          vião ou o alimento das terras que desde há
          séculos  fornecem  pão,  legumes,  frutas  e
          carne  para  Lisboa  e  para  muitas  outras
          metrópoles.
            Já  há alguns  anos  que  não dava  sinal de
          si.  De  verão  ou  de  inverno,  quase  não

                                                                                dizia  nada,  mantendo a expectativa  de
                                                                                anos  magros,  ou  anos  sucessivos de  seca
                                                                                de que se  vinham  queixando  os agricul-
                                                                                tores portugueses. Mas este ano exaltou-se
                                                                                de  novo!  ... Não tanto como em  1989 -
                                                                                porque  também  não  lho  permitem  as
                                                                                numerosas barragens que o seguram desde
                                                                                os confins  da  Serra  de Albarracim,  entre
                                                                                Madrid  e Zaragoza,  até  Fratel  e Belver  -,
                                                                                mas  foi  o suficiente  para  põr  em  sobres-
                                                                                salto  todas  as  populações  ribeirinhas  que
                                                                                desde o Rocio de Abrantes até aos campos
                                                                                de  Salvaterra  vivem,  um  pouco,  ao  sabor
                                                                                dos seus caprichos. As  fortes chuvadas que
                                                                                assolaram  toda  a  Península  Ibérica,
                                                                                durante  o final  de  Dezembro e Janeiro,
                                                                                engrossaram  as  correntes,  encheram  as
                                                                                barragens  e  levaram  a que  o Serviço
                                                                                Nacional  de  Protecção  Civil  activasse  as
                                                                                necessárias  medidas  de prevenção  para
                                                                                evitar os  desastres que  noutras  alturas  já
                                                                                ocorreram.
                                                                                  Para  a Marinha e Fuzileiros,  isso significa
                                                                                uma  preparação de  pessoal e meios para a
                                                                                eventual ajuda  a essas  populaç{)es, salvan·
                                                                                do  pessoas e bens ameaçados pelas águas
                                                                                e fornecendo  os serviços  indispensáveis
                                                                                aos que váo ficando isolados.    ,
                                                                                          REVISTA DA ARMADA  •  MARÇO 96  7
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