Page 83 - Revista da Armada
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CURIOSIDADES
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rande é a relação entre a nossa Marinha de Guerra e incorporar-se com a sua oficialidade e representação da
os Açores sob os mais diversos aspectos, assim como guarnição na procissão, a 10 de Maio, foi posteriormente
Gacontecerá por certo com oulras entidades nacionais convidado pela Direcção do Clube Micaelense para presidir
e duma maneira mais lata entre o Pais e esta Região a um Baile naquele clube expressamente organizado em sua
Autónoma. São 500 anos de convivência e o mar o grande honra e que segundo rezam as crónicas da época Hmarcou
elo! pelo seu brilhanlismo~. Terminado o Baile no Clube
Não vou alongar-me em vários aspectos dessa relação ou Micaelense pelas 6.30h da manhã, tendo tido grande con-
ligação e haveriam bastantes #est6rias~ para desenvolver o corrência de sócios, na comparência de 65 senhoras e sido
tema, mas sim o da relação humana entre duas sociedades proferidos calorosos e inspirados b[indes, o Comandante
irmãs, curiosas por Augusto de Castilho e
vezes. os oficiais do seu
Tal vez não hajam comando foram acom-
muitos que saibam panhados ao cais de
que o distinto Oficial embarque - Alfândega
da Armada Augusto Velha - sob uma entu-
Castilho era filho do siástica aclamação de
poela António Felicia- todos os sócios, arma-
no de Castilho, que dos de taças de cham-
viveu em Ponta Del- panhe!
gada alguns anes e A imprensa de então
onde cresceu e se dizia da festa do Clu-
educou o futuro ofi- be Micaelense: "Foi a
ciaI. primeira no género
Ora, anos passados que se tem realizado
sobre essa estadia em em S. Miguel nos últi-
Ponta Delgada, em mos 40 anos H •
Maio de 1896, dá Esta festa e a do Bai-
entrada neste porto O le oferecido em honra
N.E HOuqu e da Ter- de El-Rei D. Carlos e
cejra~ sob o comando da Raínha D. Amélia
do (Me Augusto de por ocasião da Visita
Castilho nobillssima Real aos Açores em
figura da Armada e 1901, foram conside-
consagrado pelo acto radas as maiores da-
humanitário e auda- quela vetusta agre-
cioso praticado em miação.
1893 , aquando da Se bem que o cos-
revolta do Almirante tume de as autorida-
Saldanha da Gama. des nos Açores acom-
Nessa altura o Coman- panharem ou se incor-
dante Augusto Casti- potarem na procissão
lho comandava a Di- do Senhor Santo Cris-
visão Naval Portugue- to venha desde 1690,
sa, baseada na Baía do pois já o Capitão-Do-
Rio de Janeiro e du- natário assim a acom-
rante a revolta da Ar- panhava com todo o
mada do Brasil recebeu a bordo do seu comando o seu Estado-Maior, o convite para o Comandante Augusto de
Almirante Saldanha e as guarnições insurrectas, transportan- Castilho e dar para cá, insere-se nessa tradição, agora, o
do-as para Montevideu e salvando-os de morte certa. convite para O Baile do Clube Micaelense é que foi inédito
Acontece que a chegada do navio a Ponta Delgada coin- e deu também origem a um costu me, embora com alte-
cide com as Festas do Senhor Santo Cristo, o maior aconteci- rações, fruto das vicissitudes dos tempos, das mudanças,
mento religioso anual que tem lugar em todos os Açores, coincidindo agora o convite para o Baile às Autoridades,
mas em particular em S. Miguel. com o Baile anual das debutantes. 9
O Comandante Augusto de Castilho, segundo a imprensa
da época, foi recebido no cais de Ponta Delgada por um
grande cortejo do qual se salientavam os seus companheiros Ivens Brandão
de escola e pejos admiradores do pai, representando simul- CMGEMN
taneamente as principais figuras da sociedade local e autori-
dades. Convidado pela Irmandade do Senhor Santo Cristo a
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