Page 235 - Revista da Armada
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;\/ (1('(11/ (' (I Marinha
península de Kowloon, fronteira à ilha de Ministro Plenipotenciário de Su.l Majestade,
Hong Kong e que, mais tarde, lhes fossem com a missão de negociar um tratado
arrendados os chamados Novos Territórios de paz, amiz..lde e comércio, na qual foi
JX'Ir 99 anos, através de uma convenção assi- bem sucedido. No ano seguinte e no
nada em 1898. mesmo navio, voltou ao Japão p.lra se
proceder à ratificação desse mesmo tratado.
Durante este período, Macau manteve a sua Entretanto, quer a China quer as nações
habitual neutralidade, embora o gover- ocidentais que acabavam de assegurar
nador Guimarães tivesse oficiado para a sua hegemonia no Oriente -lnglaterra,
Lisbo.l em 1856 NqllCII questão aclllal foi França e Bitados Unidos-, excluiam
somel/le UII/ prl'lexto pam rellamr a exigência de Portugal da comunidade das Il<1çôes
t'll/mr lia cidade, e mn/ escol/lido prdcxto IA'rquc na China.
II m!lfo estd dn /XIrle do GcwerIlO Olinês de modo Macau sentia-se injustiçado por todas as
fÚ.'mllsiadnml'lltednro; a /orc/m em de ,limlas (do , ra7..ões. Então, o governador Isidoro
qUCtll fel/ll0 prooos) a lJal/deim havia sido obti- : Guimarães dirigiu-se directamente a
da frfllldllferltomelltc ( ... ) e essa IIlCSllm /xmdeim : Pequim a fim de negociar um tratado que
lião esti1txl iqIda q/lillldo foi abordada, lIelll II : regulasse as relações entre a China e Macau.
bordo havia IIessa orosiiio illglês o/gum ... Ir (2). : Foi extremamente dificil e demorada a sua
As autoridades chinesas reconheceram e : miss.io. Quase ignorado e por vezes
compreenderam a posição portuguesa, o Ctmrmufanlt L.idoro fmncisrn Cllilllllriie\ : hostilizado, os seus argumentos acabaram
bem diferente do "violei/lo /! imlXJlllico" qut ro"UllldOll o ~ra "l.ibtm''', por ser aceites e, no dia 13 de Agosto de
comJX'lrtamento ingJt>s. o briguM'S('WUl "FlUO", o brigut "Douro", 1862. foi finalmente assinado um tratado
II am'fill "D. folio I" t foi gut'mMrlor M M/IC'IIII,
com a China que, nas suas linhas gerais,
OS TRATADOS DE AMIZADE Com notável habilidade política eenquanto "rt'fOllh«in Mnalll como uII/a rol6/1in
E COMÉRCIO chineses e anglo-franceses se guerreavam, o inlegm/num/e }XJrtuguesa e 1um estipulam II
governador Isidoro Guimarães tomou a restl1uroçtio do I!a-pu" (3), o que representava
I::lepJis do brigue "Mmuft'gO" que permaneceu iniciativa de retomar as rcLlções com o "o /dei/o rl'Clmhecimentoda illdepel1dêllcin da
enl Macau entre 1855 e 1858,a corveta jap.'i.o, que estavam cortadas desde 1639. cvl6uin" e anulava quaisquer acordos do
"D.feXio r' chegou em Março de 1860, p<1ra Em Maio de 1860 embarcou para O Jap.io na p<1ss.1do, "qltalldo MIIcnu sflJXlStammte estam
a sua terceira comiss.'i.o naquela área. corveta "D, João r, investido 11<15 funções de sobn jurisdição de Cantão" (3).
O triunfo diplomático do comandante
Isidoro Guimarães valeu-lhe ser ovacionado
em Macau e ser nomeado Visconde
da Praia Grande de Macau.
Só que, quando em 1864 o novo governador
Coelho do Amaral, que entretanto mandara
ocupar a ilha de Coloane, visitou a China
para a ratificação do tratado, os chineses
tinham mudado de ideias "visto Maalllllifo
pala deimr de ser cvllSidemdo romo territ6rio
chinês. 'vltifo ide e conquistai Mncnu',
re:;lKmdell Caiho do Amam/" O>' considerando
um insultooqueacabara de ouvir.
Independentemente dessa circunstância,
com a acção dos comandante; Ferreira do
Amaral e Isidoro Guimarães, Macau
adquiriu um novo posicionamento em
relaç.;o à China e às outras nações
ocidentais com interesses no Oriente. O
REfERtNCIAS:
(1) Tris Sim/as 110 Mar, António IvIarquel Espartciro,
C~o Estudos, N"15, Lisboa, 1985
(2) Mlmr4 t ltS GrlmllS do Ópio (1856-1860J, Alfredo
Dias, Revista Macau,. II Série, r.,1'I42. Outubro, 1995
(3) Moom HisIóriro, C A.MontaJrodeJesus, I' EdiçJo
portuguesa da \'C15ãoapreendida em 1926, Li\1'OSdo
Oriente, MaClu, 1900
REVISTA DA ARMADA · MHO 97 XI