Page 265 - Revista da Armada
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Simultaneamente, na [)filia mesmo em frente, do outro lado da eslrJ-
dJ, no treino físico diário dos "fuzoÇ as pessoas emlrãnsilo parJvam
.1(lmiradas com o à vontade com que estes evoluíam nas águas
revolt.u que desertific.w"m Iodas as praias: é que era época de ~cale-
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mas ondas de grande amplitude. que criavam uma rebentação ,_::: _._::;=~
,
IIllprcs.siOllc1nte que assuSlava quem todo o aoo se banhava num "mar -
de p.lrólS~. Acabámos IX)( conseguir que os mais temeraros nos aconl+
p.lnll.ls.sem e a época balnear P.1SSOlI a ser anual para quem evidente-
mente n.io ~temesse~ o G'lCimbo.
OPERAÇÕES CONJUNTAS
Pouco antes do Natal de 61 iniciaram-se as operações na ZIN cado como inimigo pois desconhecíamos a existência de pelotões
IZon.1 de IntC1Venção Norte) e sobretudo nas áreas nevrálgicas do ter- negros naquela operaçào. Como estes vinham na "direcção (erta~,
rorj~. Por decis..'io do Vice-Almirante Mexia Salema, Comandanle montámos de imediato uma emboscada, ii que o terreno, com uma
Nav.,! de Angol,l, ofiei.ll general de grande prestfgio a quem a pequena mala, muito se prestava.
Marinh.l muito ficou 11 eIever, as operações I:>'lssam a ser conjuntas À medida que o suposto "In~ tlwlnçtlva, mais nítida se tornava ii
com uma ou duas Companhias do Batalhão de Caçadores vozeilria que deixou perceber que o motivo era a utilização daquele
Paraquedistas nU 21, destacado na Província nas cêlebres oper<lçôes trilho e, na altura, já ninguém - nem nós, nem eles - duvidava que
PARAFUSO e lima ou duas UI)id<lc!es do Exército. Assim, de 16 a 22 aquele era o caminho certo ... excepto os guias (!). Um deles voltou
mesmo para trás com forte reacção do alferes. Entretanto, já quase
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todo o pelotão se encontrava dentro da Hzona de morte mas, de
repente. p.:lra nosso espanto, no meio de todo aquele refilanço, ouviu-
se um perfeito sotaque minhoto! Suspendemos de imediato a
emboscada e ... foi um abraçar de b>entes. Recordo-me ainda, como se
fOSSE' hoje, da (Ma lívida e branca do alferes, que pai" acaso era bem
. I moreno, quando viu surgir de repente do meio do mato, como se de
magia se tratasse, um Destacamento de FE's armado até aos dentes.
G.lguej.lndo lá foi g..lbando o apurado olfacto e o ~feeling~ do guia: de
facto por iKluele trilho nunca "mes/llI:t chegariam ã. Pedra do Feitiço.
Disso "tiberam" todos a certeza. Como pode, afinal. a sempre gozada
troca do ~B~ pelo ... v~ pode ser útil a tanta gente!
de Dezembro, o DlFE tomou parte em 3 pequenas operações de Continuámos depois em operações de patrulha. reforço das
limpeza na fronteira norte, na zona de S.5alvador, em conjunto com guarnições das lanchas e outras embarcações menores, reconhecimen-
uma companhia paraquedista e colabol"ação com a CCAÇ 156. Nesta tos e emOOscaclas ~lS ilhas do BUlICOCO, QUISSANGA, LUCAlA t
nossa estreia a logfstica não funcionou. pois não havia rações de QUIBEMBE. REGIAO DA CHICHIANGA, PONTA PUElO e LUE
combale. Em sua substituição ..,==.-_--, ______ .... PEQUENO, tendo várias vezes apresado canoas vindas do
grandes latas de dobrad.l, que REPÚBLICA 00 ZAIRE Congo, detect.1ndo e destruindo vários acampamentos "tur-
com o tempo foram ~marchando~ ras~. Uns meses depois. mais precisamente em 2 de Outubro,
com batata cozida, ou seria mail- """ ..... _..:.. voltámos à ZIN pal"il mais "Igumas acções enl conjunto com
diocar ~ GZ -=:' • .. I: uma coo11x1nhia de par<lquedist<ls, e lrêsdo Exército, destacan-
Entretanto em intensa a aelivi- a.~~.,~:M"'~ SGA CMI01I.I.\oCA. do-se a operaç50 "Furriel D<lntas" na zona de INGA-BANSA-
dade do DI FE que actuava QUINA.
pouco depois do Ano Novo. em ANGOLA Nesta operação o regresso
NOVA CAIPEMBA, integrado CONGO ZAIRE linha que ser efectuado pela
numa força conjunta com um agrupamento de paraquedistas e e KINSHASA mesm.1 e única picada. COlno
cornanclado pelo Comandante do D1FE. r'ltais tarde, novamente no seria de esperar as minas
Zlire, 11<1 regiào do Congo laia, a sudoeste da Pedra do Feitiço, zona foram Já colocadas só que,
de caça grossa, em coopernç.;o com um pelotão indígena do Exército em vez de ser aDI FE o
fez-se a ·Iimpeza~ da região que o inimigo abandonou definitiva- atingido. que deveria vir à
mente. Nesta operaçJQ foi atribuída aos "fuzos~ uma área a norte. ANGOLA frente da coluna, foi uma
junto ao rio Zaire e ao pelotão companhia do Exército que
Indígena da CCAÇ do Sumba, a LUANDA fazia a sua primeira ClpE.'fdÇão
zona do sul desta. No fim da e e teve pressa demais em
operação, de regresso à base - regressar: um jipão. nove
Pedra do Feitiço - estes depa- mortos. Por fim. acabámos por regressar na testa da coluna até ao Tôto
raram com UITltl enorme ITltlnada (cerca de 70 Km) em viaturas sem qualquer protecção anli-minas.
de elefantes: perante o faclo Foram momentos difíceis, Quinze dias depois entre 18 e 28 do mesmo
nada tranquilizador. O alferes, mês levámos a cabo a operação ~Parafuso Grande", na Magina. área a
comandante de pelotão. decidiu oeste de São Salvador do Congo onde, pela primeira vez na Guerra do
contorná-los à distância, só que Ultramar, foram utilizados ~Helis~ em acções de combate. Os resulta-
este desvio fê-Jos entrar iranca- dos foram eslll'Ctaculares e no último dia - o décimo - de acção,
mente na área dos "iusos" onde recebemos lima mens.lgem que alterava o nome da operação de
encontraram um trilho de «Iça "Parafuso Gra/lde~ para "3 MOSQUETEIROS"!!! Simultaneamente
(1) que os guias indicaram como ap.:lreceu-nos um pelotão de BCav 345 sediado em São Salvador do
caminho certo para a Pedra do Feitiço, que por acaso era o mesmo Congo para reforço (!?). Como neste dia, o último, se procedeu à
N
que mais à frente os "fusos~ seguiam. "limpeza do quartel, estes ficar.lm conhecidos como ~os canga-
N
Pouco depois con"leÇámos a ouvir muitas vozes, o que nos permitiu Iheiros e foram muito úteis! Quem terá sido o D'Artagnan, que fez o
localizar com facilidade O grupo de indfgenas, imediatamente identifi relatóriol - Também havia humor (i') na guerra. Foi nesta operação.'
ItEVIST" D" ARMADA • AGOSTO 97 11