Page 295 - Revista da Armada
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Missões "u.a.IMrI ..



                                   Envolvimento de Portugal





                 fim  da guerra-fria e as crescentes  possibilidades  cas e as situações de utilização dos Meios de Defesa  Mili-
                 dos  Estados desencadearem  o funcionamento do  tares e Civis:
          O dispositivo par"  manter e restaurar a paz, contido
           na  Carta das Nações  Unidas não evitaram a  proliferação  - em operações de salvamento de vidas humanas;
          dos conflitos armados.
                                                               - a pedido do Governo do Estado afectado ou a pedido da
            Por outro lado, os grandes avanços científicos e tenológi-  DHA. com  o consentimento desse Estado e sob a sua
          cos  que se verificaram  na segunda  metade do século XX  responsabilidade global;
           não foram suficientes  para, por si SÓ,  impedirem que, em
           l<lrgas regiões no mundo, continuassem a grassar a fome, a   ~  para  integrar e apoia r acções de assistência  a cala-
           miséria, as doenças e as epidemias.                 midades;

            Para minimizar os efeitos da guerra e dessas situações de   para actuar no âmbito de uma acção civil internacional;
          emergência, muitos países e Organizações não-governa-
           mentais têm desenvolvido esquemas de ajuda humanitária   em operações conduzidas para acudir ás  necessidades
          que contribuam para aUviar o sofrimento das popuJaçõe5.   das vítimas;
            Como é evidente, o  tipo de assistência  humanitária a  - sem custos para o Estado recebedor.
           prestar varia com as causas que a motivam.  Assim, se as
          causas forem ambientais, os riscos a que se expõe o pessoal   Estas directivas  provisórias fo ram apresentadas em
          envolvido na  acção  humanitária é  mínimo.  O  mesmo  JAN94, num encontro a alto nível, (a Conferência de Oslo),
           poderá  não acontecer se a ajuda  for  prestada  numa zona  no decorrer da qual se tomou claro que tinha chegado O
          em que existam confrontos militares ou em que haja  momento de testar as "Guidelines" em exercícios interna-
          grande iJlstabilidade politica.                      cionais.

            No  primeiro caso,  a  presença  de militares  não é   Aliás, já  tinha sido feito  um exercício em Viena,  em
          indispens.ível, a não ser para a rápida disponibilização de  SET93 e a  Rússia  iria  organizar dois exerácios em 1994;
          equipa.mento pesado, enquanto que no  segundo caso esta  um no terreno, em Astrakhan, em SET, sobre uma
           presença jâ é de importância vital.                 emergência química e outro de postos de comando, em
                                                               NOV, sobre uma emergência numa central nuclear.
            Apesar dos louváveis esforços de várias instituições
          humanitárias, da  coordenação das suas actividades e da   É  ai nda  no  seguimento  das  orientações  desta
          abordagem global que têm adoptado, ainda não foi  possí-  Conferencia que se  pretende que seja  efectuado, todos os
          vel responder adequadamente e com prontidão às necessi-  anos,  um exerácio internacional de grande envergadura,
          dades humanitárias criadas pela guerra.              em regiões diferenciadas, começando pela  realização de
                                                               um exerdcio no Quénia, em 1995.
            Foi  neste  contexto  que  a  Resolução  46/182  da
          Assembleia Geral das NU criou, em ABR92,  um Oe-       Entretanto, tem--se  recolhido experiência  válida na  uti-
          p.1rtamento de Assuntos Humanitários (OHAt o qual tem  lização dos Meios de Defesa Militares e Ovis em situações
          a  incumbência, entre outras, de efectuar as diligências  de emergência ocorridas na Geórgia (deslocados),  no
          necessárias,  quer junto dos Governos quer junto das  Rwanda  (deslocados e refugiados) e na  Moldávia (inun-
          Organizações intergovemamentais e não-govemamentais  dações).
          interessadas,  para assegurar um  rápido acesso aos seus
          respectivos meios de ajuda humanitária, incluindo reser-  Tendo completado a fase  conceptual. o  Projecto estava
          vas de alimentos, de medicamentos, de matérias primas de  na fase de implementação através do Plano de Acção para
          emergência e de apoio logístico e pessoal (médicos e enfer-  1995-96, que inclui, entre outras, a aplicação do Projecto
          meiros).                                             quando é utilizada a  força  militar num contexto huma-
                                                               nitário.
            Surge assim o  Projecto MCOA  (Military and Civil
          Defense Assets), ou seja, um projecto que visa  o Uso dos   Esta aplicação deve ser feita com ponderação e exige que
          Meios de  Defesa  Militares e Civis na  Assistência a  se faça  uma clara  distinção entre acção  militar e acção
          Calamidades.                                         humanitária,  pois a experiência  recolhida em recentes
                                                               operações de paz lideradas pelas NU mostra que a coe-
            Este projecto, começado em 0UT91, tem sido implemen-  xistência, no mesmo teatro de operações, daquelas duas
          tado com o  apoio de muitos Governos e Organizações  componentes, pode gerar problemas, tais como;
          internacionais, tendo sido investidos, até à data, 2 milhões
          de dólares.                                          - tendência  para ligar a assistência  humanitária com o
                                                               processo político decorrente das negociações de paz;
            O DHA criou um conjunto de "Guidelines" preliminares
          que se destinam a identificar os critérios, as condições bási  - tendência dos militares  para regular unilateralmente to- .. ..:
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