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Dia da Marinha
                                    Dia da Marinha



            Mensagem do Almirante CEMA
            Mensagem do Almirante CEMA










         N     esta data, em que se celebra a chegada de Vasco da Gama  as dificuldades de natureza financeira e administrativa, que houve
               à Índia e, simultaneamente, se comemora o Dia das Forças
                                                              que enfrentar nos anos mais recentes. Esses êxitos devem-se,
               Armadas, cumpre-nos evocar a figura do grande nave-
                                                              áreas funcionais que, incondicionalmente, com comprovada com-
         gador e o legado de valores que ainda hoje caracteriza as gentes do  sobretudo, à generosidade dos servidores da Marinha em todas as
         mar, saudando solidariamente os militares dos outros Ramos com  petência e sentido do dever, se empenharam na protecção e defesa
         quem, de forma integrada, zelamos pela defesa dos interesses  dos interesses nacionais.
         nacionais e mantemos laços de união, cooperação e camaradagem.
         Mas o Dia da Marinha constitui, também, ocasião propícia para  No entanto, por maior que seja essa generosidade, as dificul-
         partilharmos alegrias e apreensões.                                         dades sentidas e o inexorável enve-
                                                                                     lhecimento da esquadra, das infra-
           A Marinha, como sempre aconte-                                            estruturas e de outros meios, pode-
         ceu, mantém-se empenhada em                                                 rão prejudicar seriamente, a prazo
         cumprir eficazmente o vasto leque                                           curto, os níveis de sucesso deseja-
         de missões que, interna e externa-                                          dos. Para cumprir eficazmente as
         mente lhe são determinadas para,                                            missões, será imprescindível dispor
         no interesse do Estado, melhor                                              dos meios convenientes e das con-
         responder às exigências do mundo                                            dições adequadas para que os recur-
         contemporâneo. As situações que,                                            sos humanos assegurem o seu fun-
         incessantemente, reclamam a soli-                                           cionamento.
         dariedade e a partilha de esforços
         por parte dos países aliados, têm                                            A renovação da esquadra, cru-
         ditado, por sua vez, uma participa-                                         cial para não comprometer o
         ção cada vez mais activa nas desig-                                         futuro, tem tido um desenvolvi-
         nadas novas missões. Esse esforço                                           mento mais lento do que a nossa
         acrescido torna imperativo que a                                            ambição gostaria e aquém do que
         Marinha continue dotada com as                                              as necessidades exigem, muito
         necessárias capacidades para fazer                                          embora alguns programas tenham
         face a um futuro que não se antevê                                          merecido alguns progressos. Sem
         tranquilo.                                                                  pretender remeter para plano
                                                                                     secundário a aquisição do navio
           Ideal seria que, na interpretação                                         polivalente logístico, a construção
         dos verdadeiros interesses do País,                                         em curso das novas lanchas
         fosse fixado em sede própria, em                                            “Argos” e a substituição das corve-
         termos de planeamento exequível, o                                          tas e patrulhas “Cacine” por pa-
         modelo de Marinha que convém e                                              trulhas oceânicos a construir na
         os prazos para a sua concretização.                                         indústria nacional, destaco, pela
         Todavia, não sendo ainda essa a                                             sua oportunidade, os seguintes
         realidade e debatendo-se, desde há                                          programas:
         anos, com estrangulamentos orça-
         mentais, sobretudo para investi-                                             O programa dos submarinos, cujo
         mento, tomou a Marinha a iniciativa                                         interesse nacional tem sido ampla-
         de estudar as soluções consideradas indispensáveis para não se  mente reconhecido, carece, para seu desenvolvimento, da publi-
         comprometer irremediavelmente o seu futuro. Nesse sentido, com  cação da alteração à Lei Quadro das Leis da Programação Militar
         uma visão prospectiva de longo prazo e considerando a imprevisi-  que visa permitir aquisições para a Defesa Nacional com recurso a
         bilidade dos conflitos que tem marcado o final deste século, foram  processos financeiros flexíveis. A decisão seguinte deverá ser a da
         projectados diversos modelos, tendo-se submetido, oportuna-  definição de quais os candidatos, de entre os 5 actuais, que passam
         mente, à decisão governamental, os estudos conducentes à sua  à fase da negociação directa, admitindo-se que a aquisição dos
         modernização. O planeamento deles decorrente mostra o caminho  novos submarinos poderá ocorrer até 2006, dependendo do cons-
         a percorrer para se alcançar uma Marinha moderna, embora de  trutor que for escolhido.
         dimensão mais reduzida e mais apta a fazer face aos desafios dos
         cenários actuais e futuros.                           A modernização do Agrupamento de Navios Hidro-oceanográ-
                                                              ficos beneficiará da transferência, já autorizada, de um segundo
           Têm sido muito positivos os resultados alcançados pela  navio da mesma classe de origem que a do N.R.P. “D. Carlos I”, a
         Marinha, quer no âmbito da actividade essencialmente militar,  ocorrer ao longo deste ano. O abate do N.R.P. “Almeida
         quer na do serviço público, principalmente se tivermos em conta  Carvalho” processar-se-á assim que um dos novos navios hidro-

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