Page 187 - Revista da Armada
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Dia da Marinha
Dia da Marinha
Mensagem do Almirante CEMA
Mensagem do Almirante CEMA
N esta data, em que se celebra a chegada de Vasco da Gama as dificuldades de natureza financeira e administrativa, que houve
à Índia e, simultaneamente, se comemora o Dia das Forças
que enfrentar nos anos mais recentes. Esses êxitos devem-se,
Armadas, cumpre-nos evocar a figura do grande nave-
áreas funcionais que, incondicionalmente, com comprovada com-
gador e o legado de valores que ainda hoje caracteriza as gentes do sobretudo, à generosidade dos servidores da Marinha em todas as
mar, saudando solidariamente os militares dos outros Ramos com petência e sentido do dever, se empenharam na protecção e defesa
quem, de forma integrada, zelamos pela defesa dos interesses dos interesses nacionais.
nacionais e mantemos laços de união, cooperação e camaradagem.
Mas o Dia da Marinha constitui, também, ocasião propícia para No entanto, por maior que seja essa generosidade, as dificul-
partilharmos alegrias e apreensões. dades sentidas e o inexorável enve-
lhecimento da esquadra, das infra-
A Marinha, como sempre aconte- estruturas e de outros meios, pode-
ceu, mantém-se empenhada em rão prejudicar seriamente, a prazo
cumprir eficazmente o vasto leque curto, os níveis de sucesso deseja-
de missões que, interna e externa- dos. Para cumprir eficazmente as
mente lhe são determinadas para, missões, será imprescindível dispor
no interesse do Estado, melhor dos meios convenientes e das con-
responder às exigências do mundo dições adequadas para que os recur-
contemporâneo. As situações que, sos humanos assegurem o seu fun-
incessantemente, reclamam a soli- cionamento.
dariedade e a partilha de esforços
por parte dos países aliados, têm A renovação da esquadra, cru-
ditado, por sua vez, uma participa- cial para não comprometer o
ção cada vez mais activa nas desig- futuro, tem tido um desenvolvi-
nadas novas missões. Esse esforço mento mais lento do que a nossa
acrescido torna imperativo que a ambição gostaria e aquém do que
Marinha continue dotada com as as necessidades exigem, muito
necessárias capacidades para fazer embora alguns programas tenham
face a um futuro que não se antevê merecido alguns progressos. Sem
tranquilo. pretender remeter para plano
secundário a aquisição do navio
Ideal seria que, na interpretação polivalente logístico, a construção
dos verdadeiros interesses do País, em curso das novas lanchas
fosse fixado em sede própria, em “Argos” e a substituição das corve-
termos de planeamento exequível, o tas e patrulhas “Cacine” por pa-
modelo de Marinha que convém e trulhas oceânicos a construir na
os prazos para a sua concretização. indústria nacional, destaco, pela
Todavia, não sendo ainda essa a sua oportunidade, os seguintes
realidade e debatendo-se, desde há programas:
anos, com estrangulamentos orça-
mentais, sobretudo para investi- O programa dos submarinos, cujo
mento, tomou a Marinha a iniciativa interesse nacional tem sido ampla-
de estudar as soluções consideradas indispensáveis para não se mente reconhecido, carece, para seu desenvolvimento, da publi-
comprometer irremediavelmente o seu futuro. Nesse sentido, com cação da alteração à Lei Quadro das Leis da Programação Militar
uma visão prospectiva de longo prazo e considerando a imprevisi- que visa permitir aquisições para a Defesa Nacional com recurso a
bilidade dos conflitos que tem marcado o final deste século, foram processos financeiros flexíveis. A decisão seguinte deverá ser a da
projectados diversos modelos, tendo-se submetido, oportuna- definição de quais os candidatos, de entre os 5 actuais, que passam
mente, à decisão governamental, os estudos conducentes à sua à fase da negociação directa, admitindo-se que a aquisição dos
modernização. O planeamento deles decorrente mostra o caminho novos submarinos poderá ocorrer até 2006, dependendo do cons-
a percorrer para se alcançar uma Marinha moderna, embora de trutor que for escolhido.
dimensão mais reduzida e mais apta a fazer face aos desafios dos
cenários actuais e futuros. A modernização do Agrupamento de Navios Hidro-oceanográ-
ficos beneficiará da transferência, já autorizada, de um segundo
Têm sido muito positivos os resultados alcançados pela navio da mesma classe de origem que a do N.R.P. “D. Carlos I”, a
Marinha, quer no âmbito da actividade essencialmente militar, ocorrer ao longo deste ano. O abate do N.R.P. “Almeida
quer na do serviço público, principalmente se tivermos em conta Carvalho” processar-se-á assim que um dos novos navios hidro-
4 JUNHO 99 • REVISTA DA ARMADA