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A PERSPECTIVA DO COMANDANTE        de um trânsito sob controlo táctico do CTG
         “TG 443.03”                        460.01, em situação de multi-ameaça,
                                            dirigindo-se a força conjunta para a costa
           À partida colocavam-se diversas dificul-  de um país fictício onde se iria realizar
         dades no âmbito da TG: alguns navios não  uma operação de embargo.
         conheciam a doutrina NATO, não havia
         compatibilidade de equipamentos e, em  Na fase TACEX, a já referida operação
         virtude de um cancelamento de última  de embargo, coube ao CTG 443.03 a
         hora, a TG não dispunha de uma unidade  responsabilidade da sua implementação
         de Guerra Anti- Aérea (AAW).       na área compreendida entre o Cabo de S.
           Embora a Marinha Brasileira opere fre-  Vicente e Vila Nova de Milfontes. Tratou-se
         quentemente com a Marinha dos Estados  de uma operação de significativa complexi-
         Unidos e esteja familiarizada com os pro-  dade não só pelas dificuldades próprias da
         cedimentos NATO, não dispõe, natural-  zona onde, como se sabe, existem linhas de
         mente, das publicações NATO nem co-  navegação muito frequentadas, mas tam-
         nhece em detalhe os procedimentos mais  bém pelo comportamento das forças oposi-
         recentes. O “engenho” lusitano e o “geiti-  toras (OPFOR), que para além de navios
         nho” brasileiro, contudo, permitiram ultra-  mercantes(simulados por navios de guerra)
         passar muitos destes problemas revelando-  e nem sempre cooperantes, dispunham
         se muito importante a colocação a bordo  ainda de agressivos navios de superfície,
         dos navios brasileiros de equipas de ligação  lanchas rápidas e submarinos! E, para
         constituídas por um oficial de acção táctica  tornar a situação ainda mais complexa, o
         e um cabo da classe de comunicações.  CTG estava tolhido por Regras de
           O cancelamento, já tardio, da participação  Empenhamento (ROEs) direccionadas para
         da unidade da Marinha dos Estados-  a redução do estado de tensão existente,  Reabastecimento (RAS) à proa
         Unidos, do tipo FFG, devido a necessidades  pois tratava-se de uma operação sob  do N.R.P. “Comandante Hermenegildo Capelo”.
         do mundo real, levou a que a força ficasse  mandato da ONU, em que o emprego da
         mais limitada na sua capacidade AAW.  força, até pelos reflexos mediáticos que sus-  sectoriais para apreciação dos exercícios
           O CET trouxe excelentes oportunidades  cita, deveria ser evitado o mais possível.  realizados e preparação dos vindouros e
         de treino, quer ao nível das unidades, quer  Ao longo deste exercício foram testados  foram executadas algumas acções logísti-
         ao nível da TG. Algumas séries, designada-  alguns procedimentos relativos à coope-  cas bem como de relações públicas, de-
         mente certos exercícios anti-submarinos  ração entre submarinos e forças de superfí-  signadamente abertura dos navios a visi-
         (CASEX’s) e o de guerra de superfície  cie, tendo embarcado no navio-chefe um  tas. Na recepção da força, no fim da tarde
         (ENCOUNTEREX), tinham alguma com-  “Submarine Element Coordinator” (SEC), o  de Sábado, estiveram presentes numerosas
         plexidade táctica obrigando o CTG e o seu  que permitiu executar, com sucesso, tácti-  personalidades locais designadamente o
         “staff” a exercitar o planeamento e a decisão  cas novas que optimizam a utilização de  Cônsul do Brasil, embaixador Hildebrandt
         táctica. A TG 443.03 ganhou rapidamente  meios e equipamentos existentes.  e o Comandante da Zona Marítima do
         coesão sendo patente a interoperabilidade  Durante o fim de semana de 13 para 14  Norte, C.M.G. Almeida Marinho. De assi-
         entre todas as suas unidades.      de Março a TG 443.03 escalou o porto de  nalar que muitos elementos das guar-
           O “Force Integration Training” (FIT) per-  Leixões. Nesta escala, sempre apreciada  nições dos navios da Marinha do Brasil,
         mitiu a junção das duas TG’s e a execução  pelas guarnições, tiveram lugar reuniões  com ascendentes portugueses, tiveram a
                                                                               oportunidade de visitar o local onde viveu
                                                                               a sua família, as suas raízes e muitos pu-
              O EXERCÍCIO CONTOU COM AS SEGUINTES PARTICIPAÇÕES                deram ainda contactar com familiares e
          ORGANIZAÇÕES      NATO      FORÇA AÉREA     Multi Service Electronic Warfare   parentes.
                                                        Support  Group (MEWSG)   Num computo final considera-se que o
              PAÍSES     EUROMARFOR                 NRP “Alvares Cabral”, FS “Montcalm”   SWORDFISH 99 foi um excelente exercí-
                                                     ITS “Libeccio” e SPS “Estremadura”  cio, com actividades diversificadas e de
                                                                               complexidade crescente, permitindo a to-
                          PORTUGAL      MARINHA    NRP “Corte Real”, NRP “Com. João Belo”,  dos os participantes melhorar os respec-
                                                     NRP “Com. Hermenegildo Capelo”,
                                                    NRP “Bérrio”, NRP “Oliveira e Carmo”,   tivos padrões de treino.
                                                     NRP “Barracuda”, NRP “Albacora”,
                                                     NRP “Bacamarte”, NRP “Cassiopeia”,   SUBMARINOS
                                                           NRP “Escorpião”
                                        EXÉRCITO      Componente de radiogonometria   O exercício SWORDFISH 99 contou com
                                                           de longo alcance    a participação de quatro submarinos, dois
                                                                               portugueses, um espanhol e um brasileiro.
                                      FORÇA AÉREA   CRC Montejunto, F-16 (25 Horas), A-7P   N.R.P. “Albacora”
                                                   (27 Horas), EC-212 (3 Horas), FTB (5 Horas),
                                                           P3-P (27 Horas)       N.R.P. “Barracuda”
                                                                                 S.P.S. “Tramontana”
                           BRASIL       MARINHA       Fragatas “Bosisio” e “Dodsworth”,   B.N.S. “Timbira”
                                                         e Submarino “Timbira”
                           FRANÇA       MARINHA       Fragata “LV Lavallee” e 2 Aviões   Entre as duas fases do exercício os quatro
                                                    de Patrulha Marítima Atlantic (43 Horas)  submarinos escalaram Portimão permitin-
                                                                               do não só um estreito contacto com as
                          ESPANHA       MARINHA         Submarino “Tramontana”
                         INGALTERRA     MARINHA          Destroyer “Edimburgh”  autoridades locais e regionais, como tam-
                                                                               bém com o público em geral, uma vez que
                            EUA         MARINHA      1 Avião de Patrulha Marítima P3-C   os submarinos portugueses estiveram aber-
                                                             (31 Horas)
                                                                               tos a visitas.
                                                                                        REVISTA DA ARMADA • JUNHO 99  11
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