Page 367 - Revista da Armada
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Mensagem de Natal e Ano Novo
do Almirante CEMA
esta época tão especial, a que grande parte cidadania militar, incluindo a disponibilidade per-
da humanidade atribui um carácter festivo manente para qualquer sacrifício.
Ne a maioria das pessoas assume uma atitude Com o grande sentido de dever que nos é pró-
interior mais fraterna e solidária, desejo expressar, a prio, continuámos, ao longo do ano que agora
todos os que servem Portugal na Marinha, votos de finda, a desenvolver de forma eficiente as activi-
um Bom Natal e Novo Ano, plenos de felicidade. dades que competem à Marinha em todas as áreas
Ano Novo que todos es- funcionais. Os nossos navios,
peramos seja próspero, ven- fuzileiros e mergulhadores
turoso e, sobretudo, cheio de marcaram presença em vários
paz. Este bem inestimável, FOTO: EDUARDO TOMÉ (DN) continentes, servindo os inte-
tão lembrado pelos homens resses nacionais e comple-
de boa vontade nesta época mentaram as autoridades
do ano tem um valor especial marítimas na actividade per-
para nós, militares, que co- manente do exercício das res-
nhecemos melhor do que ponsabilidades do Estado nas
qualquer outro cidadão o que nossas zonas de soberania e
significa a sua ausência. É por de jurisdição nacional. A pre-
isso que pugnamos pelos fac- sença média de 5,5 navios no
tores que podem fomentar e mar em cada um dos 366 dias
preservar a paz e advogamos deste ano dá conta desse
a existência de forças ar- esforço em termos estatísti-
madas capazes de defender o cos. Em Timor, na Bósnia e
interesse nacional e consti- em África, em terra ou no
tuirem um elemento de equi- mar, integrados em forças
líbrio e de dissuasão de aven- nacionais, das Nações Uni-
tureirismos externos. das, da NATO, da UEO ou da
No entanto, o materialismo EUROMARFOR, os nossos
desenfreado dos nossos dias, homens e mulheres cumpri-
a falta de cultura de segurança e de defesa, e por ram eficientemente, com determinação e competên-
vezes, também, alguma insensibilidade, levam cia as missões que lhes foram atribuídas, granjean-
parte da sociedade a entender mal as despesas com do prestígio para a Marinha e para o País.
a defesa nacional, ignorando que só em paz e segu- Valeu a pena o esforço feito em 2000. Valerá a
rança ela poderá desfrutar da qualidade de vida, pena o esforço a desenvolver em 2001 na mesma
cegamente perseguida. Por isso, o apetrechamento linha de rumo, dignificando as nossas tradições,
das forças armadas é tantas vezes indevida e honrando a memória dos marinheiros nossos
perigosamente esquecido e não é lembrada a antepassados e, sobretudo, servindo com dedicação
equidade que assiste aos seus homens. e espírito de bem fazer o Povo Português. Ele
Alimentei fundadamente a esperança de que merece e compreende toda a nossa generosa
nesta tradicional mensagem pudesse dar a boa capacidade de entrega.
nova da assinatura do contrato da construção, A todos os servidores da Marinha, militares, mili-
pelos menos dos patrulhas oceânicos, e acreditei tarizados e civis, lembrando em especial os que
que seria legítimo esperar a satisfação de alguns estão longe, renovo os sinceros votos de Bom Natal
anseios sociais do nosso pessoal. Tal não aconteceu e de um Novo Ano com muitas felicidades, e com a
até ao momento em que escrevo este texto, por esperança que se cumpra o nosso lema "A Pátria
motivos que me são alheios. honrai que a Pátria vos contempla".
Faço votos para que, em 2001, sejamos mais lem-
brados na concretização dos programas de
navios que tardam em aparecer e que seja Nuno Gonçalo Vieira Matias
reconhecida pelo Estado a especificidade da Almirante
REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2000 5