Page 369 - Revista da Armada
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uma menor sofisticação inviabilizará  forças da Marinha” proporcionará consi-  -naval permitirá continuar e aprofundar os
         desempenhos adequados às necessidades  deráveis benefícios ao país. Na perspecti-  enormes progressos verificados na pretéri-
         estratégicas do país e não proporcionará  va económica, para além de reactivar e  ta década, ao nível da formação e do
         contrapartidas de segurança equivalentes  conferir a experiência necessária para que  desempenho, em resultado do aumento ao
         aos seus custos, por mais reduzidos que  a indústria naval portuguesa possa compe-  efectivo das fragatas da classe “Vasco da
         sejam. Desta forma, frustrar-se-ão as ex-  tir internacionalmente, construindo navios  Gama”. Na perspectiva da segurança - a
         pectativas do decisor político que pre-  de guerra de outras Marinhas, representará  razão de ser de uma marinha militar -
         tende preservar o interesse nacional,  uma excelente oportunidade para, através  meios modernos conferirão maior eficácia
         degradar-se-á a imagem da Marinha junto  de um adequado conjunto de contra-  às acções destinadas a responder melhor
         da sociedade nacional, e os militares, pe-  partidas, fomentar diversos sectores da  aos problemas e às solicitações  de defesa,
         rante a pouca utilidade do seu esforço,  industria nacional. Na perspectiva moral,  tal como são entendidas pelos decisores
         sentir-se-ão desmotivados. Em presença  galvanizará as diferentes gerações de mi-  políticos e pelos cidadãos.
         destes factos, parece lícito afirmar que o  litares de Marinha para os desafios da
         tipo de reequipamento concebido no estu-  organização, da logística e do emprego       António Silva Ribeiro
         do “Contributos para o planeamento de  dos novos meios. Na perspectiva técnico-                      CFR



                                       ACADEMIA DE MARINHA

         ● No passado dia 26 de Setembro, reali-  tamento das tripulações, passando poste-  As políticas comerciais marítimas
         zou-se no auditório da Academia de  riormente para a construção naval na-  seguidas pelos nossos governantes da época
         Marinha uma sessão cultural, onde o Vice-  cional e alguns aspectos da legislação  permitiram que se tivesse atingido o apogeu
         Almirante Abílio Cruz Júnior apresentou  abrangente de toda esta actividade  do desenvolvimento da nossa frota mercante
         uma comunicação subordinada ao tema  económica.                       no final do séc. XVIII e início do séc. XIX.
         “O Transporte Marítimo na segunda
         metade do séc. XVIII”. A mesa foi presidi-
         da pelo Contra-Almirante Rogério d’
         Oliveira, Presidente da Academia de
         Marinha, estando presentes muitos convi-
         dados.
           O orador fez uma abordagem do trans-
         porte marítimo português de 1750 a
         1800, insistindo em considerações sobre
         as estatísticas das mercadorias a trans-
         portar, do movimento marítimo nos por-
         tos nacionais e na comparação do arma-
         mento nacional e estrangeiro naquele
         período.
           Seguidamente referiu-se às políticas dos
         fretamentos e seguros, bem como do alis-


         ● O Comandante António Silva Ribeiro foi  grandes eclipses das nossas Forças Ar-  cultura do planeamento, de forma a possi-
         o orador da comunicação intitulada “Os  madas, o orador fez considerações sobre a  bilitar uma adequada e justa repartição dos
         desafios ao saber, à organização e à for-  clarificação da função social das Forças  recursos humanos nacionais. Quanto a
         mação militar no século XXI”, apresentada  Armadas, através do fortalecimento da von-  estes torna-se indispensável clarificar as
         na sessão cultural realizada no passado dia  tade nacional e do devido lugar a conceder  relações de trabalho, aumentando os níveis
         17 de Outubro, no auditório da Academia  à informação pública.        de responsabilidade e de auto controlo no
         de Marinha, sendo a mesa presidida pelo  Referiu-se, seguidamente à instrumenta-  seio da organização militar.
         seu Presidente, CALM Rogério d’Oliveira.  lização das Forças Armadas pelo poder  Quanto ao associativismo militar, o con-
           Depois de uma introdução manifestando  político, quando a este tal lhe convém, o  ferencista equacionou os seus perigos e van-
         a opinião de haver uma incapacidade  que se tem verificado com demasiada fre-  tagens, esclareceu como funciona em alguns
         nacional para prever e planear o futuro,  quência, sendo por isso indispensável refor-  países da Europa, e manifestou a opinião de
         que no campo militar, tem provocado  mar o exercício da cidadania e difundir a  ser indispensável organizar-se sobre este
                                                                               assunto uma análise serena e responsável,
                                                                               livre de exageros de parte a parte.
                                                                                 Por fim, enumerou os desafios que hoje
                                                                               se põem ao saber e à formação militar, um
                                                                               pouco afastados da formação clássica a que
                                                                               estamos habituados, surgindo com isso
                                                                               perspectivas antagónicas, o que torna
                                                                               urgente e indispensável a concepção de
                                                                               uma alternativa válida e coerente, sem o
                                                                               que os erros acumulados terão custos muito
                                                                               graves num futuro não muito distante, e nós
                                                                               cada vez mais afastados do sucesso.

                                                                                        (Colaboração da Academia de Marinha)
                                                                                      REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2000  7
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