Page 18 - Revista da Armada
P. 18

nação, foi obra do Exército. Não foram fáceis
                      Gov. de Província e Distrito do Ultramar                 os primeiros anos de regímen, então apelida-
                                                                               do de ditadura.
                                                                                 A primeira tentativa séria para o derrube
                                                                               do regímen instituído em 1926, viria a dar-se
                                                                               em 3 de Fevereiro de 1927 com a revolta do
                                                                               Porto, seguida do 7 de Fevereiro, em Lisboa.
                                                                                 Sufocadas as rebeliões militares numa e
                                                                               noutra cidade, que tomaram aspecto san-
                                                                               grento, o regímen consolidar-se-ia sem pertur-
                                                                               bação de maior, a qual se viria a dar entretanto,
                                                                               em Abril de 1931, com a revolta da Madeira.
                                                                                 Este golpe militar, que se iniciara no ar-
                                                                               quipélago dos Açores, sem consequências, fez
                                                                               da ilha da Madeira o seu reduto. Chefiavam-
                                                                               -no os elementos vencidos do 7 de Fevereiro.
                                                                               O governo de então, da presidência do ge-
                   CALM                   CFR                  CALM
               Salazar Moscoso       E. Almeida Carvalho    Coroliano F. Costa   neral Domingos de Oliveira, verifica que não
                 1867-1927              1867-1924             1866-1930        é possível jugular a revolta da ilha sem a
                                                                               Marinha, até porque qualquer insucesso teria
                                                                               sérias repercussões internacionais.
                                                                                 Antecipando-nos, a nossa velha aliada
                                                                               mandara entretanto para a ilha dois cru-
                                                                               zadores, sob o estafado pretexto da prote-
                                                                               cção aos seus nacionais.
                                                                                 A Marinha, que então chegara ao zero
                                                                               naval, é mobilizada.
                                                                                 Uma expedição militar embarcada em
                                                                               navios mercantes, comboiada por pesqueiros
                                                                               improvisados em caça-minas, com o apoio de
                                                                               dois ou três navios de guerra entre os quais o
                                                                               último cruzador, o “Vasco da Gama”, che-
                                                                               garia ao arquipélago sob o comando superior
                   1TEN                  CTEN                   CMG            do Ministro da Marinha, vice-almirante Luís
              A. Henrique Metzener   B. Mendes Almeida      Pedroso de Lima    António de Magalhães Corrêa. Após curtos
                 1868-1911              1874-1934             1880-1937
                                                                               bombardeamentos do “Vasco da Gama” com
                                                                               a cooperação de hidros da aviação naval,
                                  ria como  regime vigente de Sidónio Pais.    seguidos dos desembarques de forças do
                                  uma uni-    É seu comandante o capitão-de-fragata  Exército, os revoltosos render-se-iam a 2 de
                                  dade de   Júdice Biker também com uma honrosa folha  Maio. Regressa a força naval a Lisboa, cum-
                                  elite, dá-  de serviços prestados no Ultramar. Esta força  prida a sua missão.
                                  -nos ex-  de Marinha actuou na zona de Quelimane em  É então a altura do Chefe do Estado, gene-
                                  pressivo  circunstâncias críticas, pois após a tomada de  ral Carmona, agradecer à Marinha, fazendo-o
                                  testemu-  Nhamacurra peloa alemães, supunha-se imi-  a bordo do “Vasco da Gama” onde, falando
                                  nho o Co-  nente um ataque à cidade. A reforçar a acção  do convés da pôpa para toda a guarnição reu-
                                  mandan-   do batalhão, desembarcou uma força do  nida a meia nau, disse:
                                  te-Chefe,  “Adamastor”, esta comandada pelo guarda-  - Senhor Comandante, senhores oficiais, sar-
                                  ao legar,  -marinha Arantes Pedroso que colaborou na  gentos e praças do cruzador “Vasco da Gama”:
                                  após   a  pacificação das regiões sublevadas pela pas-  Ainda há poucos dias aqui tinha estado para lhes
                                  campa-    sagem dos alemães. Ainda em Moçambique,  fazer um pedido: que auxiliassem alguns homens
                   CTEN           nha, a sua  na revolta do Barué, distingue-se novamente  de bem a fazer alguma coisa pela nossa Pátria.
               Henriques de Brito
                 1922-1969        espada à  Prestes Salgueiro, no comando de outra força  Numa situação desagradabilíssima e perigosa
                                  Armada e  de desembarque do “Adamastor”.     para Portugal, a Marinha portou-se, mais uma
         que hoje se encontra em lugar de honra, no  Nestas diversas operações no norte da  vez, brilhantemente.
         Museu de Marinha.A acção mais notável da  província, também prestaram relevantes  Obrigado, marinheiros!
         campanha decorreu no entanto, já não sob a  serviços as guarnições da esquadrilha do  Nestas breves cerimónias estritamente
         chefia de Coriolano da Costa, que entretanto  Zambeze. A lancha canhoneira “Tete”, que  militares, e em momento difícil para o regí-
         regressaria à metrópole por doença, mas de  da mesma fazia parte, acabaria por ser  men, quis o destino juntar três ex-alunos,
         um outro distinto oficial que lhe sucedeu no  destruída pela explosão da caldeira, suspei-  contemporâneos na Luz: o presidente da
         comando.                           tando-se de uma bomba introduzida na  República, o ministro da marinha e o coman-
           Do batalhão da Marinha, fizeram parte,  lenha do combustível.       dante do cruzador, capitão-de-mar-e-guerra
         entre outros oficiais, os segundos-tenentes  A explosão vitimou o seu jovem coman-  Joaquim de Melo Coutinho Garrido.
         Oliveira Pinto e Santos Moreira. O primeiro  dante, o 2º tenente Barcelos Nascimento, o  A Marinha, que não fizera o “28 de Maio”,
         seria agraciado com a medalha de prata de  primeiro do seu curso na Escola Naval e já  consolidara o “28 de Maio”.
         Valor Militar.                     com um expressivo louvor por serviços
           O outro batalhão expedicionário que foi  prestados na Guiné.                          A. Almeida Brandão
         enviado a Moçambique, sendo Ministro da  8 – Enquanto o “5 de Outubro” se deveu                    CALM
         Marinha Carlos da Maia, englobava os ma-  essencialmente à Marinha, o “28 de Maio”     (Fotos do Arquivo Central –
         rinheiros que se haviam amotinado contra o  que, igualmente, teve o consenso geral da  – Biblioteca Central da Marinha)

         16 JANEIRO 2003 • REVISTA DA ARMADA
   13   14   15   16   17   18   19   20   21   22   23