Page 234 - Revista da Armada
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A Corveta Sagres
                               A Corveta Sagres



                                                              lançado à água, em
                                                              Junho de 1858, en-      Ficha da Corveta Sagres
                                                              contrava-se presente   Comprimento fora-a-fora   79,0 m
                                                              o conde do Lavradio,   Boca                  9,9 m
                                                              ministro português.  Pontal                  6,15 m
                                                               Depois de efectuar   Altura do mastro grande   32,5 m
                                                              as provas de mar o   Calado                  4,47 m
                                                              navio largou de Ports-  Deslocamento máximo   1.382 t
                                                              mouth, no dia 14 de
                                                              Setembro de 1958.   O navio estava armado com 10 peças de arti-
                                                              Após uma viagem  lharia e esteve integrado, por diversas vezes, em
                                                              tranquila, que durou  missões de carácter diplomático, chefiadas pelo
                                                              apenas quatro dias, o  infante D. Luís, que era oficial de Marinha. Efec-
                                                              navio chegou a Lisboa,  tuou também algumas viagens de instrução.
                                                              onde fundeou, no dia   Nas suas missões a corveta Sagres visitou,
                                                              18 do mesmo mês.  entre outros, os seguintes portos estrangeiros:
                                                               Em Janeiro de  Southampton, Greenhithe, Antuérpia, Bordéus,
                                                              1863, encontrando-  Tânger, Gibraltar, Vigo, Génova, Rio de Janeiro,
         A Corveta Sagres – Escola de Alunos Marinheiros.
                                                              -se o Comandante  Salvador e Pernambuco.
               primeiro navio da Marinha Portuguesa  Álvaro Soares Andreia na posse da «car-  No dia 13 de Novembro de 1876 passou ao
               com o nome Sagres era uma corveta,  ta de prego», o navio largou de Lisboa. A  estado de desarmamento. Abrigou a partir de
         O  em madeira, construída nos estaleiros  comissão deveria ser efectuada sob o co-  então a recém criada Escola de Alunos Mari-
         Messrs. Young, Son and Magnay, em Limehou-  mando da Estação Naval de Angola, com a  nheiros do Porto. Para o efeito o navio foi sujei-
         se, Inglaterra. Os planos foram elaborados pelo  importante missão de reprimir o tráfico de  to a um período de fabricos durante o qual lhe
         engenheiro Charles Cousins e foi construído  escravos e o contrabando, e proteger o co-  foi retirado o motor propulsor, bem como feita
         sob a supervisão do Almirante Sir George Sar-  mércio lícito.
         torius. Em termos de armação tratava-se de   Em 1866 a Sagres
         uma galera de três mastros. Foi equipada com  foi sujeita a grandes
         quatro caldeiras de baixa pressão, construídas  fabricos que incluí-
         pelo fabricante Messrs. Humphreys, Tennant  ram a substituição
         and Dyke, de Deptford, que forneciam uma  das peças de artilha-
         potência de 300 cavalos. Tratava-se pois de um  ria, das caldeiras e da
         navio misto. Esta característica, numa época  mastreação.
         em que ainda escasseavam os navios a motor,   No final de 1868
         conferiu-lhe o título de melhor navio da sua  voltou à Estação Na-
         categoria. Até porque, exclusivamente a motor,  val de Angola, com os
         podia atingir uma velocidade de 12 nós.  mesmos objectivos da
           O navio tinha castelo e tombadilho e ain-  comissão anterior.
         da uma superestrutura, a ré do traquete. O   Em 1873, após uma
         seu interior encontrava-se dividido em três  reparação prolongada,
         pavimentos.                        o navio regressou a
           A mastreação era toda em madeira e para  Luanda, transportan-
         além dos mastros reais possuía mais dois mas-  do o Almirante José   A Corveta Sagres fundeada no Douro.
         taréus. O gurupés prolongava-se com o pau  Baptista de Andrade,
         da bujarrona. Em cada um dos mastros cru-  recentemente nomeado Governador-Geral e  a adaptação dos espaços livres a fim de servi-
         zavam quatro vergas. Nos mastros traquete e  Comandante da Estação Naval de Angola.  rem como salas de aula, cobertas e camarotes.
         grande encontrava-se fixa uma carangueja e   Durante cerca de dezoito anos efectuou  O armamento, já obsoleto, foi substituído por
         na gata uma carangueja e uma retranca, onde  inúmeras e variadas missões, ao serviço da  outro mais recente, para fins de instrução.
         envergava pano latino. Quando o navio foi  Marinha Real.                Depois de devidamente adaptada, a corveta
                                                                               Sagres foi então rebocada até ao rio Douro, no
                                                                               Porto, onde permaneceu fundeada. Recebeu
                       Comandantes da Corveta Sagres                           os seus primeiros alunos em Maio de 1884.
                                                                                 Em 1898, devido ao estado de degradação da
          Capitão-de-fragata Paulo Centurini                5/6/1858 – 1/12/1860  corveta Sagres, a Escola de Alunos Marinheiros
          Capitão-tenente Bruno Nugent White                1/12/1860 – 1/6/1861  do Porto foi transferida para a corveta Estefânia.
                                                                                 No dia 7 de Setembro desse mesmo ano a
          Capitão-tenente Álvaro José de Sousa Soares Andreia   1/6/1861 – 13/10/1866
                                                                               corveta Sagres foi abatida ao efectivo dos na-
          Capitão-de-fragata Joaquim Francisco Schultz   13/10/1866 – 20/10/1866  vios da Armada. Viria a ser desmantelada pou-
          Capitão-de-fragata Cristiano Augusto da Costa Simas   20/10/1866 – 7/4/1869  co tempo depois.
                                                                                                               Z
          Capitão-tenente Francisco Viegas do Ó            7/4/1869 – 26/11/1873
                                                                                           António Manuel Gonçalves
          Capitão-tenente Francisco Teixeira da Silva    26/11/1873 – 26/11/1875                            CTEN
          Capitão-tenente Carlos Eugénio Correia da Silva   26/11/1875 – 13/11/1876  Fotografias:
                                                                               Arquivo Fotográfico do Museu de Marinha

         16  JULHO 2004 U REVISTA DA ARMADA
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