Page 37 - Revista da Armada
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Património Cultural da Marinha
Património Cultural da Marinha
Faróis de Portugal
5. FAROL DO CABO CARVOEIRO
O Farol do Cabo Carvoeiro faz parte do grupo de seis fa- nas proximidades do canal entre as Berlengas e Peniche,
róis mandados edificar pelo alvará pombalino de 1 de Fe- residindo a necessidade de maior alcance na Berlenga, si-
vereiro de 1758 que criou o Serviço de Faróis em Portugal. tuada 5,5 milhas a oeste deste.
Entrou em funcionamento em 1790, sendo um dos mais Em 1886 foi dotado de um sinal sonoro constituído por
antigos da costa portuguesa. uma trombeta de palhetas, activado por ar comprimido ar-
A sua torre original, de secção quadrada com 20,9 me- mazenado em grandes reservatórios para onde era carre-
tros de altura, era constituída por três corpos, sendo o da gado através de um compressor a vapor de 4 cavalos. Este
base um tronco de pirâmide, sinal era estabelecido pelos
encimado por dois paralelepí- faroleiros em condições de
pedos. No seu topo estava ins- visibilidade reduzida, sen-
talada um lanterna de oito fa- do actualmente um sistema
ces com 8,2 metros de altura. electroacústico activado por
Junto da torre existiam alguns um detector automático de
edifícios e uma igreja que em nevoeiro.
1865 se encontrava em ruínas O aparelho lenticular de
e era identificada como sendo 3º Ordem foi substituído
a Ermida de N. Sª. da Vitória, em 1923 por um girante de
sobre a qual consta ter existi- 4ª Ordem, passando a apre-
do uma luz para guiar os na- sentar quatro relâmpagos em
vegantes. substituição da luz fixa, mas
Pouco se sabe do seu equi- mantendo a cor vermelha. A
pamento inicial embora se fonte de energia do aparelho
imagine que devia consistir iluminante passou a ser o gás
de um conjunto de candeei- em 1947 e em 1952 foi insta-
ros de Argand com reflectores lada a lâmpada eléctrica.
parabólicos, semelhante aos No ano de 1949 foi mon-
utilizados noutros faróis seus tado no recinto, um radiofa-
contemporâneos. Era preci- rol, que viria a ser extinto em
samente uma árvore com 16 2001 por ter deixado de ser
candeeiros de Argand que o útil à navegação.
equipavam, de acordo com O farol foi automatizado,
uma descrição do Engº Hi- em 1988 com a instalação
drógarfo Pereira da Silva em de um novo aparelho óptico/
1865. /iluminante composto de um
A “Comissão de Pharois e tambor com ópticas seladas.
Balisas” incumbida em 1881 Este sistema consiste de um
de elaborar um “Plano de conjunto de ópticas seladas
Alumiamento das Costas, do tipo das utilizadas nos au-
Portos e Barras do Continen- tomóveis, fixas nas faces de
te e Ilhas Adjacentes”, consi- um prisma hexagonal, apre-
derou o farol em muito mau estado e determina a sua re- sentando uma baixa relação alcance/consumo.
edificação. O farol é guarnecido por oito faroleiros que, além de
Um Aviso aos Navegantes de 1 de Fevereiro de 1886 in- manterem o assinalamento marítimo da região, guarnecem
dicava que o novo farol estava pronto, com uma torre de desde 1975 o Farol da Berlenga, em grupos de dois e por
20,6 metros encimada por uma lanterna de 5 metros de al- períodos de uma semana.
tura por 2,5 de diâmetro, estava equipado com um aparelho Mais recentemente, em Dezembro de 2002, foi instalada
óptico de 3ª Ordem, provido de um candeeiro a petróleo no farol, uma estação de GPS Diferencial que, juntamen-
de três torcidas, apresentando uma luz fixa vermelha com te com uma outra instalada em Sagres, asseguram a trans-
cerca de 17 missão de correcções ao GPS cobrindo todo o território
Local: Península de Peniche milhas de al- do continente.
Altura: 27 m cance, o que, Fica assim um dos primeiros faróis da nossa costa intima-
Altitude: 57 m não sendo ele- mente ligado ao sistema de posicionamento mais actual,
Luz: Rl(3) Vm 15s vado, era sufi- que permite a determinação da posição, de forma automá-
Alcance: 15 M ciente pois este tica e com um rigor da ordem dos 5 metros.
Óptica: Tambor de ópticas seladas apenas serve
Ano: 1790 quem navega Direcção de Faróis