Page 386 - Revista da Armada
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ACADEMIA DE MARINHA


                                    Sessão Cultural
                                    Sessão Cultural


               Academia reabriu a 01SET,
               tendo-se realizado no pas-
         A  sado dia 21SET, uma das
         habituais sessões culturais, em que
         a oradora foi a Sra. Dra. Eva Maria
         Von Kemmitz Ortigão Neves, que
         dissertou sobre “A participação
         da Armada Portuguesa nas diver-
         sas relações com o Norte de África
         (séculos XVIII e XIX)”.
           Após ter sido apresentada à assis-
         tência pelo Presidente da Mesa, Profª.
         Doutora Raquel Soeiro de Brito, a
         oradora fez uma pequena introdução
         ao tema referindo-se às instituições
         militares portuguesas nas sua rela-
         ções politico-militares com os potentados do  do posto de intérprete oficial para a língua  distúrbios resultantes da luta pelo poder
         Norte de África nos séculos XVIII e XIX e nas  árabe, para dar cobertura ao serviço diplo-  dos quatro filhos do Sultão falecido.
         vicissitudes várias por que passaram essas  mático e em 1813 à gestão e reorganização   Concluiu afirmando que a proximidade
         relações ao longo destes dois séculos, princi-  do curso de língua árabe que foi entregue à  geográfica com o Norte de África obrigou
         palmente com as Regências de Argel, Tripoli  Secretaria de Estado dos Negócios da Ma-  de facto Portugal a não poder alhear-se dos
         e Túnis, na época do Antigo Regime.  rinha e Domínios Ultramarinos. Descreveu  problemas ali ocorridos e daí a defesa dos
           A oradora deu relevo ao papel dos mili-  a oradora a comitiva de oficiais, sargentos,  interesses estratégicos nacionais e dos súb-
         tares neste processo, em especial ao da Ar-  tambores, soldados, músicas e barraqueiros  ditos portugueses.
         mada Real e dos seus quadros superiores  que acompanham as diversas missões que   Estavam presentes diversas entidades liga-
         nas negociações diplomáticas dos quais re-  “eram confiadas aos militares que estavam na  das a organismos islâmicos e da cultura árabe,
         sultaram tratados com as entidades político  dependência directa da sua Instituição embora  bem como à história diplomática do nosso País,
         muçulmanas. Referiu-se ainda à importância  obviamente representassem o rei. Muitos deles  membros da Academia e outros convidados.
         do Tratado de Paz e Comércio de 1774 entre  eram estrangeiros, radicados em Portugal e ao   Foram feitas diversas perguntas à orado-
         Portugal e Marrocos, “cujo 230º aniversário  serviço de Portugal”.    ra que aproveitou a ocasião para esclarecer
         celebramos no ano em curso e que alterou deci-  Abordou, ainda, a divisão naval coman-  melhor algumas passagens da sua comuni-
         sivamente o carácter desses contactos no âmbito  dada pelo então Infante D. Luís, a bordo da  cação, enriquecida com a projecção de diver-
         bilateral e abriu possibilidades de imprimir um  corveta “Bartolomeu Dias”, que foi enviada  sos transparentes.
         novo cunho também aos contactos com outras  a Tanger para proteger os súbitos portugue-               Z
         potências da região”. Citou a  criação em 1784  ses e estrangeiros ameaçados por motins e   (Colaboração da Academia de Marinha)




                              Apresentação de um Estudo
                              Apresentação de um Estudo
                    sobre a “História Trágico-Marítima”
                    sobre a “História Trágico-Marítima”


              fectuou-se no passado dia 09NOV,                         Seguidamente a Dr.a Dulce Gonçalves esclareceu que
              no auditório da Academia de Mari-                      o seu estudo se divide em duas partes: na primeira, pro-
         Enha, a apresentação do livro “Diálo-                       curou delinear os antecedentes históricos e literários dos
         go com a Africanidade na História Trági-                    relatos de quatro naufrágios ocorridos no século XVI nas
         co-Marítima”, agraciado, em 2000, com o                                    costas meridionais da África Orien-
         prémio Almirante Teixeira da Mota.                                         tal e na segunda parte abordou as
           Como habitualmente, quando das obras                                     narrativas com o objectivo de desco-
         editadas pela Comissão Cultural, o seu                                     brir as mundivivências náuticas dos
         presidente, CALM Leiria Pinto, deu a co-                                   portugueses de Quinhentos. Como
         nhecer, em breves palavras, os dados bio-                                  conclusões do trabalho apresentado
         gráficos da autora, Dr.ª Dulce Gonçalves,                                   afirmou que as mesmas conduzem-nos
         mencionando a respectiva experiência                                       a perceber uma das características fun-
         profissional e as actividades pedagógico-                                   damentais do ser português e portanto
         -culturais realizadas, tendo, neste âmbito,                                do ser humano: a capacidade de fazer da
         salientado a sua importante colaboração                                    adversidade um possível aliado.
         em revistas literárias e na coordenação de                                                            Z
         diversas acções de formação.                                                      (Colaboração da Comissão Cultural)

         24  DEZEMBRO 2004 U REVISTA DA ARMADA
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