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A Preservação do Património Cultural da Marinha
           A Preservação do Património Cultural da Marinha

                – Uma medida que se impõe no âmbito da Construção Naval –

         A                                                                          sim poder conhecer, no caso em questão,
              História poderá ser entendida
                                                                                    o que era a vida a bordo. É imprescindível
              como a memória do passado,
                                                                                    pois que se proceda à musealização do
              a qual facilita a compreensão
         do presente e, de certo modo, contribui                                    espaço em que se localiza a exposição do
         para perspectivar o futuro. Este concei-                                   património, facto que o tornará mais ape-
         to aplica-se não só aos indivíduos como                                    lativo e didáctico.
         também às instituições, já que ambos se                                     Na realidade, a Marinha apenas dispõe
         identificam através das suas raízes ou seja                                 da fragata “D. Fernando II e Glória” como
         do seu passado.                                                            património de construção naval devida-
           Cada ser humano deverá assim trans-                                      mente musealizado e, no Museu, parte
         mitir, aos que lhe sucedem, quer a História                                das camarinhas reais do iate “D. Amélia”.
         que recebeu, quer a relativa aos aconteci-                                 Uma lancha de desembarque pequena en-
         mentos da sua época, com risco de, se o                                    contra-se instalada na Escola de Fuzileiros
         não fizer, a memória do passado poder ser                                   e está previsto que uma de desembarque
         deturpada e incorrectamente reescrita.                                     média ficará na Base de Fuzileiros, no Al-
           Todo o verdadeiro conhecimento histó-                                    feite. Tem-se conhecimento que a AORN
         rico é principalmente baseado nas denominadas  líquido, foram abatidos e transformados em sim-  projecta recuperar uma lancha de fiscalização
         fontes, documentais ou materiais, que são conce-  ples sucata, tendo-se perdido irremediavelmente  pequena e que o Grupo de Amigos do Museu
         bidas por aqueles que participaram nos aconteci-  todo o património histórico que representavam e  de Marinha, comemorando o 50º aniversário da
         mentos ou deles tiveram conhecimento directo.   a possibilidade de dar a conhecer, ao público em  sua fundação e com o apoio da empresa PT-Co-
           A Marinha, como instituição, possui várias  geral, o modo como as suas guarnições viviam no  municações, tenciona no próximo ano criar, no
         fontes, embora algumas estejam na posse de  desempenho das respectivas tarefas.   Museu de Marinha, a reconstituição da primei-
         privados. As fontes documentais fazem parte do   Entretanto, começaram recentemente a ser  ra cabine de TSF a bordo de um navio mercante
         acervo do seu Arquivo Histórico, enquanto as  abatidos os navios do último programa naval  português.
         materiais encontram-se expostas no Museu de  do Estado Novo: fragatas, corvetas, submarinos   Considerando que a Marinha não possui nem
         Marinha. O seu conjunto constitui parte impor-  e lanchas de fiscalização e de desembarque, ca-  recursos financeiros, nem humanos e nem sequer
         tante do Património Cultural Naval.  racterizados por possuírem sistemas de propul-  espaços disponíveis para manter unidades na-
           Constata-se contudo que as fontes materiais,  são abastecidas a gasoleo e com superestruturas  vais que tenham deixado o serviço, poderá quan-
         nomeadamente as respeitantes ao património  de alumínio, unidades estas que até ao fim da  to muito o Museu expor fracções de navios, como
         da construção naval, objecto deste apontamen-  presente década deixarão de pertencer ao efec-  por exemplos: a ponte, o centro de comunicações,
         to, são diminutas.                 tivo dos navios da Armada. Perante este facto  o centro de operações, a botica ou alojamentos,
           Assim, tipos de navios que marcaram uma  considera-se necessário que sejam tomadas, com  põe-se a hipótese de ser a Sociedade Civil dina-
         época como foram os do programa naval de 1858  brevidade, iniciativas em relação a estes navios a  mizadora da iniciativa de preservar parte do pa-
         de Sá da Bandeira: canhoneiras-mistas e corve-  fim de que o património histórico que testemu-  trimónio da construção naval.
         tas, navios de propulsão mista com parte do cas-  nham não siga o exemplo dos seus antecessores,   Nestes termos incentivam-se as Câmaras Mu-
         co em ferro que fizeram a transição da vela para  isto é, se perca.    nicipais, Fundações, Empresas e Associações a se-
         a máquina a vapor, os do programa de Jacinto   Por outro lado, constata-se que tradicional-  guir o exemplo de algumas autarquias de cidades
         Cândido, 1896, que constava de cruzadores, ca-  mente o património histórico é apresentado de  ribeirinhas que formalmente já solicitaram, para
         nhoneiras e contratorpedeiros, navios de propul-  um modo estático, situação que está ultrapassa-  fins museológicos, a aquisição de navios que a
         são exclusivamente mecânica e de casco de aço e,  da. Actualmente o material museológico deve  curto prazo serão abatidos.
         finalmente, do programa de 1930 de Magalhães  ser exposto de uma forma dinâmica, de modo               Z
         Corrêa: avisos e contratorpedeiros com máqui-  a permitir que o visitante seja integrado no es-  J. L. Leiria Pinto
         nas na sua maioria alimentadas a combustível  paço em que esse material estava instalado e as-     CALM


               INSTITUTO SUPERIOR NAVAL DE GUERRA


         Curso de Introdução à Geopolítica e Estratégia
         Curso de Introdução à Geopolítica e Estratégia

               ecorreu no período de 11 a 15OUT, no Instituto Superior  nistradas pelos professores militares do Instituto Superior Naval
               Naval de Guerra, o Curso de Introdução à Geopolítica e  de Guerra e uma de conferências temáticas, por individualidades
         DEstratégia (CIGE).                                                        de renome como o Professor Adria-
           O CIGE tem como objectivo habi-                                          no Moreira, o Professor Marques
         litar os oficiais subalternos em iní-                                       Bessa e o VALM Ferraz Sacchetti.
         cio de carreira com os conhecimen-                                           Este ano o CIGE contou com a
         tos básicos que proporcionem uma                                           presença de 17 oficiais, inferindo-se,
         melhor compreensão do sistema de                                           tendo em conta o interesse suscita-
         Relações Internacionais e da envol-                                        do e a análise dos resultados apura-
         vente estratégica em que se insere a                                       dos, um elevado grau de satisfação e
         aplicação do poder naval no cumpri-                                        mais valia para os formandos.
         mento das missões das FA’s, na sal-                                          O ISNG promoverá mais uma edi-
         vaguarda dos interesses nacionais.                                         ção do CIGE em 2005.
           O programa do curso compreen-                                                                       Z
         deu uma componente de lições, mi-                                                         (Colaboração do ISNG)
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