Page 361 - Revista da Armada
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Setting Sail
Setting Sail
7. GURUPÉS
Neste número vamos centrar a nossa atenção nas componentes Pau da bujarrona (18) – Mastaréu que emecha na pega do
do aparelho associadas ao gurupés. Como vimos, o seu compri- gurupés com a finalidade de o prolongar.
mento foi-se dilatando em resposta à necessidade de dispor de um Pau da giba (19) – Mastaréu que enfia pelo aro do pau da
cada vez maior número de velas de proa, como forma de equili- bujarrona e a partir do qual se prolonga. A exemplo do ante-
brar o efeito do pano igualmente crescente adicionado a ré. O seu rior, o seu nome deriva do facto de nele fazer arreigada o estai
papel é essencial tanto na maior eficácia conferida aos estais que onde enverga uma vela.
nele fazem arreigada, como pelo facto de as velas neles envergadas
possibilitarem uma navegação com vento mais escasso. Convém Pega do gurupés (20) – Pega encapelada no topo do guru-
em todo o caso relembrar que foi a existência deste apêndice que pés donde espiga o pau da bujarrona.
permitiu a derradeira evolução dos grandes veleiros, culminando Pega do pau da bujarrona (21) – Pega encapelada no topo
esta com a construção dos clippers mais velozes de todos os tem- do pau da bujarrona donde espiga o pau da giba.
pos por alturas do terceiro quartel do século XIX. Pica-peixe (22) – Pau virado para baixo e perpendicular ao
gurupés, fazendo fixo junto da corres-
Arrufamento (α) – Nome dado ao ân- pondente pega. Existe com finalidade
gulo formado entre o eixo do gurupés e de aguentar nesse sentido os paus da
o plano de flutuação do navio. Quando Foto CTEN António Gonçalves bujarrona e da giba, melhorando a
o valor do ângulo é grande diz-se que o acção dos respectivos estais – estais
gurupés está muito arrufado. do pau da bujarrona (23); e estais do
Beque (1) – Parte superior e proeminen- galope do pau da giba (24) –, que pas-
te da roda de proa, cuja principal função é sam pelo seu lais indo fazer fixo nas
dar solidez ao gurupés que nela encontra amuras do navio.
apoio. É no beque que assenta, quando Proa de beque – Proa de perfil curvo
existe, a parte posterior da carranca. com concavidade virada para vante e
Bico de proa – Extremidade superior da bico avançado.
proa do navio na altura do respectivo castelo. Proa lançada – Aquela em que a roda-de-proa é recta ou li-
Cabresto – Corrente ou cabo que aguenta o terço do gurupés para geiramente côncava, desenvolvendo-se o respectivo bico para
o beque, permitindo que este mastro suporte o esforço do vento que vante do pé-da-roda. O mesmo que proa de clipper.
se exerce no traquete e sobre as velas de proa envergadas nos estais Rede de gurupés (25) – Rede em forma de triangulo isósce-
que aí fazem arreigada. Existindo mais do que um, aquele que se en- les feita de cabo e colocada sob este mastro. Serve de protec-
contra mais dentro toma o nome de primeiro cabresto (2), recebendo ção aos marinheiros que aí trabalham, nomeadamente quan-
os seguintes numeração subsequente – segundo cabresto (3), etc. do abafam as velas de proa com mau tempo. Antigamente era
Carranca – Ornamento, geralmente talhado em madeira, que se conhecida como rede de cevadeira, designação serodiamente
estende para vante do beque por baixo do gurupés. O mesmo que empregue nos nossos dias, pelo facto de nesse local envergar
figura de proa. uma vela redonda com esse nome.
Contra-cabresto (4) – Corrente ou cabo que aguenta o lais do gu- Roda de proa (26) – Peça vertical que apoiada a vante na
rupés para a roda de proa, por fora dos cabrestos. Julgamos desem- extremidade da quilha fecha a ossada.
penhar função idêntica à da trinca do gurupés. Tamanca do gurupés (27) – Conjunto de duas peças em
Estais de proa – Cabos que aguentam o mastro do traquete para madeira colocadas junto à pega, uma de cada lado do guru-
vante, envergando alguns deles velas de proa que lhes dão o nome pés, existindo entre elas uma roda por onde passam o estai e
– estai da polaca (5); estai da bujarrona (6); e estai da giba (7). Regra o contra-estai do velacho.
geral os demais recebem o nome do local do mastro do traquete Trempe do gurupés – Dispositivo que, constituído por duas co-
onde fazem arreigada – estai do traquete (8); estai do velacho (9); lunas e dois malhetes de madeira, recebe a mecha da base do gu-
estai do joanete de proa (10); e estai do sobre de proa (11). rupés. Está para o gurupés como a carlinga está para o mastro.
Gurupés (12) – Espécie de mastro que surge disparado para vante Verga de cevadeira (28) – Verga atravessada perpendicular-
a partir da roda-de-proa, no prolongamento da linha de mediania. mente sob o gurupés cuja função é de espalha-cabos, com
Gurupés mocho – Aquele que na sua constituição integra uma o intuito de melhorar a eficácia dos patarrazes dos paus da
peça única, sem outros paus com vista à sua extensão. bujarrona e da giba. Também é conhecida como barbas-de-
baleia.
Mecha do gurupés (13) – Espécie de dente em forma de cubo exis-
tente na base do gurupés com a finalidade de embutir na respectiva Verga de sécia (29) – Pequena verga disparada perpendicu-
trempe para melhor fixação. larmente ao costado. Nos respectivos moitões habitualmente
fazem retorno os braços das vergas do pano redondo. As vergas
Patarraz – Cabo fixo ou corrente que aguenta para a amura o gu-
rupés – patarrazes do gurupés (14) –, o pau da bujarrona – patarra- de sécia localizadas próximo da proa têm como função propor-
zes do pau da bujarrona (15) –, o pau da giba – patarrazes do pau cionar retorno às amuras da vela do papa-figo do traquete.
da giba (16) – e o pica-peixe – patarrazes do pau do pica-peixe (17). António Manuel Gonçalves
Nos navios existem outros cabos com este mesmo nome e finalidade, CTEN
associados aos paus de surriola, turcos e vergas de sécia. am.sailing@hotmail.com