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Dia da Marinha




            Alocução do Almirante CEMA




              erante as altas individualidades presentes, o Almirante  para aproveitar os ventos favoráveis e retemperar o ânimo.
              CEMA afirmou:                                     Depois, assumiram capital importância para o controlo do Atlântico,
         P Em primeiro lugar, dirijo-me a V. Exas., para agradecer o lus-  tornando-se um dos mais valiosos instrumentos funcionais da política
         tre que a Vossa presença confere a esta cerimónia de grande significa-  externa portuguesa.
         do para a Marinha, em que celebramos a data da chegada de Vasco    Aqui se escreveram páginas ímpares da nossa história, como o he-
         da Gama à Índia, há 509 anos.                        róico combate que opôs o caça-minas “Augusto de Castilho” ao sub-
           Celebramos um passado, e presente, de orgulho, construído por  marino Alemão U-139, em 14 de Outubro de 1918. Desse e de outros
         gerações de homens e mulheres; militares, militarizados e civis, que  sacrifícios de então, dá público e eloquente testemunho o monumento,
         serviram e servem Portugal na Marinha. O seu labor, determinação e  aqui mesmo erigido em Ponta Delgada, aos Marinheiros que perece-
         coragem são o nosso horizonte de referência. Mas, este é, também, um  ram na Grande Guerra.
         momento em que queremos ver para além do horizonte, na demanda   Na Segunda Guerra Mundial, outras acções de grande coragem ocor-
         do futuro que estamos a construir.                   reram, como a do contratorpedeiro “Lima”, que logrou recuperar 118
           Este é, ainda, um momento em que, ao celebrar a Marinha, pro-  náufragos de navios torpedeados 340 milhas a sudoeste desta ilha.
         curamos reafirmar a impor-                                                          Hoje, a Marinha mantém,
         tância estratégica que o mar                                                     como sempre, a sua estreita li-
         tem para Portugal e contribuir                                                   gação aos Açores. Em boa ver-
         para o fortalecimento da von-                                                    dade, ao longo de quase seis
         tade nacional, pela afirmação                                                     séculos, a nossa vida tem sido o
         de uma mentalidade maríti-                                                       Mar, como bem apontou Vitori-
         ma, marca identitária da cul-                                                    no Nemésio, quando disse:
         tura do nosso Povo.                                                                “Não sou marinheiro mas
           Neste enquadramento, é,                                                        sou ilhéu e portanto embarca-
         pois, com muito gosto, que                                                       diço. Além de que a vida é, em
         agradeço a V. Ex.ª, Senhor Mi-                                                   si mesma,..., uma vasta e tre-
         nistro da Defesa Nacional, a                                                     menda singradura.”
         disponibilidade que teve para                                                      Ao povo Açoriano expresso
         presidir ao Dia da Marinha.                                                      aqui, publicamente, o agradeci-
           Uma palavra especial ao Se-                                                    mento e apreço da Marinha.
         nhor Presidente do Governo                                                          Permitam-me V. Exas. que
         Regional dos Açores, pelo aco-                                                   agora vos fale, mais em detalhe,
         lhimento prestado, tornando                                                      desta vossa instituição.
         possível a realização deste importante evento na Região Autónoma   Julgo ser incontroverso que o mar desempenha um papel essencial
         dos Açores, que tanto significa para todos os marinheiros e à qual me  para Portugal. Mas sendo assim, para além das intenções, é necessário
         ligam laços familiares e memórias indeléveis.        actuar! O seu potencial, sendo vasto, é, no entanto, finito. A sua rique-
           Aos Senhores Presidentes das Câmaras Municipais onde decorre-  za, estratégica para o desenvolvimento e bem-estar das populações,
         ram as festividades e, por maioria de razão, à Senhora Presidente da  requer, por isso, uma Marinha actuante, capaz de acautelar a sua mais
         Câmara Municipal de Ponta Delgada, um agradecimento sentido pelo  valia para os portugueses. Para tal, há que estar preparado para fazer
         apoio que nos quiseram dar.                          face a um amplo conjunto de desafios, de que saliento o terrorismo, a
           Manifesto, ainda, o meu reconhecido agradecimento pela presença  criminalidade transnacional, as agressões ambientais, a ocupação desor-
         de todos os dignitários, políticos, militares e eclesiásticos, que gentil-  denada do litoral e a exploração desenfreada dos recursos. Tudo num
         mente acederam ao nosso convite. É um sinal inequívoco de apoio que  ambiente complexo, caracterizado pela permeabilidade da fronteira
         nos reforça o alento para continuarmos a ser uma Marinha relevante,  marítima, pela imprevisibilidade do ambiente estratégico internacio-
         ao serviço dos superiores interesses do País, e na qual os nossos conci-  nal e pela conjuntura económico-financeira nacional.
         dadãos possam sempre confiar.                          É neste enquadramento, Senhor Ministro da Defesa Nacional, que
           Senhores Almirantes ex-Chefes do Estado-Maior da Armada   entendemos a Marinha como instrumento da Nação para usar o mar
           Senhores Generais representantes dos Chefes do Estado-Maior do  na justa medida dos seus interesses: seja como zona de defesa e segu-
         Exército e da Força Aérea Excelência                 rança; espaço de livre circulação; fonte de recursos e de conhecimento;
           Reverendíssima Bispo das Forças Armadas Senhores   ou veículo cultural.
           Directores-Gerais do Ministério da Defesa Nacional  Para melhor entendimento de todos os Portugueses que com os seus
           Senhores oficiais-generais comandantes militares nos Açores  impostos sustentam a nossa actividade, dividimos essa missão em três
         Açorianos,                                           funções essenciais:
           Volvidos 24 anos, assinalamos novamente o Dia da Marinha no Ar-  A defesa militar e o apoio à política externa do Estado;
         quipélago dos Açores. É uma forma sentida de prestar tributo e homena-  A segurança e autoridade do Estado no mar; e,
         gem a esta terra e às suas gentes, que nos têm sempre sabido acolher ca-  O apoio ao desenvolvimento económico, científico e cultural do País.
         lorosamente; com quem partilhamos uma identidade comum, o Mar; e    Para as cumprirmos temos de dispor de uma Marinha
         onde assume particular expressão a maritimidade da Nação Portuguesa.   Equilibrada – porque edificada segundo uma matriz coerente de ca-
         A rica e vasta história dos Açores funde-se com a gesta marinheira por-  pacidades para actuar no mar, ou a partir dele;
         tuguesa, porque foi a vontade de conhecer o além horizonte do agreste   Optimizada – porque eficaz no produto operacional e eficiente nos
         Atlântico, que levou ao seu descobrimento e, depois, à sua utilização  processos;
         como base estratégica e passagem obrigatória na rota de torna viagem,   De duplo uso – operando segundo uma lógica de integração e com-
                                                                                        REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2007  5
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