Page 187 - Revista da Armada
P. 187
Dia da Marinha
Alocução do Almirante CEMA
erante as altas individualidades presentes, o Almirante para aproveitar os ventos favoráveis e retemperar o ânimo.
CEMA afirmou: Depois, assumiram capital importância para o controlo do Atlântico,
P Em primeiro lugar, dirijo-me a V. Exas., para agradecer o lus- tornando-se um dos mais valiosos instrumentos funcionais da política
tre que a Vossa presença confere a esta cerimónia de grande significa- externa portuguesa.
do para a Marinha, em que celebramos a data da chegada de Vasco Aqui se escreveram páginas ímpares da nossa história, como o he-
da Gama à Índia, há 509 anos. róico combate que opôs o caça-minas “Augusto de Castilho” ao sub-
Celebramos um passado, e presente, de orgulho, construído por marino Alemão U-139, em 14 de Outubro de 1918. Desse e de outros
gerações de homens e mulheres; militares, militarizados e civis, que sacrifícios de então, dá público e eloquente testemunho o monumento,
serviram e servem Portugal na Marinha. O seu labor, determinação e aqui mesmo erigido em Ponta Delgada, aos Marinheiros que perece-
coragem são o nosso horizonte de referência. Mas, este é, também, um ram na Grande Guerra.
momento em que queremos ver para além do horizonte, na demanda Na Segunda Guerra Mundial, outras acções de grande coragem ocor-
do futuro que estamos a construir. reram, como a do contratorpedeiro “Lima”, que logrou recuperar 118
Este é, ainda, um momento em que, ao celebrar a Marinha, pro- náufragos de navios torpedeados 340 milhas a sudoeste desta ilha.
curamos reafirmar a impor- Hoje, a Marinha mantém,
tância estratégica que o mar como sempre, a sua estreita li-
tem para Portugal e contribuir gação aos Açores. Em boa ver-
para o fortalecimento da von- dade, ao longo de quase seis
tade nacional, pela afirmação séculos, a nossa vida tem sido o
de uma mentalidade maríti- Mar, como bem apontou Vitori-
ma, marca identitária da cul- no Nemésio, quando disse:
tura do nosso Povo. “Não sou marinheiro mas
Neste enquadramento, é, sou ilhéu e portanto embarca-
pois, com muito gosto, que diço. Além de que a vida é, em
agradeço a V. Ex.ª, Senhor Mi- si mesma,..., uma vasta e tre-
nistro da Defesa Nacional, a menda singradura.”
disponibilidade que teve para Ao povo Açoriano expresso
presidir ao Dia da Marinha. aqui, publicamente, o agradeci-
Uma palavra especial ao Se- mento e apreço da Marinha.
nhor Presidente do Governo Permitam-me V. Exas. que
Regional dos Açores, pelo aco- agora vos fale, mais em detalhe,
lhimento prestado, tornando desta vossa instituição.
possível a realização deste importante evento na Região Autónoma Julgo ser incontroverso que o mar desempenha um papel essencial
dos Açores, que tanto significa para todos os marinheiros e à qual me para Portugal. Mas sendo assim, para além das intenções, é necessário
ligam laços familiares e memórias indeléveis. actuar! O seu potencial, sendo vasto, é, no entanto, finito. A sua rique-
Aos Senhores Presidentes das Câmaras Municipais onde decorre- za, estratégica para o desenvolvimento e bem-estar das populações,
ram as festividades e, por maioria de razão, à Senhora Presidente da requer, por isso, uma Marinha actuante, capaz de acautelar a sua mais
Câmara Municipal de Ponta Delgada, um agradecimento sentido pelo valia para os portugueses. Para tal, há que estar preparado para fazer
apoio que nos quiseram dar. face a um amplo conjunto de desafios, de que saliento o terrorismo, a
Manifesto, ainda, o meu reconhecido agradecimento pela presença criminalidade transnacional, as agressões ambientais, a ocupação desor-
de todos os dignitários, políticos, militares e eclesiásticos, que gentil- denada do litoral e a exploração desenfreada dos recursos. Tudo num
mente acederam ao nosso convite. É um sinal inequívoco de apoio que ambiente complexo, caracterizado pela permeabilidade da fronteira
nos reforça o alento para continuarmos a ser uma Marinha relevante, marítima, pela imprevisibilidade do ambiente estratégico internacio-
ao serviço dos superiores interesses do País, e na qual os nossos conci- nal e pela conjuntura económico-financeira nacional.
dadãos possam sempre confiar. É neste enquadramento, Senhor Ministro da Defesa Nacional, que
Senhores Almirantes ex-Chefes do Estado-Maior da Armada entendemos a Marinha como instrumento da Nação para usar o mar
Senhores Generais representantes dos Chefes do Estado-Maior do na justa medida dos seus interesses: seja como zona de defesa e segu-
Exército e da Força Aérea Excelência rança; espaço de livre circulação; fonte de recursos e de conhecimento;
Reverendíssima Bispo das Forças Armadas Senhores ou veículo cultural.
Directores-Gerais do Ministério da Defesa Nacional Para melhor entendimento de todos os Portugueses que com os seus
Senhores oficiais-generais comandantes militares nos Açores impostos sustentam a nossa actividade, dividimos essa missão em três
Açorianos, funções essenciais:
Volvidos 24 anos, assinalamos novamente o Dia da Marinha no Ar- A defesa militar e o apoio à política externa do Estado;
quipélago dos Açores. É uma forma sentida de prestar tributo e homena- A segurança e autoridade do Estado no mar; e,
gem a esta terra e às suas gentes, que nos têm sempre sabido acolher ca- O apoio ao desenvolvimento económico, científico e cultural do País.
lorosamente; com quem partilhamos uma identidade comum, o Mar; e Para as cumprirmos temos de dispor de uma Marinha
onde assume particular expressão a maritimidade da Nação Portuguesa. Equilibrada – porque edificada segundo uma matriz coerente de ca-
A rica e vasta história dos Açores funde-se com a gesta marinheira por- pacidades para actuar no mar, ou a partir dele;
tuguesa, porque foi a vontade de conhecer o além horizonte do agreste Optimizada – porque eficaz no produto operacional e eficiente nos
Atlântico, que levou ao seu descobrimento e, depois, à sua utilização processos;
como base estratégica e passagem obrigatória na rota de torna viagem, De duplo uso – operando segundo uma lógica de integração e com-
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2007 5