Page 249 - Revista da Armada
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baixar o nível da Revista] – Exclamou o
nosso nadador, já refeito do susto. – E eu a CARTA
pensar que esta coisa era um tubarão!...
Compreendida, nesse momento, a se-
quência de eventos que tinha motivado
todo aquele sobressalto, rebentou a assis-
tência numa estrondosa gargalhada colec-
tiva. O J.C. é que continuava a não achar
piadinha nenhuma ao caso, pois ainda sen-
tia a espinal medula contraída pelo calafrio
que o chocante encontro lhe causara. Feliz-
mente, a bem da sua carreira de Marinha, o
espavento não o traumatizou a ponto de o
afastar das actividades natatórias, às quais
continuou a dedicar-se com o mesmo afin-
co de sempre. Agora que o caso foi motivo
de risota durante o resto da “comissão”, lá
isso foi, embora o visado, também galho-
feiro, até nem levasse a mal. Afinal, mesmo
sem evidenciar heróicas galhardias - que
numa situação real podem trazer mais per-
das do que ganhos -, mostrara ser capaz de
reagir a um momento de pânico, concorde-
-se ou não (qualquer um tem sangue-frio
nas análises feitas a posteriori) com a solu-
ção adoptada nas circunstâncias. E a vin-
gança, de resto, não tardou, servida bem
quentinha, sob a forma de um suculento bife
de tubarão no “White Shark” (pouco tempo
antes de este afamado restaurante ver as
suas portas encerradas em consequência da
proibição de pescar aqueles animais).
Ah, mas, com o devido respeito pelos
jovens camaradas, não me falem em ca-
detes quando o assunto é a boa mesa,
pois, salvaguardando uma ou outra hon-
rosa excepção, ainda têm um longo ca-
minho a percorrer em termos gastronómi-
cos! Sei-o, naturalmente – e contra mim
falo –, por experiência própria. Pode ser
que hoje já não seja bem assim, mas, an-
tes que me convençam disso, aqui deixo o
reparo… como ponto de partida para uma
outra história.
Z
J. Moreira Silva
CTEN
REVISTA DA ARMADA U JULHO 2008 31