Page 2 - Revista da Armada
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Chegada a Lisboa a bordo Des. Menezes Ferreira
do HMS “Carysford”
Embarque na galeota D. José Manuel Teixeira Gomes
A bordo da Um Portimonense Ilustre
canhoneira Beira
Manuel Teixeira Gomes é provavelmente o mais ilustre portimo-
nense da História.
Filho de um produtor de frutos secos, depois de passar pelo
Seminário entra na Universidade de Coimbra onde frequenta a Faculda-
de de Medicina, mas acaba por se envolver na vida boémia da cidade e
depois em Lisboa.
Dá-se com figuras ligadas à literatura da época e frequenta salões de
arte, designadamente de pintura e escultura.
Continuador do negócio do pai, viaja por toda a Europa e aproveita para
aumentar a sua já vasta cultura e conhecer novos interlocutores.
Entra na vida política activa quando é colocado em1911 como Embai-
xador em Londres, e lá se mantém até ser demitido pelo Presidente Sidó-
nio Paes em 1918. Voltará ainda à vida diplomática de 1919 a 1923 nas
embaixadas de Madrid e Londres.
No entanto, mais importante que a sua carreira política é a sua obra
literária de que se salienta o “Inventário de Junho” em 1899, o “Agosto
Azul” em 1904, “Sabina Freire”, “Gente Singular” em 1909, a que se se-
guem as “Novelas Eróticas”, “Maria Adelaide”, “Carnaval Literário” e
“Londres Maravilhosa” entre outros livros e muitos artigos para jornais
e revistas da época.
Em Agosto de 1923 é eleito Presidente da República. A Inglaterra num
gesto de grande cortesia para com o Embaixador põe o cruzador ligeiro
“Carysford” à sua disposição, pelo que Manuel Teixeira Gomes desem-
barca no Tejo em 3 de Outubro. A galeota D. José transporta-o até ao Arse-
nal da Marinha. Toma posse a 5 de Outubro.
No período da sua presidência, mais precisamente em 11 de Dezembro
de 1924, Portimão sua terra natal é elevada a cidade.
A época em que Manuel Teixeira Gomes presidiu ao país não foi fácil, a
sociedade portuguesa encontrava-se profundamente dividida e em 11 de
Dezembro de 1925, bastante desiludido, resigna do cargo e embarca a 17
de Dezembro para Oran, na Argélia. Em 1931 fixa-se em Bougie, onde vi-
veu os seus últimos dez anos, aí falecendo em 18 de Outubro de 1941.
A pedido da família os seus restos mortais voltaram à Pátria em 16 de
Outubro de 1950 a bordo do contratorpedeiro “Dão”.