Page 7 - Revista da Armada
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referidas segurança marítima e salvaguarda da vida humana no mar,            blico conhecimento que um dos futuros Navios de Patrulha OceânicaFoto Luís Forra/LUSA
bem como a vigilância e fiscalização dos espaços marítimos, as activi-       será baptizado com o nome “Portimão”, como homenagem sincera às
dades de protecção civil, os trabalhos hidro-oceanográficos e as activi-     gentes desta cidade que sempre acolheram a sua Marinha com um ca-
dades no domínio da cultura marítima.                                        rinho muito próprio desta terra de homens e de mulheres do mar.

  Ao emprego simultâneo no âmbito da acção militar e da acção não              Não há Marinha sem marinheiros. Sem todos vós. Uma profissão
militar convencionámos chamar de Marinha de Duplo Uso, conceito              dura com grandes exigências físicas e psicológicas e que não pode
que caracteriza a actuação
da Marinha Portuguesa                                                                                                      dispensar um sistema
há mais de 2 séculos.                                                                                                      de saúde eficiente, voca-
                                                                                                                           cionado para o desempe-
  Aintegração e a comple-                                                                                                  nho operacional, para o
mentaridade conseguidas                                                                                                    apoio aos familiares e para
com este modelo de Du-                                                                                                     os que deram o seu me-
plo Uso visam a optimiza-                                                                                                  lhor à Marinha e ao País
ção de recursos, por econo-                                                                                                e que hoje não podemos
mia de escala, sustentando                                                                                                 abandonar.
uma intervenção eficiente
que se estende desde a orla                                                                                                   Não quero terminar
costeira até aos confins da                                                                                                sem lembrar que tomei, no
zona económica exclusiva,                                                                                                  meu mandato, o compro-
da plataforma continental                                                                                                  misso de preparar o futu-
e das áreas de busca e sal-                                                                                                ro, honrando um passado
vamento marítimo. É nessa                                                                                                  secular de serviço a Portu-
vasta área que, de forma só-                                                                                               gal. Por isso, cumpre-me
bria e discreta, normalmen-                                                                                                dar hoje, aqui e agora, tes-
te para além dos olhares do                                                                                                temunho de que a nossa
cidadão comum e longe da atenção mediática, nos empenhamos no                                                              Marinha se tem cumprido,
cumprimento pronto e eficaz das tarefas que o País nos exige, obtendo re-    porque é e continuará a pugnar para continuar a ser:
sultados que fortalecem a confiança dos portugueses na sua Marinha.            - Relevante – pela competência, tanto no âmbito da acção militar,
                                                                             como no âmbito da acção não militar;
  Existem, no entanto, muitos outros actores com responsabilidades no          - Pronta – porque capaz de ser empregue, sem retardos, quando e
mar.As circunstâncias têm conduzido a um crescente envolvimento de           onde requerido;
agências e departamentos governamentais em actuações que se desejam            - Flexível – cumprindo a sua missão com inovação e capacidade de
coordenadas e articuladas nos espaços marítimos. Neste quadro, conti-        adaptação, não ficando indiferente à mudança;
nuaremos a pugnar por uma cada vez melhor cooperação, pois ela é o             - Coesa – revendo-se os seus membros nos propósitos e na acção de
instrumento essencial para evitar o desperdício e a ineficiência.            comando, sustentada numa cultura de serviço e na solidez dos valores
                                                                             que partilhamos há séculos;
  E para conseguir desempenhar um papel de charneira – não só na               - Prestigiada – pelo reconhecimento da sua utilidade e eficácia, pelos
articulação com os outros Ramos das Forças Armadas e com as mari-            nossos concidadãos e pelos nossos parceiros.
nhas de países amigos, mas também na cooperação inter-departamental            Estes são os princípios que nos orientam. Princípios que reforçam
com outras agências do Estado – a Marinha necessita de estar dotada          a abertura e o aprofundamento das ligações à comunidade nacional,
de um conjunto de capacidades que a habilitem a desempenhar com              na afirmação duma inequívoca integração da Marinha no País, assim
eficácia o largo espectro de tarefas que lhe estão cometidas.                contribuindo para a concretização do desígnio estratégico de Portugal
                                                                             como nação marítima.
  É o que designamos por uma Marinha Equilibrada, conceito que
se sustenta na existência de uma matriz coerente e ponderada de ca-                                                           Todos nós, os que na Ma-
pacidades e na edificação                                                                                                  rinha servimos Portugal,
harmoniosa de todas elas.                                                                                                  temos orgulho no produto
Naturalmente, tal Marinha,                                                                                                 que oferecemos à Nação,
não pode dispensar a capa-                                                                                                 reconhecendo a necessida-
cidade submarina, como,                                                                                                    de de prosseguir os esfor-
em devido tempo, e bem,                                                                                                    ços na busca da excelência
foi reiteradamente reconhe-                                                                                                no cumprimento das tare-
cido pelo poder político.                                                                                                  fas e missões que nos estão
                                                                                                                           cometidas.
  No meio do muito ruído
que esconde o essencial,                                                                                                      O País pode estar certo
gostaria apenas de relem-                                                                                                  que prosseguiremos, norte-
brar dois aspectos.                                                                                                        ados por uma marcada cul-
                                                                                                                           tura de serviço público, em
  Em primeiro lugar, de                                                                                                    que os interesses do colec-
nada serve imaginar que                                                                                                    tivo nacional serão sempre
possuímos vastos espaços                                                     colocados à frente dos interesses individuais ou corporativos.
marítimos, se não tiver-                                                       AMarinha reivindica para si, como sempre, tão só poder servir bem
mos capacidade para os vigiar e controlar, nas três dimensões: a de          Portugal e os Portugueses. Por isso, o nosso rumo está traçado e visa,
superfície, a do espaço aéreo sobrejacente e, seguramente, a dimensão        hoje, como ontem, muito para além do horizonte.
subaquática.                                                                   Como seu Comandante, posso garantir que a Marinha continuará,
                                                                             com determinação, firme na Defesa, empenhada na Segurança e par-
  Em segundo lugar, ter submarinos é caro, muito caro, mas muito mais        ceira no Desenvolvimento – ao serviço de Portugal, sempre!
caro seria não os ter, em especial para as gerações futuras.
                                                                                                                                                                          
  Os submarinos são, assim, fundamentais a uma Marinha que se preten-                                                                         Fernando de Melo Gomes
de Equilibrada, como fundamentais são os outros meios que aguardamos
com serenidade, cientes das presentes circunstâncias económicas e finan-                                                                                             Almirante
ceiras. Refiro-me, em particular, ao Navio Polivalente Logístico, aos novos
Navios de Patrulha Oceânica e às Lanchas de Fiscalização Costeira.           Fotos: 1SAR FZ Pereira e CAB L Figueiredo

  Aproveito, aliás, esta oportunidade para, com grato prazer, dar pú-

                                                                                                                        Revista da aRmada • JunhO 2010 7
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