Page 7 - Revista da Armada

Recepção feita pela Comunidade Portuguesa em San Diego Recepção a bordo do navio no dia 10 de Junho.
em honra da Guarnição da “Sagres”
estrangeiros. Aceitando o convite endereçado
pela Marinha Portuguesa, algumas Marinhas
amigas, como a Royal Navy, a Marinha do
Chile, do Brasil, da Argentina e a de Espanha
enviaram-nos os seus alunos, confiantes que
a experiência, a troca de ideias e a criação de
laços de amizade entre cadetes favorecerá as
Marinhas envolvidas e consequentemente o
seu trabalho futuro em prol dos seus países.
O Dia 10 de Junho foi talvez o mais atarefa-
do desta estadia. O navio, engalanou-se a pre-
ceito e em consonância com a data, com ilu-
minação de gala, embandeiramento em arco,
bandeiras nacionais nos topes dos mastros e
uma enorme bandeira nacional. A Barca esta-
va solenemente trajada para centralizar as co-
memorações do Dia de Portugal, de Luís Vaz
de Camões e das Comunidades Portuguesas.
O dia começou atarefado, devido à realização
do almoçoVIP a bordo. Este contou com a pre-
sença do Embaixador de Portugal nos Estados
Unidos, do Cônsul de Portugal em São Fran-
cisco, do nosso Adido de Defesa, do Conse-
lheiro Comercial e Cultural da Embaixada, do
Comandante daTerceira Esquadra Americana,
do Director do Porto, do Director do Museu
Marítimo e do Comandante do navio atribuí-
do para nos receber. Um almoço onde se fa-
lou nas relações comerciais de cooperação e
amizade entre os nossos países. Durante a re-
feição e depois de saber do próximo porto da
“Sagres”, Honolulu, o Comandante daTerceira
Esquadra convidou-nos a prolongar a nossa es-
tadia nesse porto de forma a podermos passar
o 4 de Julho e participar nas comemorações
deste Dia da Independência dos Estados Uni-
dos juntamente com os navios participantes do
exercício RIMPAC.
No final da tarde desse mesmo dia reali-
zou-se uma recepção a bordo do navio. Es-
peravam-se a bordo cerca de trezentos dis-
tintos convidados. As mais altas autoridades
locais, os nossos representantes diplomáticos
e a comunidade portuguesa marcaram a sua
presença, preenchendo os exteriores do nosso
navio. Durante a recepção, o Embaixador de
Portugal, João deVallera, deu a conhecer aos
presentes uma resolução do Estado da Cali-
fórnia declarando doravante o mês de Junho
como o Mês da Herança Portuguesa na Cali-
fórnia, assim como uma declaração da Secre-
tária de Estado Hillary Rodham Clinton que
dizia o seguinte:
On behalf of President Obama and the people
of the United States, I congratulate the people
of Portugal as you celebrate your National Day
on June 10. The United States and Portugal
have long enjoyed a vibrant partnership rooted
in shared values, mutual interests, and common
history. On this occasion, we celebrate the endu­ ticiparam no enquadramento dos recém-chega-
ring friendship between our two countries.
From the age of exploration and discovery, to
Portugal’s early recognition of a young United
States, to the continued cultural contributions
of Americans of Portuguese ancestry, Portugal
has helped shape the United States. Today, our
nations continue to bridge the Atlantic as par­
tners and allies. As a valued member of NATO
and the Community of Democracies, Portugal
provides leadership on a range of vital global
challenges and common concerns. The Uni­
ted States appreciates Portugal’s support of
the ISAF mission in Afghanistan, assistance
in the resettlement of Guantanamo detainees,
and efforts to combat climate change, among
its many other contributions.
On this Portugal Day, I wish Portuguese peo­
ple everywhere the very best, and look forward
to our continued collaboration to advance the
cause of peace, security, and prosperity in the
21st century.Washington, DC June 9, 2010.
As palavras de reconhecimento foram recebi-
das com entusiasmo entre os presentes, nomea-
damente pelos nossos emigrantes.
Nos restantes dias no porto, houve lugar a
inúmeras visitas a bordo. Os que gozavam li-
cenças aproveitaram para visitar outros pontos
de interesse da região da Califórnia. Dois des-
tinos surgiram como escolhas óbvias: por um
lado, a Cidade dos Anjos e a mediática zona de
Hollywood; por outro, a brilhante cidade de Las
Vegas, no vizinho Estado do Nevada.
Largámos no dia 13 de Junho, dia de San-
to António. Tal como à chegada, com todo o
pano içado e caçado. Desta vez, colocámos
todo o pano não só para nos despedirmos dos
familiares que estavam no cais, mas também
para agradecer todo o carinho que recebemos
da comunidade de San Diego.
Pela frente esperavam-nos dezassete dias de
tirada oceânica. Desde o início da viagem que
não tínhamos uma navegação tão grande pela
nossa frente mas a chegada dos Cadetes assim
como os das outras Marinhas congéneres con-
centrou a nossa atenção, contribuindo para que
o tempo passasse mais rapidamente.Todos par-
dos na vida de bordo. Cientes de que esta era a
sua primeira grande viagem, todos colaboraram
para que rapidamente conhecessem os costu-
mes e tradições, preconizados na Cultura Naval
e que são praticamente impossíveis de serem
ensinados fora do ambiente do navio.
A viagem, para os Cadetes, não se resume na
aprendizagem da Cultura Naval. Desde cedo
os alunos foram obrigados a aplicar na prática
o conhecimento técnico-científico, aprendido
ao longo de dois anos de Escola Naval. Este co-
nhecimento, complementado com a instrução
interna diária, composta por aulas, trabalhos,
briefings e actividades de bordo, será alvo de
uma avaliação profunda por parte do Coman-
do do N.R.P “Sagres”.
Outro tópico que ajudou a matar o tempo
livre foi o Campeonato do Mundo de Futebol.
Devido à cobertura de satélite da costa oes-
te, conseguiu-se visionar os primeiros jogos
do mundial. Infelizmente, quando chegou a
altura do jogo de Portugal contra a Costa do
Marfim já estávamos fora da zona de cobertu-
ra ficando impossibilitados de assistir à estreia
da equipa, que se intitulou de “os Navegan-
tes”. Os resultados diários chegaram através
dos telefonemas para Portugal e da leitura
atenta do Jornal em formato digital. Contu-
do, quando nos aproximámos das ilhas do
Hawaii conseguimos apanhar novamente si-
nal satélite. Seriam aproximadamente 05.30
da hora de bordo, quando se iniciou a trans-
missão do Portugal-Brasil. Infelizmente para
nós, também pudemos assistir ao jogo que
ditou a eliminação. No final deste duelo ibé-
rico, a derrota de Portugal criou sentimentos
antagónicos entre a destroçada guarnição e
o sorriso de alguns cadetes estrangeiros, que
torciam pela equipa espanhola.
Na véspera de dia 24 de Junho, festejou-se
no poço o dia de São João. Tradicionalmente,
comemoraríamos o dia de Santo António, mas
Revista da aRmada • AGOSTO 2010 7