Page 17 - Revista da Armada
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Com a publicação do Decreto 4405 de 8 de Junho
         de 1918, pelo Governo de Sidónio Paes, sendo
         Ministro da Marinha o Capitão-de-fragata José
Carlos da Maia, foram entregues ao Estado, Direcção-
-Geral da Fazenda Pública e nomeadamente à Mari-
nha, as propriedades do Alfeite, as célebres sete quintas
para onde, por vezes, o rei D. Carlos se retirava.

    Estava assim aberto o processo para fazer deslocar o
velho Arsenal da Marinha e a Escola Naval para um local
mais desafogado e com possibilidade de expansão.

    No entanto, para que isso viesse a acontecer, fal-
tavam as respectivas verbas que só apareceram por
volta de 1927, com a chegada das “reparações de
guerra” por parte da Alemanha.

    O processo arrancou e em Julho de 1932 o Engenheiro
Duarte Pacheco tomou posse como Ministro das Obras
Públicas do 1º. Governo do Dr. Salazar, sendo uma das
suas primeiras decisões a de visitar as obras do Estado
que se encontravam em execução e entre elas a Escola
Naval. Nesta construção, o Ministro, depois de observar
que já se encontravam concluídos, ou quase, os Edifícios
do Refeitório, do Dormitório e do Ginásio, perguntou
diante do que viria a ser o Edifício Escolar, que ainda não
chegava a um metro de altura, se aquela obra iria ser se-
melhante às outras, de construção de tabique. O que lhe
foi confirmado pelos técnicos presentes. Então, Duarte
Pacheco mandou suspender a obra e posteriormente des-
truí-la e ordenou que passassem pelo Ministério dentro
de um período relativamente curto. Foi o que aconteceu,
pois entretanto Duarte Pacheco encomendou o projecto
do novo Edifício Escolar aos Arquitectos Rebelo de An-
drade. Projecto feliz que veio a ser integrado no conjunto
do Modernismo Português (ver obras do Arquitecto José
Manuel Fernandes e do Professor José Augusto França).

    Porém, para acabar esta obra e simultaneamente a
do Arsenal, ainda foi necessário o Governo disponibi-
lizar 70000 contos, à época, porque, em Janeiro de 1933,
Hitler subiu ao poder na Alemanha e considerou salda-
das as “reparações de guerra”.

    Assim, a Escola Naval é concluída e a Primeira
Aula é dada no novo edifício em 2 de Novembro de
1936 num evento sem pompa nem circunstância, face
ao período ensombrado que se viveu na Marinha, na
sequência da insubordinação nos navios “Afonso de
Albuquerque” e “Dão”.

    A cerimónia, simples mas de grande significado, foi
presidida pelo Almirante Castro Ferreira, Comandante
da Escola Naval, e constou de uma Visita às novas ins-
talações, uma Revista ao Corpo de Alunos, na Parada e
uma Reunião do Conselho Escolar.

                                 LUIS ROQUE MARTINS
                                              CALM EMQ

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