Page 33 - Revista da Armada
P. 33
Navios Hidrográficos
8. O NAVIO HIDROGRÁFICO ALBACORA
Foi construído na Noruega, nos estaleiros Lindate & Son, propo- rias, Casablanca e Gibraltar, prestando apoio aos estudos nas áreas
sitadamente para dar apoio à investigação oceanográfica, concreta- de oceanografia, biologia marinha e pescas.
mente nas áreas da oceanografia física e da biologia marinha. É, por
esse facto, considerado o primeiro navio oceanográfico português. Em 1937 foi integrado na Estação de Biologia Marítima pas-
sando a dispor de guarnição civil, mas usufruindo dos privilégios,
As suas características principais eram as seguintes: vantagens e isenções idênticos aos navios da Armada, facto que
Deslocamento máximo..........................................................335 toneladas deu à Estação autonomia para desenvolver a sua actividade sem a
Comprimento (fora a fora)......................................................22,5 metros qual não era possível realizar um estudo contínuo e sistemático no
Velocidade........................................................................................5 nós domínio da oceanografia física e biológica.
Construído em ferro, dispunha
de um conjunto de semi-dieseis com Em 1940 o “Albacora” foi desar-
a potência de 60 cavalos e um só hé- mado e em 1942 abatido ao Efectivo
lice. A sua guarnição era constituída dos Navios da Armada continuando
por 15 elementos. porém integrado na Estação de Bio-
O biólogo Dr. Magalhães Rama- logia Marítima até 1948, ano em que
lho, notável cientista, acompanhou a o Ministério da Marinha procedeu à
sua construção tratando do respecti- sua entrega, por doação, à Junta Cen-
vo apetrechamento científico, tendo tral das Casas dos Pescadores para ser
nele vindo, posteriormente, a partici- afectado ao ensino ministrado na sua
par em diversas missões. escola profissional de pesca.
O “Albacora” foi entregue à Ma-
rinha em finais de 1924 e no ano seguinte prosseguiu os estudos que O “Albacora“ contou no seu histo-
haviam sido realizados, entre 1896 e 1907, sob o patrocínio do rei D. rial com a realização de 1.400 estações
Carlos I nos iates “Amélia”. Até 1931 efectuou vários cruzeiros na oceanográficas em cruzeiros organizados pelo Dr. Magalhães Rama-
costa continental portuguesa, arquipélagos da Madeira e das Caná- lho o que lhe permitiu publicar importante estudos como a “Crise da
Pesca da Sardinha”, o “Problema da Sobrepesca” e a “Carta Litológi-
ca Submarina da Costa de Portugal”.
9. O NAVIO HIDROGRÁFICO BÉRRIO
Foi construído, em 1897, nos estaleiros “Ateliers et Chantiers de drográfica da sua costa como também criasse condições para a
La Loire”, da cidade francesa de Nantes, tendo chegado a Lisboa construção de infra-estruturas com vista ao respectivo fomen-
em 6 de Dezembro desse ano. to marítimo. Tratava-se de uma exigência para assegurar uma
soberania eficaz e um necessário desenvolvimento económico.
Tinha as seguintes características:
Deslocamento máximo............................................................498 toneladas Assim, em Janeiro de 1930, o “Bérrio” passou ao estado
Comprimento ( fora a fora ).....................................................40,5 metros de armamento completo, tendo sido apetrechado com um
Boca........................................................................................................6,85 “ aparelho de sondagem por ultra-sons, sistema Langevin-Flo-
Velocidade........................................................................................12 nós risson para fundos até 350 metros e uma máquina de prumo
Construído em aço, dispunha
de duas máquinas verticais com- com fio metálico, para fundos
pound de 1.070 cavalos. Enver- até 5.000 metros.
gava um latino quadrangular e
largava, à proa, uma bujarrona. A Foi então classificado como
sua guarnição era de 40 homens. navio hidrográfico e atribuído
Inicialmente classificado como à missão hidrográfica de Mo-
rebocador prestou socorro a na- çambique, que havia sido cria-
vios, efectuou operações de rocega da no ano anterior.
de ferros e reboques, com desta-
que o de um pontão para a Guiné onde serviu de navio- farol. Das Após a chegada a Louren-
várias comissões que cumpriu nos Açores cite-se a realizada, em 1901, ço Marques, em Agosto de
quando da visita régia ao arquipélago. Esteve presente no rio Tejo em 1930, iniciou a sua activida-
5 de Outubro de 1910, mas só aderiu à República na última fase da de com o levantamento hidrográfico do Porto de Naca-
revolução. Em breves períodos foi empregue na fiscalização da pesca la. Até 1947 participou nos levantamentos efectuados ao
e durante a Grande Guerra fez serviço de vigilância à barra de Lisboa. longo de 600 milhas de costa com batimétricas definidas
Foi desarmado em Dezembro de 1920. até aos 1.000 metros, tendo dado origem a seis cartas hi-
Entretanto, eram escassas e pouco fiáveis as cartas náuticas drográficas abrangendo a costa moçambicana desde o
da costa de Moçambique, baseadas nos reconhecimentos ocea- Cabo Pequeno até à Ponta do Oiro.
nográficos do Captain Owen, de 1824. Havia pois necessidade Em Julho de 1947 o navio hidrográfico “Bérrio” foi
de se proceder a um exaustivo levantamento hidrográfico do abatido ao Efectivo dos Navios da Armada e cedido ao Go-
território que permitisse não só a construção de uma carta hi- verno de Moçambique, tendo sido rebaptizado com o
nome de “Lusitano”.
Colaboração do INSTITUTO HIDROGRÁFICO