Page 29 - Revista da Armada
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HIERARQUIA DA MARINHA						 15

EQUIPARAÇÃO DOS POSTOS

Em 8 de Março de 1763, por iniciativa            Conselho de Guerra o tenha assim entendido     gata, Capitães Tenentes, Tenentes de Mar, e
      do Conde de Lippe, foi apresentada         e faça executar.».                             Segundos Tenentes: Ordeno outro sim, que na
      ao Conselho de Estado uma propos-                                                         concorrencia de Graduações dos ditos Officiaes
ta sobre as “Graduações dos Postos Militares       Os magistrados do Brasil também ma-          da Armada, e na correspondência dellas com as
do Exercito da Terra, e Armada Real, e com que   nifestaram o seu desacordo relativamente       dos Officiaes do Exercito, se fique observando
rodão os Magistrados” (reproduzida na Ga-        àquelas equiparações, o que levou D. Ma-       o seguinte: A Graduação de Vice-Almirante,
zeta dos Tribunaes, 19 de Janeiro de 1844,       ria I, em 26 de Março de 1786, a escrever      imediatamente depois de Marechal General
Rio de Janeiro), que provocou várias con-        ao Vice-Rei para que, «Logo que esta minha     do Exercito; a de Tenente General da Arma-
testações corporativas.                          carta receber, mandareis chamar os desembar-   da, igual á de Tenente General do Exercito; a
                                                 gadores dessa Relação, e em meu Real Nome,     de Chefe de Esquadra, igual á de Marechal de
  Para as solucionar em âmbito militar,          os repreendereis asperamente do atentado que   Campo; a de Chefe de Divisão, igual á de Bri-
em 11 de Novembro de 1768 foi publica-           cometeram, querendo disputar preferência aos   gadeiro; a de Capitão de Mar e Guerra, igual á
do um decreto real que dizia o seguinte:         meus Militares…» (AHM Div 1/09/03/39).         de Coronel de Infantaria; a de Capitão de Fra-
«Sendo-me presentes as dúvidas, que se tem                                                      gata, igual á de Tenente Coronel; a de Capitão
movido sobre as graduações dos Officiaes da        Também foi D. Maria I que, por decreto       Tenente, igual á de Major; a de Tenente de Mar,
Minha Armada Real, sem que tenhão bastado        de 16 de Dezembro de 1789, conferiu aos        igual á de Capitão de Infantaria; a se Segundo
para as fazerem cessar as differentes Resolu-    postos da Marinha designações adequadas        Tenente, igual á de Tenente da mesma Infanta-
ções, que baixarão sobre esta matéria nos ca-    ao “Serviço do Mar” e estabeleceu a equi-      ria: Não sendo porém da Minha Intenção pri-
sos occorrentes, para que de huma vez cessem     paração entre os postos da Marinha e do        var os actuaes Capitães Tenentes da Graduação
as ditas questões: sou Servido declarar que aos  Exército, como a seguir se transcreve: «…      que lhe compete de Tenente Coroneis, ficarão
Coroneis do Mar competem as mesmas hon-          Hei por bem Ordenar: Que ficando os Póstos     conservando a mesma Graduação, em quanto
ras, e graduação de Brigadeiros de Infantaria;   de Capitão General da Armada, e de Almiran-    ocuparem o dito Posto…».
aos Capitães de Mar e Guerra, as de Coroneis;    te no mesmo Pé da sua creação se componha de
aos Capitães Tenentes, as de Tenentes Coro-      hoje em diante o Corpo de Officiaes da mesma                                                      
neis; aos Tenentes do Mar, as de Capitães; e     Armada, de Vice-Almirantes, Tenentes Gene-                              António Silva Ribeiro
aos Guardas das Marinhas, as de Alferes. O       raes, Chefes de Esquadra, Chefes de Divisão,
                                                 Capitães de Mar e Guerra, Capitães de Fra-                                                           CALM

VIGIA DA HISTÓRIA						                                                                         42

BRIGUE D. ESTÊVÃO DE ATAÍDE

Os elementos que se seguem desti-                José Pereira que alega ser espanhol e Antó-      Tendo entrado, em 24 de Outubro, no
         nam-se a completar os que, sobre        nio João que alega ser americano, sendo ao     Rio de Janeiro foi o navio embargado às
         este navio, se encontram publica-       tempo comandante do navio o major de ar-       ordens da Comissão Mista.
dos na obra do comandante Marques Es-            tilharia António da Silva Cabrita.
parteiro “Três Séculos no Mar“.                                                                   Entretanto, Joaquim Franco, alegando
                                                   Dado que a galera Flor de Moçambique, em-    doença, passou o comando ao piloto Mu-
  Após a chegada a Moçambique o navio            pregada no tráfico de escravos, fora conside-  nhós enquanto se verificava a deserção de
terá estado, por falta de guarnição, aban-       rada incapaz de navegar, foi o brigue prepa-   parte da tripulação, situação esta que me-
donado, a tal ponto que, aquando da no-          rado para a substituir, na viagem para o Rio   receu do Governador de Moçambique o se-
meação de Vicente Tomás dos Santos para          de Janeiro, sendo para esse efeito necessá-    guinte comentário “o que é benéfico para a
seu comandante, este requeresse, em 15 de        rio adquirir a galera para aproveitamento      Real Fazenda porque perdem as soldadas”.
Fevereiro, a atribuição de um depósito em        do massame, do velame e demais utensílios.
terra para guardar o trem do brigue “para                                                         A Comissão Mista deverá ter conside-
dar fumaças para matar a imensidade de             Joaquim António Franco e Simão da Ro-        rado válidas as explicações apresentadas
ratos que tudo devoram”.                         cha Munhós e Aldanha, capitão e piloto da      quanto ao tráfico de escravos pois man-
                                                 galera, foram contratados para servir no bri-  dou proceder à entrega do navio “aos
  Asituação não deverá ter tido grande alte-     gue sendo-lhes concedidos respectivamente      emigrados da Terceira”, os seguidores de
ração já que, em Julho de 1828, o Governador     os postos de 1º e 2º tenentes daArmada Real.   D. Pedro IV.
de Moçambique comunicou para Lisboa não
haver, naquela Colónia, marinheiros e oficiais     O brigue foi aprontado e, em 12 de Ju-         A 1 de Abril de 1831 ia assumir o coman-
que tripulassem o navio, e, novamente em         nho, já se encontrava pronto de calafeto, a    do do navio o 1º Tenente José dos Santos
Abril de 1830, requereu o envio de 2 oficiais    26 desse mês encontrava – se concluída a       Rita sendo, muito provavelmente, então
da Marinha e 2 pilotos hábeis pois “sem es-      aguada, a 17 de Julho só faltava embarcar      que se terá verificado a mudança do nome
tes não podem jamais navegar os 2 brigues de     o gado vivo e a criação e a 31 de Julho ain-   para Conde de Vila Flor que passou a ter a
S. Majestade pertencentes a esta capitania“.     da faltavam embarcar 12 dos 355 escravos       partir de então.
                                                 do Flor de Moçambique. O brigue dispunha
  É exactamente durante o mês de Abril           então de uma tripulação de 39 elementos.                                                          
desse ano que se verificam vários pedidos                                                                                        Com. E. Gomes 
de baixa de tripulantes do navio, talvez           O navio largou a 3 de Agosto tendo sido
prenúncio da missão que se preparava, as-        tomadas todas as medidas para evitar ser       Fonte:
sim pediram baixa o francês Michel Leon,         aprisionado já que havia expirado, entre-         Documentos Avulsos de Moçambique no Arquivo
o marinheiro inglês James Robinson, Bento        tanto, o prazo concedido pelo governo bra-
                                                 sileiro para o tráfico de escravos.            Histórico Ultramarino maço 2 sec. XIX.

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                                                                                                O autor não adota o novo acordo ortográfico.

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