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REVISTA DA ARMADA | 495
COMPREHENSIVE
APPROACH
DOS DESCOBRIMENTOS ÀS COLÓNIAS
PARTE 1
Numa manhã ensolarada, na Messe
de Oficiais do Comando NATO em
Oeiras, tive uma conversa muito inte-
ressante com um oficial fuzileiro de ori-
gem britânica. Ele não se cansou de elo-
giar certas passagens da nossa história,
dando ênfase aos esforços que Portugal
teve durante tantos anos na Guerra Co-
lonial em África. Não demorei para co-
meçar a defender a ideia de que essa ca-
pacidade, sustentada por tanto tempo,
hoje podia ser entendida como tendo
sido a abordagem holística portuguesa
na gestão de conflitos ou crises. A ex-
pressão “abordagem holística às opera-
ções”, que considero ser uma tradução
aceitável, é a melhor aproximação que
encontro e que também tenho regista-
do em diversos ambientes militares na-
cionais para o que a NATO vulgarmen-
te designa de Comprehensive Approach
(CA) to Operations.
Antes de aflorar o tema principal des-
te artigo, recomendo, desde já, a leitu-
ra de um extraordinário livro escrito por
um autor americano, John P. Cann, inti-
tulado Counterinsurgency in Africa: The
Portuguese Way of War, 1961-1974 que,
de forma ímpar, descreve a inimaginá-
vel façanha que Portugal levou a cabo,
travando uma guerra em 3 frentes di-
ferentes, durante 13 anos, com apenas
100.000 homens e ao longo de extensis-
símas linhas de comunicação. John Cann
acrescenta que todo este esforço só foi
possível devido a uma maneira de ser
e estar portuguesas, muito peculiar, e
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