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SAÚDE PARA TODOS                                                                           REVISTA DA ARMADA | 495

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SARAMPO

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu, no dia 27 de fevereiro, um comunicado a
propósito do risco de sarampo em viagens internacionais. Em alguns países europeus
(especialmente na Alemanha e na Itália), bem como no continente americano, ocor-
rem, neste momento, surtos de sarampo. Em vários países asiáticos e africanos esta
doença é endémica, nomeadamente em países que mantêm relações estreitas com
Portugal, como Angola. Assim, durante viagens internacionais, de qualquer duração,
existe o risco de pessoas não imunizadas contraírem sarampo através do contacto
com pessoas infetadas em fase de contágio. A DGS destaca que só estão protegidas
contra o sarampo as pessoas que já tiveram esta doença ou as que receberam a va-
cina. Assim, em caso de viagem para o estrangeiro, a DGS recomenda que, prefe-
rencialmente quatro a seis semanas antes da partida, a pessoa se certifique de que
está corretamente vacinada, seja através do 'Boletim de Vacinas', seja consultando
o centro de saúde da sua área de residência, para verificação do seu estado vacinal.

Osarampo é uma doença viral alta-             Dado o sarampo ser uma doença exclu-         mas também reduzir o risco de trans-
     mente contagiosa que se caracteri-     sivamente humana e existir uma vacina          missão da doença aos não vacinados,
za por manchas dispersas pela pele após     eficaz e segura, é uma doença com pos-         por redução da circulação do agente e
um período prévio de febre alta, mau-es-    sibilidade de eliminação. Em 1998, a OMS       da transmissão da infeção. Há, portan-
tar geral, tosse, conjuntivite e corrimen-  definiu o ano de 2007 como meta para a         to, uma proteção indireta dos não va-
to do nariz. É transmitida diretamente de   eliminação do sarampo na Europa. Este          cinados, à qual se chama imunidade de
pessoa a pessoa, através das secreções      prazo já foi adiado por duas vezes (2010 e     grupo ou efeito rebanho. Assim, existe
nasais expelidas ao tossir, espirrar ou     2015) e, numa tentativa de controlar esta      um benefício indireto para toda a co-
falar. Apesar de ser mais frequente em      doença, foi criado o Programa Europeu de       munidade, incluindo aqueles que não ti-
crianças, também pode ocorrer na ida-       Eliminação do Sarampo. Recentemente a          veram acesso à vacinação, por exemplo
de adulta. É uma doença habitualmente       situação epidemiológica agravou-se, com       por terem contraindicação para a fazer
benigna, contudo, podem existir compli-     surtos ocorridos na maioria dos 29 países     (grávidas e imunodeprimidos).
cações graves, eventualmente fatais, tais   europeus sob vigilância, que somaram,
como pneumonia e encefalite. A morta-       em 2011, mais de 32.000 casos.                   No caso do sarampo, a cobertura vaci-
lidade é rara em crianças de boa saúde                                                     nal necessária para imunidade de grupo
e nutrição, mas pode atingir os 25% em        Em Portugal, a taxa de vacinação é su-       tem de se situar entre 95 e 98%. Infe-
crianças subnutridas.                       perior a 95% e, segundo dados apresen-         lizmente, nos últimos anos tem aumen-
                                            tados pela DGS, o sarampo está erradica-       tado o número de pessoas que, ou por
   A primeira descrição do sarampo é        do do nosso país pelo menos desde 2004,        não recorrerem aos serviços de saúde
atribuída ao médico árabe Ibn Razi (860-    sendo que a última epidemia desta doen-        ou por adotarem uma postura antiva-
932), conhecido como Rhazes na Euro-        ça ocorreu entre 1993 e 1994. Na última        cinação, colocam em risco não apenas
pa. Sabe-se que esta doença foi uma das     década têm existido pontualmente casos         a sua saúde mas também a imunidade
principais responsáveis pela destruição     confirmados de sarampo em Portugal, to-        de grupo, afetando assim indiretamente
das populações nativas da América, dado     dos importados ou derivados de transmis-       toda a comunidade.
que os nativos não possuíam defesas         sões secundárias a partir de infetados no
imunológicas contra uma nova doença         estrangeiro, onde o sarampo ainda é um                                              Ana Cristina Pratas
trazida da Europa, através das embarca-     problema ativo.                                                                                 1TEN MN
ções de Colombo.
                                              A atual situação epidemiológica do sa-        De forma a possibilitar os leitores a
   O vírus foi isolado em 1954 e a vacina   rampo na Europa aumenta a probabilidade          participar na escolha dos temas mensais
foi desenvolvida em 1963. Em Portugal,      de importação de casos de doença, a partir    da rubrica Saúde para Todos, foi criada
a vacinação contra o sarampo iniciou-se     dos quais poderão surgir surtos em Portu-        este mês uma página no facebook e um
em 1973 com a VAS (vacina anti-saram-       gal. É assim crucial que toda a população        email, onde todos podem deixar suges-
po), incluída um ano depois no Progra-      compreenda a importância da imunização           tões de temas para artigos futuros.
ma Nacional de Vacinação. A partir de       de grupo, a única forma de prevenir a dis-
1987, esta vacina passou a ser adminis-     seminação desta doença.                          www.facebook.com/participanosaudeparatodos
trada juntamente com a da rubéola e da                                                       saudeparatodos@outlook.pt
papeira, constituindo o seu conjunto a        Vacinando uma percentagem elevada
vacina tríplice VASPR.                      da população consegue-se não só ob-
                                            ter imunidade nos indivíduos vacinados,

                                                                                           ABRIL 2015 31
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