Page 24 - Revista da Armada
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de, que colaborou este ano no concerto do Dia da Marinha. E eu
guardo a memória do som, “ooô!... oô! Uôo!...”, murmurado com
as imagens de Carvalho Araújo em fundo.
Nas obras interpretadas a seguir assumiu um protagonismo
especial o grupo Dixieland da nossa Banda, constituído pelo cla-
rinetista Fábio Vilhena, o saxofonista Mário Parreira, trompete
de Luís Grenha, trombone de Fábio Madureira, Rui Gaspar com a
tuba e Valter Passarinho na bateria.
O concerto assumiu uma outra faceta, onde é possível perce-
ber o valor deste grupo, que no passado ano fez furor nas diversas
apresentações nas ruas de Lisboa, aquando do Dia da Marinha. Co-
meçou pela interpretação de “Margie”, com a letra de Benny Davis
e música de Con Conrad e Joseph Russel, a que se guiu “Goodnight
vier Peres Garrido. Este trabalho do jovem compositor espanhol, Sweetheart”, de Calvin Carter e James Hudson. Destaco nesta úl-
presente na sala, assenta numa anterior produção para orquestra, tima a relação com o grupo coral e a actuação do saxofone e da
ajustada agora para banda e apresentada pela primeira vez neste bateria que lhe deram um encanto de encher a alma. Finalmente,
concerto. Foi um momento alto do espectáculo, quer pelo vigor da assistimos à interpretação de “Hello Dolly”, de Jerry Herman, com
obra, quer pela forma como foi apresentada. Ficaram-me na me- um magnífico solo de trompete, e “Retalhos de New Orleans”, da
mória os sons do trompete de Rui Chainho, sobre as imagens de autoria de Pedro Pires, composto sobre melodias cuja fama ainda
um submarino Tridente a entrar na barra de Lisboa. O compositor permanece no ouvido de quem aprecia a música jazz e blues. To-
assistiu a esta apresentação e foi visível o seu regozijo pela inter- das as músicas que foram apresentadas com o grupo Dixieland, ti-
pretação e pela forma como a sua obra foi recebida. nham um arranjo deste compositor, também da Banda da Armada.
A primeira parte terminou com “Horizonte Azul”, de Helder Nesta altura, o público estava perfeitamente empolgado com a
Bettencourt, uma obra dedicada aos 25 anos da entrada ao servi- exibição da Banda, não regateando os aplausos e pedindo mais.
ço das fragatas Vasco da Gama. Veio um primeiro encore do grupo Dixieland, com “Tiger Raig”,
Começou a segunda parte do concerto com “Hymn for World de Nick la Rocca, seguido de um outro da Banda da Armada, com
Peace”, de David Maslanka, seguido de “Hymn to Falen”, de John “Mack The Knife”, de Marc Blitzstein e Kurt Weill, igualmente,
Williams, e este foi um momento particularmente emocionan- com arranjo de Pedro Pires, com uma suave e melancólica pre-
te do concerto pelo significado que qualquer destas obras tem. sença do Grupo Coral. Esta obra foi popularizada por uma inter-
Antes destas duas interpretações, ocupou o seu lugar em cena o pretação de Louis Armstrong, que ainda temos nos nossos ouvi-
Grupo Vocal da Capo, dirigido pelo maestro Eduardo Paes Mame- dos, constituindo uma forma empolgante de fechar o concerto.
Foto SMOR L Almeida Carvalho
24 JUNHO 2016