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REVISTA DA ARMADA | 511
NRP TRIDENTE
MISSÃO NO BÁLTICO
PARTE 2
etemperados o corpo e a alma nas calmas águas da baía de os meios navais da Royal Navy e marinhas aliadas. Em terra não
RGdansk fazia-se hora da despedida ao Mar Báltico, aos longos faltaram referências à passagem das briosas fragatas da Classe
dias e curtas noites e aos acolhedores anfitriões submarinistas Vasco da Gama e ao impacto positivo que as suas guarnições dei-
polacos, que saíram vitoriosos de uma bem renhida partida de xaram nos militares com que se cruzaram.
futebol, tendo levado a melhor nos penalties. Nas semanas que se seguiram auxiliámos no treino da HMS
Voltávamos agora a passar pela bonita Ilha de Bornholm e pe- Monmouth, “the Black Duke”, antes de partir em missão para o
las concorridas águas da bacia de Arkona até chegar à porta de Índico e Mar Vermelho, com o BNS Leopold I, recente integrante
entrada do Báltico que são os estreitos dinamarqueses, fazendo da Força Tarefa 50 (TF 50) no combate contra o estado islâmico,
a passagem do Storebælt entre a Zelândia e a Fiónia. e vários helicópteros ASW Lynx e Merlin de esquadras inglesas e
Já no mar do Norte, em pleno Skagerak, aguardavam-nos duas holandesas. Nessas semanas foram ainda presença constante os
modernas corvetas classe Steregushchy da Federação Russa, a impressionantes contratorpedeiros da classe Daring (Tipo 45), e al-
Boikiy e a Stoikiy, que ao avistar o submarino à superfície segui- gumas unidades da RFA também em treino com o FOST. Pelo meio
ram o navio de perto durante algumas horas e fizeram uso de ainda foi possível assistir à final do Europeu de Futebol e festejar
um possante helicóptero Ka-27 “Helix” para recolha de imagem. a vitória com elementos da comunidade portuguesa radicada em
Um mar do norte invulgarmente calmo e soalheiro levou-nos até Plymouth, sentindo-se toda a saudade e orgulho especial que só
ao estreito de Dover, cujas fortes correntes obrigam a uma pas- os portugueses apartados da pátria conseguem irradiar.
sagem quase cronometrada de forma a otimizar a utilização da Finda a nossa participação cruzávamos agora o nosso Atlânti-
bateria. co rumo à deslumbrante ilha de São Miguel, destino ao qual há
Aterrávamos agora no estuário do rio Plym rumo à base na- muito ansiávamos levar os submarinos da 5ª esquadrilha e ser
val de Devonport onde iríamos atracar para receber instruções e os primeiros da classe a atracar em Ponta Delgada. Só cruzando
preparar as duas semanas seguintes em apoio ao Flag Officer Sea a vastidão do atlântico é possível assimilar a magnitude da nossa
Training (FOST), na sua importante missão de treinar e avaliar área de interesse estratégico, cujo coração é o valioso arquipéla-
10 SETEMBRO/OUTUBRO 2016