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REVISTA DA ARMADA | 516
          OPERAÇÃO



          PICO DOURO















































            urante cerca de um mês, entre 19 de outubro e 22 de novem-  navio  de  apoio  logístico.  Este  apoio  envolveu  o  transporte  de
         Dbro de 2016, uma equipa de seis mergulhadores do Desta-  todo o material de salvação marítima e equipamento de mergu-
          camento de Mergulhadores Sapadores nº 2 (DMS2) da Marinha,   lho da Base Naval de Lisboa. O navio providenciou ainda aloja-
          chefiada pelo Capitão-tenente Brandão Marques, deslocou-se a   mento e alimentação à equipa de mergulhadores, bem como o
          São Tomé e Príncipe com o objetivo de realizar uma missão de re-  movimento de toda a carga necessária no desenrolar da missão,
          flutuação da embarcação de pesca Pico Douro, afundada nas ime-  nomeadamente a manobra de embarcações e balões de reflu-
          diações do enfiamento do porto comercial da baía de Ana Chaves.   tuação de grandes dimensões. Os dois mergulhadores do DMS2
          Desde o seu naufrágio, que se deu no dia 4 de julho de 2014, o Pico   embarcados  no  navio  desde  Lisboa  também  participaram  nos
          Douro passou a constituir um perigo para a navegação, pelo que   trabalhos de reflutuação e remoção da embarcação.
          já tinha dado origem a alguns acidentes, entre os quais um que   Esta operação, de enorme complexidade e dificuldade, contou
          envolveu uma lancha da Guarda Costeira santomense. Esse navio   com o apoio das entidades locais presentes em São Tomé e Prín-
          terá sofrido um rombo resultante de um choque nas estruturas do   cipe, que foram essenciais no sucesso da missão.
          parque de sinais da embarcação naufragada. Era necessário, por-  A Cooperação Técnico-Militar com São Tomé e Príncipe pres-
          tanto, efetuar a remoção desta embarcação para posterior afunda-  tou todo o apoio no contacto com as autoridades locais.
          mento, numa posição segura, com vista à restituição da segurança   A empresa de administração do porto – ENAPORT – disponibili-
          à navegação no porto e à criação de um recife artificial.  zou uma barcaça de apoio às operações e contentores para guar-
           A  embarcação,  com  um  deslocamento  estimado  entre  60  e   da do material, bem como rebocadores necessários à manobra
          80  toneladas,  estava  completamente  submersa,  situada  numa   da barcaça e à remoção do Pico Douro.
          depressão com uma profundidade de 8 metros. Encontrava-se   Além de embarcações de apoio, a Guarda Costeira santomense
          adornada cerca de 60 graus a EB, com o casco assoreado no mes-  garantiu o dispositivo de segurança à barcaça, nos períodos de
          mo bordo e inúmeras estruturas perigosas que poderiam danifi-  inatividade, e disponibilizou ainda uma equipa de mergulhadores
          car os balões de reflutuação.                       que prestou um precioso auxílio nos trabalhos de preparação da
           A missão de remoção do Pico Douro, que constituiu a atividade   embarcação.
          principal da Iniciativa Mar Aberto 2016, contou com a presença   Os trabalhos de salvação marítima iniciaram-se no dia 24 de
          do  navio  hidro-oceanográfico  Almirante  Gago  Coutinho, como   outubro com a preparação do casco. Estes trabalhos incluíram a



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