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REVISTA DA ARMADA | 516
remoção de areia do interior e imediações da embarcação, co-
locação de contentores rígidos com ar, corte e remoção de es-
truturas metálicas perigosas, raspagem do casco para limpeza de
cracas cortantes e colocação de proteções no casco de forma a
reduzir o risco de danos nos balões de reflutuação. Foram ainda
colocadas as amarras de fixação desses balões.
Após árduos trabalhos de preparação do casco, que decorre-
ram durante 15 dias, foram finalmente instalados os balões nas
suas posições definitivas.
Após uma primeira tentativa de reflutuação realizada em 9 de
novembro, o navio foi reflutuado pela primeira vez no dia 13 de Meios envolvidos
novembro, com 3 balões de reflutuação fechados de 10 toneladas
de capacidade e 13 balões abertos de 5 toneladas de capacidade,
num total de 95 toneladas. Após o seu afundamento, o navio ficou
a cerca de 700 jardas da posição inicial, com um adornamento de
90 graus a EB, num fundo de 10 metros de profundidade. A pro-
fundidade na nova posição facilitou os trabalhos subsequentes,
por se ter conseguido mais 2 metros de coluna de água, benefi-
ciando assim o funcionamento dos balões de reflutuação.
Seguiram-se mais duas operações de reflutuação com respeti-
vos reboques.
Após reposicionamento dos balões e amarras, a segunda ope-
ração de reflutuação foi realizada no dia 17 de novembro. Esta Remoção de areias
operação foi mais simples que a primeira, pois a altura da coluna
de água permitiu que a embarcação subisse sem contacto com
os balões, diminuindo assim o risco de os danificar. A segunda
reflutuação foi feita com 3 balões fechados de 10 toneladas de
capacidade e 8 balões abertos de 5 toneladas de capacidade,
num total de 70 toneladas.
O reboque foi realizado com a embarcação completamente
submersa e adornada 90 graus a EB, para uma nova posição, cer-
ca de 2200 jardas da anterior. O afundamento foi efetuado a uma
profundidade de 17 metros.
Os dois primeiros reboques não foram efetivos até à posição
pretendida, pois foram realizados contra a corrente e com condi- Colocação de contentores
ções de mar adversas, não permitindo que os balões aguentas-
sem todo o percurso no máximo da sua capacidade.
Em 18 de novembro, o Pico Douro foi reflutuado pela terceira
e última vez, tendo sido rebocado 5 milhas a favor da corrente,
para uma posição segura pré-definida no planeamento inicial,
1200 jardas a NE do Ilhéu das Cabras, onde foi afundado a 22
metros de profundidade. A embarcação encontra-se agora numa
zona com boa visibilidade, constituindo um local privilegiado
para o mergulho recreativo.
Foram necessárias 3 reflutuações para a remoção do Pico Dou-
ro da sua posição inicial até ao seu destino final. A fase de remo-
ção foi realizada em apenas 9 dias, com operações de reboque Montagem de amarras
que totalizaram cerca de 6 milhas de trânsito.
Em toda a missão foram utilizados 4 balões fechados de 10 to-
neladas de capacidade e 16 balões abertos de 5 toneladas de ca-
pacidade, além do restante equipamento de salvação marítima.
Foram contabilizados um total de 19.701 minutos de mergu-
lho, entre todos os mergulhadores do DMS2 intervenientes.
A operação foi concluída com sucesso, pois o Pico Douro dei-
xou de constituir perigo para qualquer tipo de navegação, permi-
tindo a entrada dos navios em segurança no porto comercial de
Ana Chaves.
Brandão Marques
CTEN 2ª Reflutuação
COMANDANTE DO DMS2
MARÇO 2017 15