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REVISTA DA ARMADA | 516

          NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA                                                                        59


          O LOUVOR





           “Apesar do progresso, e ainda mais numa especialidade altamente tecnológica como a minha, nunca vi, não conheço arma nenhu-
          ma, de qualquer natureza, seja medicamentosa seja instrumental, que faça anular a necessidade da compaixão”.

            João Lobo Antunes, numa entrevista em 2015 à revista E


            oda a gente sabe que gosto de escrever. Direi mesmo que   pessoal que sempre manifestou a todos os seus camaradas mé-
         Té a minha segunda natureza (depois de ser médico). Ora o   dicos e a este marinheiro em particular.
          escrito que hoje aqui trago irá soar a louvor (porque talvez o   Leitor atento destas “histórias da botica” sem jeito ou arte,
          seja), a um médico que conheci no Hospital das Forças Armadas   frequentemente contactava com um comentário encorajador,
          (HFAR), que passou recentemente à reserva.          uma palavra de apoio, uma demonstração de compaixão. Neste
           Trata-se de um neurocirurgião. Conheci-o em 2013, aquando   capítulo, aliás, poderiam ser dele as palavras daqueloutro neu-
          da minha vinda para o HFAR. Sendo um homem do Norte, achei   rocirurgião, seu antigo mestre, que acima se cita.
          que de certa forma era “um expatriado”, pois sempre achei que   Deseja-se ao Dr. Rui, homem empenhado e de ideais, cuja
          quem no Norte nasceu, tem valores próprios, nem sempre re-  carreira profissional ainda tem muitos frutos para dar, a melhor
          produtíveis entre nós, no Sul. Normalmente, ainda, esta heran-  das sortes. Teria sido isto que eu teria dito no jantar de home-
          ça associa-se a uma forma de estar direta e frontal, da qual o   nagem que lhe foi presenteado, se não me tivesse sido impos-
          Rui também deu sempre forte testemunho.             sível estar presente por motivo de força maior. Como não serei
           Sempre atarefado, o Dr. Rui era o único neurocirurgião militar   um grande orador, talvez assim soe melhor…
          do HFAR – uma especialidade de grande valia operacional, com   Os  seus  doentes,  certamente,  farão  pública  apreciação  do
          consequente procura – e de alguma forma o próprio sentia isso.   seu trabalho. Em regra, costuma ser tudo o que um médico,
          Consequentemente, sempre demonstrou uma dedicação extre-  com vários estilos e formas, é certo, procura atingir. Acrescenta-
          ma, materializada num mar de cirurgias e consultas e múltiplas   -se apenas que, também apesar de todas as evoluções no cam-
          outras tarefas administrativas, tão invisíveis como indispensá-  po da ciência, ainda não se inventou nada superior à amizade
          veis, numa instituição burocratizada como é a nossa.  para cimentar a relação entre as pessoas.
           Decidiu passar, precocemente, à Reserva. Não cabem aqui as   Fica, desta maneira, mais um abraço dos seus amigos do
          razões que terão motivado a sua saída, certamente pessoais e   HFAR.
          ponderadas. O que interessa é que vamos ter saudades dele. Da
          sua dedicação, da sua preocupação com os doentes e do apoio                                        Doc


          CONVÍVIOS


          NRP CASSIOPEIA – CONVÍVIO DA 1ª GUARNIÇÃO


           Realizou-se no passado dia 11 de novembro o primeiro encon-
          tro da 1ª guarnição do NRP Cassiopeia, Lancha de Fiscalização
          Rápida aumentada ao Efetivo da Armada precisamente em 11 de
          novembro de 1991.
           O convívio teve lugar num restaurante em Setúbal e contou
          com a presença de oito elementos. Passados 25 anos, num am-
          biente de boa disposição, evocaram-se alegremente as mais di-
          versas e inesquecíveis passagens, alicerçadas no espírito de mis-
          são, amizade e camaradagem. Parabéns, Cassiopeia!


          GUARNIÇÕES DA "MAGALHÃES CORRÊA"


           Convidam-se os Oficiais, Sargentos e Praças que tenham passa-  Quem nunca participou deve entrar em contacto com Zé de
          do pela Fragata Almirante Magalhães Corrêa, para o convívio da   Almeirim  939517794  /  243591551  ou  João  Faria  932252330  /
          mesma, a realizar-se, pela primeira vez em Almeirim, capital da   / 243689136.
          "Sopa da Pedra", em 29 de abril de 2017.              Programa a sair no Facebook.



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