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REVISTA DA ARMADA | 529
• Organização corresponde à forma como Fuzileiros portugueses. O pessoal é um elemento funcional nuclear do conceito DOTMLPI-I.
os elementos da força ou unidade militar
estão estruturados.
• Treino, aqui entendido de forma abran-
gente, incluindo: formação, treino indivi-
dual, treino coleƟ vo e exercícios. A edifi ca-
ção de uma capacidade deve contemplar
todo este espectro de treino.
• Material abrange todos os equipamen-
tos, instrumentos, aparelhos, peças, soŌ -
ware e sobressalentes requeridos para a
condução das operações.
• Liderança é o processo de infl uência
social que potencia os esforços dos elemen-
tos envolvidos, na consecução dos objeƟ vos
estabelecidos. A importância da liderança
está bem espelhada numa célebre frase de
Maurice de Talleyrand: “Tenho mais medo Foto SAJ A Ferreira Dias
de um exército de cem ovelhas liderado
por um leão, do que de um exército de cem
leões liderado por uma ovelha”.
• Pessoal corresponde aos recursos huma- todos os aspetos de políƟ ca de defesa nacio- ção. Concorrentemente, só considerando de
nos necessários para operar e manter a nal ou internacional, que podem afetar ou forma igualmente relevante todas as com-
capacidade em causa. cons tranger a implementação ou exploração ponentes é que se consegue desenvolver
• Infraestruturas inclui bases e instalações de uma capacidade. uma nova capacidade.
que suportam a capacidade. De qualquer maneira, parece-me que os Em segundo lugar e para fi nalizar, gostaria
• Interoperabilidade, que deve ser enten- elementos funcionais do conceito original de acrescentar que este conceito – além de
dida como uma componente transversal a DOTMLPI – com o acrescento da interope- extremamente úƟ l para o desenvolvimento
todos os outros elementos funcionais, pois rabilidade para o ambiente NATO – cobrem de capacidades – é um instrumento extraor-
tem que haver interoperabilidade de dou- todas as componentes mais importantes de dinário para praƟ camente qualquer tarefa
trina, de organização, de treino, de mate- uma capacidade. O que se ganha em acres- de planeamento. Com efeito, sempre que
rial, de liderança, de pessoal e de infraes- centar novos elementos perde-se ao compli- for necessário planear uma nova aƟ vidade,
truturas. car o conceito. pode ser extremamente úƟ l decompor o
A principal vantagem deste conceito é dei- Gostaria de concluir com duas considera- esforço a desenvolver nas componentes do
xar de entender as capacidades militares ções fi nais. DOTMLPI-I. Nalgumas vezes, não será neces-
como sendo consƟ tuídas apenas pelo mate- Em primeiro lugar, importa referir que não sário aplicar todos os elementos funcionais
rial que as corporiza, mas antes como um se deve olhar para os elementos funcionais individuais, mas, de qualquer forma, a apli-
conjunto agregado de elementos funcionais. de uma capacidade de forma isolada, mas cação desta ferramenta de planeamento
Com efeito, pode até discuƟ r-se a adição de antes em conjunto. Uma forma úƟ l de olhar abrirá caminho a aproximações interdisci-
outros elementos funcionais. Como vimos para este conceito é como sendo um pro- plinares e abrangentes aos problemas, alar-
acima, o conceito britânico TEPIDOIL incluía duto dos vários elementos funcionais (e não gando o esforço de planeamento a perspe-
a informação e a logísƟ ca (deixando de fora a como a sua soma). Neste entendimento, se Ɵ vas menos habituais e que são frequente-
liderança). Também os americanos já produ- se negligenciar um desses elementos fun- mente negligenciadas.
ziram uma variação do conceito inicial, acres- cionais, então o resultado será uma capaci-
centando-lhe a PolíƟ ca (Policy), dando ori- dade nula – aplica-se, pois, a propriedade do Sardinha Monteiro
gem a DOTMLPF-P, em que a Policy engloba 0 como elemento absorvente da mulƟ plica- CMG
Curso de liderança na Escola de Fuzileiros. A liderança é um elemento funcional fundamental no processo de edifi cação de qualquer capacidade.
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