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REVISTA DA ARMADA | 529
NRP ZAIRE
COOPERAÇÃO COM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
pós ter completado 46 anos de idade no dia 22 de dezembro Açores, o planeamento do navio foi efetuado tentando colocar o
Ade 2017, aproximava-se a data de largada do NRP Zaire para mar nos setores de popa, permiƟ ndo uma melhor estabilização do
o novo desƟ no, São Tomé e Príncipe. Navio habitualmente empe- navio. No dia 11 de janeiro o navio atracou de braço dado ao NRP
nhado a operar junto a zonas costeiras em missões de vigilância, Bérrio na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, onde realizou uma
patrulha e de segurança maríƟ ma, normalmente na Zona MaríƟ ma vez mais o reabastecimento de combusơ vel e descansou durante
do Norte ou da Madeira, estava agora designado para parƟ cipar dois dias até ao início da próxima Ɵ rada.
num projeto de cooperação para apoiar a Guarda Costeira de São Na terceira e úlƟ ma fase do planeamento de navegação, a mais
Tomé e Príncipe numa missão com duração prevista de um ano. complexa, realizou-se o trânsito de São Vicente até São Tomé e
Durante os dois meses que antecederam a missão, o navio efe- Príncipe, num total de 10 dias de viagem, percorrendo cerca de
tuou uma intensa preparação, que incluiu o ciclo de manuten- 2400 milhas.
ções e reparações prioritárias, o aprestamento ao nível do mate- No úlƟ mo ano e fruto das sucessivas e intensas missões realiza-
rial necessário para missão e sustentação do navio, um plano das pelo navio, não havia dúvidas da sua robustez e dureza, mas
de treino assisƟ do com a equipa de avaliação do CITAN (fase de um trânsito de 10 dias consecuƟ vos e em águas quentes apresen-
terra e mar), e a adaptação de uma nova lotação especial, com 10 tavam-se como um enorme e auspicioso desafi o. Além de inúme-
fuzileiros a integrarem e desempenharem as funções de bordo ros fatores, o controlo moderado da água de bordo (regime de
em cargos que, por detalhe, eram desempenhados por militares água fechada) e do combusơ vel era essencial para a segurança da
de outras classes. Ɵ rada, assim como o vento e mar de feição.
O NRP Zaire largou da BNL no dia 3 de janeiro acompanhado pelo O navio largou acompanhado do NRP Bérrio. Nos primeiros dias
NRP Bérrio, após uma cerimónia que fazia jus a mais de 46 anos a os ventos fortes e predominantes de Nordeste não permiƟ ram
desempenhar missões em território nacional. cumprir com o planeamento de navegação esƟ pulado, obrigando
O trânsito até São Tomé e Príncipe dividiu-se em 3 fases disƟ n- o navio a ganhar laƟ tudes sul, de forma a ter os ventos mais fracos
tas. Nos primeiros 3 dias o navio rumou ao porto de Las Palmas e aumentando as preocupações num trânsito que não Ɵ nha come-
com uma baixa pressão a aproximar-se e a ameaçar a chegada pre- çado da melhor forma. Finalmente, e como calculado, o vento
vista do navio a águas espanholas, pelo que foi decidido alterar o amainou e o navio conseguiu efetuar rumos Este, em direção ao
planeamento e aumentar a velocidade de forma a fugir ao mau desƟ no fi nal.
tempo que se aproximava. No dia 5 de janeiro o navio avistava as No entanto, a tarefa estava longe de ser fácil. Após 4 dias de trân-
luzes de Las Palmas, já sob efeito de ventos fortes de Oeste que sito ơ nhamos de reabastecer o navio em alto mar. Face às carac-
ainda deram mostras do temporal que se aproximava, atracando terísƟ cas dos navios, foi necessário planear o reabastecimento de
já perto da meia-noite e aguardando pela chegada do NRP Bérrio. braço dado com o NRP Bérrio, com este a pairar. Sendo esta uma
Após dois dias no porto de Las Palmas e efetuado o reabasteci- manobra não treinada nem Ɵ pifi cada para esta classe de navios,
mento do navio com recurso ao NRP Bérrio (de braço dado), avizi- foi escolhida uma área onde habitualmente, neste período do ano,
nhava-se a segunda fase da viagem, com mais de 1000 milhas por as condições de mar são geralmente boas e os ventos são fracos.
percorrer até à Ilha de São Vicente, em Cabo Verde. Ainda com a Estas condições permiƟ ram o reabastecimento em segurança.
predominância de ventos dos setores de Noroeste na ordem dos Com os tanques cheios de combusơ vel e as temperaturas quen-
25 a 30 nós e uma ondulação que se vinha a prolongar desde os tes da água do mar a rondarem os 30°C, foi necessário conƟ nuar
a monitorização permanente e conơ nua por
parte das equipas técnicas de bordo que foram
controlando e oƟ mizando os equipamentos.
No dia 22 de janeiro, às 09h00 locais, e 19 dias
após a largada do navio de Lisboa, a ilha de São
Tomé e Príncipe encontrava-se no nosso hori-
zonte. O NRP Zaire atracou no porto da Baía de
Ana Chaves, sendo recebido pelas enƟ dades
locais e prestado os cumprimentos protocolares
habituais.
Nas primeiras duas semanas deu-se início à
primeira fase de estabilização e permanência
do navio na área de operações, sendo necessá-
rio um esforço e empenho adicional de toda a
guarnição. Foram inúmeras as tarefas desempe-
nhadas nesta fase, desde os sucessivos desem-
barques de material proveniente do NRP Bérrio
(cerca de 80 toneladas). A instalação de duas
antenas HF na Guarda Costeira que permiƟ ram
restabelecer comunicações de rádio e voz com
cobertura em toda a Zona Económica Exclusiva
6 MAIO 2018