Page 29 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 536
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SUMÁRIO
NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA 74
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DOS FUZILEIROS 04
A GRANDE GUERRA… E O ARMISTÍCIO,
OS VALORES E MÉRITOS
700 Anos da Marinha – Cerimónia de Encerramento
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NRP Viana do Castelo. Frontex – Missão Lampedusa
QUE TARDA NA NOSSA ALMA…
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Lusitano 17
18 Cerimónia Militar
O mais antigo país colonizador da Europa dir-se-ia que ignorava ainda serem o clima e as doenças os piores inimigos a vencer em
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Direito do Mar e Direito Marítimo (13)
campanhas coloniais… Citação atribuída ao Dr. Pires de Lima, Médico Militar, In “Os fantasmas do Rovuma”,
24 Academia de Marinha a epopeia dos soldados portugueses na I Guerra Colonial, Ricardo Marques, junho de 2012
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enho cada vez menos tempo para ler. Faz-me falta. Ler dá
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BALANÇO DAS
Tsentido à vida, torna a angústia menos dolorosa e a alegria por florestas, rios e sertões… O livro também é sobre as pessoas,
sobre nós, os portugueses anónimos, exceto para nós mesmos
Novas Histórias da Botica (66)
ATIVIDADES 2017 – MARINHA
uma atitude de dentro, do nosso eu mais profundo, não ofen- e para as particularidades de uma situação (o ser militar), que
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Estórias (37)tura andar triste. A propósito do Armis-
siva para quem porven ainda hoje não tem par na exigência imposta.
tício e dos seus 100 anos, voltei a ler o livro mencionado acima. Naquele sentido, a cerimónia dos 100 anos do Armistício não
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Naquele livro estão descritos pareceu apenas celebrar os militares que lutaram nos vários
Vigia da História (97) os muitos sofrimentos do corpo
expedicionário português, que demandou África, na I Guerra campos, onde, ainda hoje, muitos estão sepultados. A cerimó-
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Desporto
Mundial. Lá se descrevem os múltiplos sofrimentos do soldado nia serviu também para celebrar os militares de hoje, que são
português, desde o enjoo e as doenças da longa viagem naval, herdeiros desses feitos de ontem… Também parece claro que a
32 doenças tropicais, das
até às Saúde para Todos (51) razão dos militares de outrora
quais ressalta a malária (ainda (o serviço da pátria) era
hoje Quarto de Folga tão válida no passado da 1ª
33 uma doença grave…), a
disenteria e múltiplas “chagas Guerra Mundial, como é hoje.
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Notícias Pessoais / Convívios
de pele” motivadas também As mesmas tensões político-
CC
pelas difíceis condições logís- -económicas, a mesma ambi-
Símbolos Heráldicos
ticas impostas àqueles milita- ção e cegueira correm hoje
BALANÇO DAS
pelo mundo. Outro conflito
res de antanho. Não é possí- ATIVIDADES 2017 – AMN 20
vel quantificar os sofrimentos de dimensões épicas pode
a que se sujeitaram aqueles acontecer, sem aviso nem
nossos avós, de cujos atos razão diferente… das razões,
valorosos todos – especial- antigas, que sempre toldaram
mente os militares – somos o coração dos homens… O
verdadeiramente herdeiros. mundo ainda tem que refazer
Perguntam-me muitas vezes: o seu próprio Armistício, que
o que é a Marinha? O que é às vezes parece tão distinto.
que vês nessa organização Aos portugueses mais é exi-
(subentende-se na pergunta gido. É exigido que façam um
que a Marinha será fria e distante, longínqua de emoções e outras armistício com os seus militares, que é o mesmo que fazer as
vontades da alma)? Porquê ficar numa organização assim? Na pazes consigo mesmos e com a sua história… Eu vou continuar.
verdade, muitos de nós, os médicos, foram sujeitos a questões Restar-me-á sempre a glória de – contando a minha própria his-
desta ordem, pelo menos durante um período, mais ou menos tória – não deixar no esquecimento os atos de muitos. Não foi
longo, da sua vida naval militar. A resposta é tão individual como uma tarefa que escolhi, foi uma combinação de marés, vento
Capa
quem a colocou? Para mim, a Marinha são as pessoas, e tem sido sudoeste e a procura, constante, de um horizonte longínquo.
Pelotão de Fuzileiros desfilando com o uniforme
a honra da minha vida contar as histórias e, sim, as ações valoro- Por vezes, tal demanda parece vazia, inútil, sem valorização aos
da Brigada Real da Marinha.
sas de muitos marinheiros, de hoje… olhos de outros. De outras vezes, sinto que o centro do mundo
Foto SMOR L Almeida de Carvalho
Ora, sabem os verdadeiros marinheiros há muito tempo, o mar foi reposto, como se de um cancioneiro antigo fosse buscar pala-
é como a vida. Tem altos e baixos, angústias, medos e euforias vras desconhecidas, para repor para muitos a verdade…
Revista da
desmedidas… O mar é um ser vivo, muitas vezes temperamen- Algumas vezes a navegar, num silêncio conquistado, deixava-
ARMADA sério e sisudo, sem vento, ou mensagem, só
tal, outras tantas, -me levar pelo balanço suave e pelo brilho do sol refletido no
azul. Noutras vezes calmo, levado por uma brisa suave, que nos mar, feito espelho gigante para os nossos sentimentos. Foram
Publicação Oficial da Marinha
Diretor
leva ao fundo da alma e faz sobressair a poesia da vida. Por toda Desenho Gráfico E-mail da Revista da Armada
momentos sem preço, que nos elevam a alma e me ajudam no
Periodicidade mensal
CALM EMQ João Leonardo Valente dos Santos
esta complexidade, compreenderá a esta altura o leitor, é difícil ASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria revista.armada@marinha.pt
ra.sec@marinha.pt do mundo… A ver-
meu próprio Armistício com a inconstância
Nº 525 / Ano XLVII
Chefe de Redação
explicar a outros o que é ser marinheiro…ou as razões da minha Administração, Redação e Publicidade Paginação eletrónica e produção
dade, essa, é que o mar é como a vida, inconstante, severo, ou
Janeiro 2017
CMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira
Revista da Armada – Edifício das Instalações
ligação naval… Redatora Centrais da Marinha – Rua do Arsenal Página Ímpar, Lda. marinheiros que
bonançoso… Assim diriam também os muitos
nos antecederam, que no mar e na terra combateram…
Nesta segunda leitura do livro, tive também a certeza de que o 1149-001 Lisboa – Portugal Estrada de Benfica, 317 - 1 Fte
1TEN TSN -COM Ana Alexandra G. de Brito
Revista anotada na ERC
Depósito Legal nº 55737/92 especialmente nos pormenores técnicos do
autor não se focou Secretário de Redação Telef: 21 159 32 54 1500-074 Lisboa
SMOR L Mário Jorge Almeida de Carvalho
Doc
ISSN 0870-9343
corpo expedicionário que combateu no Norte de Moçambique, Tiragem média mensal: 4000 exemplares
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