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REVISTA DA ARMADA | 549







              ACADEMIA DE MARINHA




              SESSÃO SOLENE DE ABERTURA DO

              ANO ACADÉMICO



                ob a presidência do Chefe do Estado-
              S-Maior da Armada, Almirante Men-
              des Calado, teve lugar em 7 de janeiro,
              no Auditório da Academia de Marinha, a                                                                  Fotos SAJ ETC Silva Parracho
              Sessão Solene de Abertura do Ano Acadé-
              mico, com a apresentação da comunicação
              “As anƟ gas ordens militares, uma refl exão
              geopolíƟ ca”, pelo Dr. Jaime Gama.
               Após agradecer ao Almirante CEMA o
              ter aceitado presidir à Sessão de Aber-
              tura do Ano Académico, o Presidente da
              Academia de Marinha, Almirante Vidal
              Abreu entregou o diploma de Membro
              Honorário ao CALM, Engenheiro Cons-
              trutor Naval, Rogério d`Oliveira, quarto
              Presidente desta Academia, que durante o período da sua presi-  Sant’Iago da Espada) e nos restantes reinos da Península Ibérica
              dência de cerca de 18 anos, foi o grande responsável pela trans-  (Ordens Militares de SanƟ ago, Calatrava, Montesa e Alcântara)
              ferência da   Academia de Marinha para o espaço onde se encon-  inspiraram-se, por seu turno, nas ordens militares criadas no Reino
              tra atualmente.                                     de Jerusalém no século XI para defesa da Terra Santa – a Ordem do
               Seguidamente, usou da palavra o Chanceler das AnƟ gas Ordens   Hospital de S. João de Jerusalém e a Ordem dos Templários”.
              Militares, Dr. Jaime Gama, que na sua comunicação lembrou que   No século XVI, com o fi m da Reconquista no território portu-
              as AnƟ gas Ordens Militares são o testemunho da tradição secular   guês, as ordens militares perderam autonomia ao entregarem a
              de que são herdeiras as Ordens Honorífi cas Portuguesas. Muito   sua administração à Coroa.
              embora conservem a anƟ ga nomenclatura de «Ordem Militar»,   Em 1789, durante o reinado de D. Maria II, deu-se a exƟ nção das
              trata-se hoje em dia de uma designação que pretende destacar o   ordens e a transferência dos seus bens para a Coroa. As Ordens
              carácter histórico que lhes está associado.         passaram a ser meramente honorífi cas, assentes no mérito indi-
               De referir que o livro Ordens Honorífi cas Portuguesas, publi-  vidual.
              cado pela Imprensa Nacional de Lisboa, em 1968, cita que “(…)   Após a implantação da República, algumas das ordens vigen-
              as ordens monásƟ co-militares que lhes deram origem foram cria-  tes sob o deposto regime monárquico foram exƟ ntas, apenas se
              das na Idade Média, com a aprovação do Papa e com a proteção   tendo manƟ do a Ordem Militar da Torre e Espada.
              régia, visando tomar parte aƟ va na Reconquista, à qual deram     Mais tarde, já em 1917, foi reformulada e restabelecida a
              um contributo decisivo.                             Ordem Militar de Avis e no fi nal da Grande Guerra, em 1918,
               As ordens monásƟ co-militares criadas em Portugal (Ordens   foram restabelecidas a Ordem Militar de Cristo e a Ordem Militar
              Militares Nosso Senhor Jesus Cristo, de São Bento de Avis e de   de Sant’Iago da Espada como Ordens Honorífi cas, tendo como
                                                                          Grão-Mestre o Presidente da República.
                                                                           Assim, são quatro as AnƟ gas Ordens Militares com
                                                                          insígnias específi cas, consagradas na Lei das Ordens
                                                                          Honorífi cas:  a  Ordem Militar da Torre e Espada, do
                                                                          Valor, Lealdade e Mérito; a Ordem Militar de Cristo; a
                                                                          Ordem Militar de Avis e a Ordem Militar de Sant’Iago
                                                                          da Espada.
                                                                           A terminar, salientou a importância da  “dimensão
                                                                          protocolar de que se revestem hoje as anƟ  gas ordens
                                                                          militares, enquanto ordens honorífi cas, no contexto
                                                                          medieval europeu e peninsular da época em que foram
                                                                          insƟ tuídas, centrando a sua análise no papel desem-
                                                                          penhado pelas anƟ gas ordens religiosas militares na
                                                                          formação do Estado Português”.

                                                                                         Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA


              24   MARÇO 2020
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